A importância do solo.

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O solo é a parte mais vital para o desenvolvimento de toda a natureza. Ao contrário do que muitos pensam, ele não se trata apenas de terra e raízes de plantas: compondo o solo existe todo um complexo ecossistema vivo e dinâmico, interagindo entre si e desempenhando funções vitais das quais depende toda a fertilidade e sobrevivência daquele solo, como a decomposição e conversão da matéria orgânica morta e minerais em nutrientes aproveitáveis para as plantas. São bactérias, fungos, pequenos invertebrados e vários seres vivos que ajudam a formar essa estrutura viva, que é a chave para a produção agropecuária e por isso uma questão de segurança alimentar.

As trocas de nutrientes entre matéria orgânica, água e solo são essenciais para a fertilidade do solo e devem ser mantidos para fins de produção sustentáveis. Nos locais onde o solo é explorado para a produção agrícola sem que seja restaurada a matéria orgânica e os nutrientes, mantendo uma boa estrutura, os ciclos de nutrientes são quebrados, há um declínio da fertilidade do solo e todo o equilíbrio no agroecossistema é destruído.

O processo de formação do solo pode levar milhares de anos para acontecer. Um único centímetro de solo de qualidade chega a demorar até 400 anos para se formar! No entanto, o homem consegue destruí-lo em segundos, seja com queimadas, com as práticas contemporâneas de agricultura baseadas em monoculturas e no uso indiscriminado de agroquímicos que, para todos os microorganismos que vivem no solo, funcionam como se fosse uma verdadeira "bomba mortífera" quando são despejados na terra, matando a própria vida que caracteriza sua maior riqueza, força e fertilidade – uma vez que é exatamente desses microorganismos, e de suas interações, que depende a qualidade do solo, que seria convertido em vida e valor nutricional para as plantas.

A existência da matéria orgânica no solo é indispensável para um bom manejo agroecológico, assim como para as plantas e animais. Com isso, a capacidade produtiva do solo pode ser mantida em longo prazo, diferentemente do que acontece na produção convencional, onde a reposição de nutrientes está condicionada a adubação química. A matéria orgânica melhora a capacidade de retenção de umidade entre diversos outros fatores ligados a biologia, física e química da terra.

O processo de ciclagem de nutrientes está condicionada ao velho ditado: "na natureza, nada se perde, tudo se transforma". Assim, os nutrientes na natureza fazem parte de um ciclo e permanecem dentro do ecossistema. Quando uma planta morre, dá-se início a decomposição e com isso, diversas reações acontecem e essa mesma planta, agora transformada em matéria orgânica e nutrientes a partir de uma grande interação, volta para as plantas ou animais em forma de alimento.

A fertilidade do solo dever ser atribuída à capacidade do ecossistema em gerar vida de forma sustentada. A concepção antiga que a fertilidade do solo dependia exclusivamente da química já há anos vem mostrando ser equivocada. Um ecossistema é definido por componentes vivos e não vivos e pela sua capacidade de gerar vida. Os fatores para isso são suprimento de luz, água, oxigênio, carbono, nutrientes minerais, combinados no caso do agroecossistema, as boas práticas no manejo do solo e sua fertilidade.

Na agroecologia estas práticas são trabalhadas a partir do uso de compostagem, adubos orgânicos, adubos verdes, consórcios diversificados e rotação de plantas. Podemos sim, utilizar o exemplo de uma floresta e toda a sua interação, entre solo, plantas e animais, demonstrando sua grande biodiversidade e equilíbrio.

O solo é também um corpo com grande espaço poroso aonde armazena imensos volumes de água das chuvas que venham a se infiltrar, garantindo vida às plantas e regulando a vazão das nascentes e rios. Além disso, quando a água da chuva se infiltra e atravessa o solo, é depurada, uma vez que o solo é o maior e melhor depurador de águas do planeta. Isso garante uma água de excelente qualidade nas nascentes.

Outra função importante exercida pelo solo em favor da humanidade é o de ser capaz de reduzir a emissão de gases de efeito estufa ao servir como dreno de carbono. Isso é bom tanto no sentido de retirar carbono da atmosfera como de melhorar o solo, com reflexos na produção de alimento e qualidade da água. Devem ser mencionadas ainda como funções importantes do solo: a de dar sustentação às edificações, conservar a biodiversidade e servir de registros da marcha cultural e histórica da humanidade, e tantas outras.

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