Ana
Depois do jantar arrumamos a cozinha e ficamos tomando um vinho, jogando conversa fora. Eu era fraca para bebida alcoólica, e assim que perceberam que eu estava sonolenta, os meninos foram embora. Acabei dormindo ali mesmo, pois havia ficado tarde.
Heitor arrumou a cama e colocou uma animação na TV. Sorri e deitei em seu peito.
– Se alguém descobrir que você é viciado em filminho de princesa da Disney, sua postura de pegador frio e calculista cai rapidinho. – provoquei.
– Qual é, sabe que odeio, nem mesmo assisto. Só coloco porque você é uma menininha mimada que só dorme assim. – ele fingiu indignidade.
– Claro, claro. E o que você tem a dizer sobre eu ter te pegado cantando "Let it go" essa semana?
– Que você tem problemas de audição. Dá uma passada no hospital amanhã para eu fazer uma consulta.
Gargalhei e me aconcheguei mais a ele.
– Cínico. Mas relaxa que, por hora, seu segredo está bem guardado. Vamos barganhar isso depois.
– Golpista. Agora, aproveita o sono dos deuses que você sempre tem quando dorme comigo. Hoje é de graça.
– Caralho, seu ego inflado está me sufocando nesse quarto. E não ouse me acordar com seu ronco. – Ameacei, dando um soquinho em seu abdome.
– Deixa de ser chata, garota. Não abusa da minha caridade.
Ele abaixou a temperatura do ar condicionado, nos cobriu com o edredom e beijou minha testa. Em menos de dois minutos, ele levantou novamente, acendeu a luz do closet e voltou para cama.
Sorri agradecida. Eu tinha pavor de lugares escuros, Heitor sempre deixava a casa a meia luz.
Eu não conseguia acostumar com esses gestos de cuidado dele, mesmo com o passar dos anos. Ficava com um sorriso abobalhado no rosto e o coração aquecido.
Apesar de sonolenta pelo vinho, fiquei escutado sua respiração lenta por um tempo antes de enfim pegar no sono.
No dia seguinte, acordamos cedo, pois os pais do Heitor carinhosamente exigiram que fossemos tomar café da manhã com eles. Sorri ao lembrar da ligação. Henrico e Milena eram forças da natureza, e duas das melhores pessoas do mundo. Eu os considerava minha segunda família e os adorava.
Antes de chegarmos ao nosso destino, meu motorista particular metido a melhor amigo parou em minha casa para que eu tomasse banho e trocasse de roupa.
– Não esquece de pegar roupas para deixar no apartamento. Ou vou ser obrigado a andar por aí sem camisa. – Atazanou ele, me fazendo ser obrigada a revidar.
– Você adora se exibir, safado. E adora me ver com suas camisas. Eu fico linda. O sonho de qualquer homem é ter o privilégio que você tem.
Ele sorriu e bagunçou meu cabelo, ciente de que eu odiava.
– Deixa de ser metida, marrenta. Vou comer aquele pãozinho que a Lucy faz só para mim. – Ele referiu-se a nossa cozinheira. – Você tem dez minutos.
– O povo dessa casa te mima demais, é por isso que está folgado desse jeito. E eu terei o tempo que quiser no banho.
Ele me ignorou e saiu pela casa chamando pela minha mãe. Subi as escadas ouvindo-a se derreter de amores pelo "príncipe" dela.
Puxa saco!
Mais difícil do que fazer eu superar nossa história de amor inexistente, era conseguir que nossos pais entendessem que seria apenas amizade.
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O jeito que me Olha - Disponível na Amazon
RomanceAna Riley é uma mulher com uma missão: conquistar seu melhor amigo. Cansada de esperar dia após dia que seu conto de fadas aconteça naturalmente, ela decide dar uma forcinha ao destino ao traçar um plano: fazer com que o homem que ama perceba que s...