nick & kathy

2

— Oi, garota que eu atropelei hoje de manhã.

— Garoto que eu matei em pensamento hoje de manhã.

— Ai, não precisa disso. — Nick cruzou os braços e encostou na parede.

A garota revirou os olhos e continuou comendo. Nick apenas a observou. Era estranho, todas as garotas estavam tão produzidas, quase irreconhecíveis. Mas ela não, poderia dizer que ela era desleixada, só que não era assim que Nick a via. Sua beleza era única, e ela sabia disso, era segura e não precisava usar toneladas de pó para se sentir bonita. Olhando mais de perto era possível ver suas orelhas pontudas que combinavam com o nariz fino. Ela tinha uma linhagem élfica mais forte, deve ser por isso que usava um vestido curto de alça fina sem tremer um músculo.

— Ugh, olha aquelas garotas — disse ela.

— Por que não se candidatou?

— Por que ninguém liga para a irmã da Alina. Eu seria ofuscada por aqueles cabelos prateados. Sem contar que eu acho isso tudo uma bobagem, qualquer garota deveria ter o direito de colocar a estrela tanto quanto elas.

— Eu votaria em você. Alina me parece um pouco pálida demais.

— Você é gentil. Meu nome é Kathy.

— Nick.

— Então, Nick. Me acompanha em devorar essa comida?

Ele assentiu e pegou um prato. Os dois fizeram uma montanha de comida e foram em direção a mesa mais reservada. Por um tempo não falaram nada, apenas comeram, apreciando o sabor de cada alimento. A equipe de cozinha nunca deixava a desejar. Nick olhou para a tela com a votação, Alina estava vencendo por pouco de Jess, uma menina com pele e cabelo escuros. E Sarah em terceiro lugar, coitado do John. E então os votos para Jess aumentaram e Alina ficou em segundo. Ficou nisso por um tempo, até que Jess foi coroada e Alina deixou o palco como um touro bravo. Kathy caiu na risada e Nick a acompanhou.

— Torci por isso a vida toda... — Kathy disse, limpando as lágrimas.

— Porquê? Ela é sua irmã.

— Ela é uma esnobe. É bom pra aprender que não é a mais bonita do Pólo.

— Tem razão. Você que é.

— Vai me dizer que você não acha os cabelos dela um rio de prata, ou estrelas em forma de fios de cabelo ou um beijo gelado da neve brilhante. — Kathy imitou alguém, provavelmente vários garotos e algumas garotas.

— Eu sempre preferi o beijo quente da lava — disse e tocou os cabelos de Kathy.

A conversa silenciou e todos os olhos foram postos em Jess sendo levada por uma das renas para o topo da árvore. A estrela foi posta e as luzes ligadas, dando, oficialmente, início ao baile de véspera. A primeira banda começou a tocar, eles tinham um estilo eletrizante que deixava qualquer um animado.

— Vamos dançar? — perguntou Kathy, e antes de Nick ter a oportunidade de responder ela continuou. — Quer saber, me encontra lá que eu vou pegar umas bebidas.

— Certo.

Nick ficou um pouco confuso, Kathy era totalmente diferente. Em todos os aspectos. Sem saber o que esperar ele precisava tomar cuidado, essa garota era um furacão e ele simplesmente uma árvore em seu caminho.

🎄🎄🎄

— Preparado para o soco? — John pendurou-se em seu irmão, claramente já bêbado. — Ela te deixou no chão!

— Para com isso. Ela só foi pegar umas bebidas e vai voltar.

— Você espera que sim né! Vou lá, minha princesa me espera...

John saiu cambaleando e se jogou em cima de Sarah, quase levando os dois pro chão. Nick seguiu para a pista de dança, sempre de olho em Kathy. Uma parte dele sabia que o irmão tinha razão, estava com um pouco de receio que ela não voltasse. E então ele fechou os olhos e se deixou levar pelo ritmo dá música, a batida fazia seu corpo inteiro vibrar e por um instante, tudo parecia certo.

— Não sabia que você dançava.

Nick abriu os olhos e viu Kathy, segurando dois copos. Um sorriso tomou os lábios de ambos e tornou o momento um pouco constrangedor.

— Existem várias coisas que você não sabe sobre mim.

Nick pegou o copo e bebeu sem se importar com o conteúdo.

— Tipo o que, senhor misterioso?

— Vai ter que ir descobrindo...

Uma sobrancelha arqueada e sorriso de canto, foi assim que dançaram juntos pela primeira vez. Dançaram e beberam a noite inteira, nunca deixando a companhia um do outro. Ao final do baile, todos já haviam deixado o salão, exceto Nick e Kathy, que estavam deitados debaixo dá árvore. Os primeiros galhos só começavam a uma distância razoável do chão, então era bem simples ficar deitado ali.

— Quais enfeites você pendurou na árvore, Nick?

— Não pendurei esse ano.

— Não tem nada que você queira lembrar? — Kathy virou o rosto e observou o garoto ao seu lado.

— Esse ano foi bem, péssimo. E você, Kathy?

— Pendurei duas bailarinas. Uma para me lembrar do meu sonho e outra para me motivar a nunca desistir.

Nick virou o rosto e sorriu ao encontrar seu reflexo refletido naqueles olhos verdes mais uma vez.

— Sério, nada sobre garotos?

— Tá brincando né? Claro que não! Isso não é uma coisa que você precise desejar. Vai acontecer uma hora ou outra, e tem que ser natural, se não nem vale a pena tentar.

— Bom, acho que terei que tirar o enfeite que coloquei. Só não coloquei o de recordação. Mas de desejo, pendurei uma pequena garrafinha com um papel enrolando lá dentro.

— O que você escreveu? — Kathy sorriu, já imaginando a resposta.

— Encontrá-la.

— Ah, não! Fala sério, Nick!

Eles caíram na risada pela segunda vez. Essa garota era incrível, e Nick sabia disso. Queria fazê-la sua princesa de neve, mas pelo jeito essa não seria uma tarefa simples. Kathy não dava a mínima para garotos e essas baboseiras. Uma qualidade que tornava tudo mais complicado. Tudo que Nick sabia sobre garotas não se aplicava a essa, mas havia algo que poderia funcionar.

— Nick.

— Sim?

E antes que ele pudesse tomar a iniciativa, Kathy chegou mais perto e lhe beijou. Porém Nick não deixou transparecer insegurança, retribuiu o beijo com precisão. Os lábios de Kathy eram gélidos e macios e se encaixavam perfeitamente nos dele. Ele levou as mãos para a cintura dela e a puxou para perto, colando seus corpos. Kathy soltou um suspiro e isso serviu de incentivo para Nick continuar.

Descendo a boca pelo pescoço dela, enquanto a mesma passava a mão por seus cabelos, bagunçando totalmente o penteado. Ambos completamente entregues aquele momento, nem viram o tempo passar. A mente um pouco avoada pelas bebidas. Corpos pedindo por atenção. Olhares de desejo e respirações ofegantes. A noite do baile de véspera nunca ficará tão quente quanto este ano.