A Garota dos Bastidores II

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Enquanto o carro avançava eu só conseguia pensar na doença da minha mãe e (sei que é horrível)em quanto tempo que ainda lhe restava, seu câncer de mama só sabia avançar por mais que ela tratasse. Ela tem orgulho de suas filhas, uma cantora e outra compositora, sempre diz que se morresse no dia seguinte iria morrer feliz, pois sabia que seu dever como mãe fora concluído.
Hanna e eu discordanos completamente.
"Rápido, por favor." digo ao motorista.
Dois anos tendo que correr para vários hospitais afim de ver minha mãe internada, lutando para viver, tudo o que eu quero é vê-la como era antes do câncer, feliz e linda como sempre foi.
O taxi para em frente ao hospital,pago o motorista e saio em disparada para dentro do hospital.
Chego na recepção e furo a fila para falar com a recepcionista. Algumas pessoas reclamam mais ignoro.
"Com licença, pode me informar a localização do quarto de Agnetha Larsson,por favor?"
A recepcionista digita algumas palavras em seu computador e me informa "Quarto 8, segundo andar, mais não sei se a senhora Larsson tem permissão para visita receber visitas no momento..."
"Eu digo que ela tem."
Começo a caminhar em direção ao elevador e entro impaciente. Meus olhos já estão se enchendo de lágrimas antes de ver minha mãe.
O elevador se abre e eu vou em direção ao quarto número 8, ignoro as enfermeiras que tentam me parar no caminho. Paro na porta do quarto e respiro fundo algumas vezes, não posso chorar. Preciso ser forte por minha mãe e minha irmã, elas precisam de mim e não irei decepcioná-las.
Abro a porta e me deparo com minha irmã sentada ao lado da cama da minha mãe chorando.
Me viro para encarar minha mãe, seus olhos estão fundos e sua pele mais branca do que nunca, sem contar que ela esta cada vez mais magra.
"Oi, minha linda." ela diz sorrindo tristemente para mim.
"Oi, amor." eu lhe digo retribuindo o sorriso e caminhando até minha irmã "Hanna, por que você não vai tomar um copo da àgua?"
Hanna limpa o nariz com a manga da blusa "Ok, obrigada... Por vir, irmã."
Sorrio gentilmente para ela "Por nada, mana, me deixa conversar com a mãe agora."
Hanna saí e por um momento me concentro apenas no ruído de seu salto se afastando devagar e sumindo no fim do corredor. Minha mãe suspira alto.
"Sua irmã tem sorte de ter você."
"Eu é que tenho sorte de tê-la."
"Por que?"
"Porque tendo ela, uma garota bonita e normal na minha vida, posso provar para as pessoas que há alguém plenamente feliz na minha família."
Minha mãe ri "Eu sou feliz por vocês terem uma a outra, assim quando eu me for vocês não ficaram sozinhas..."
"Ninguém vai pra lugar nenhum mãe, você vai se tratar e nós vamos ficar todas juntas."
"Amor, pof favor, enfrente a realidade..."
"Não. Você tem que viver mamãe, tantas pessoas ruins no mundo,por que logo você? Me diga, por que?"
"Porque sou eu quem tem câncer, não eles. E você deve ser forte, como você é, como você sempre foi, Zara!"
Eu estava chorando, as lágrimas desciam como se não tivessem fim, prometi ser forte por todos ali, mais até os mais fortes tem que chorar de vez em quando.
"Não consigo mais vestir essa armadura e fingir que vai ficar tudo bem, pode ser que eu também precise chorar, não posso bancar a mãe da Hanna o tempo inteiro!"
Mamãe também chorava agora "Eu sei, sei que você precisa chorar de vez em quando, mais a Hanna..."
Bufei "Claro! A Hanna sempre vem primeiro, e os meus sentimentos?"
"Peço pra você. Estou pedindo pra você cuidar da sua irmã."
Fiquei em silêncio por um momento.
"E eu, mãe, quem vai cuidar de mim?"

***

Já no meu apartamento, retiro meus saltos e me jogo no sofá cansada, tanto fisicamente quanto mentalmente, precisava de um drinque e uma barra de chocolate bem gordurosa.
Meu celular toca, é a Dinah.
"Oi?" digo num suspiro.
"Que voz de gente morta é essa?"
"Minha mãe. O câncer dela tá avançando e eu tenho que ficar sentada observando ela se aproximar ainda mais da morte."
Dinah fica em silêncio por um segundo "Sinto muito."
"Não sinta, é inevitável."
"Bem... Posso te dar uma boa notícia? Pode?"
Suspiro e tento sorrie pro nada "Pode."
"Falei sobre a música com os produtores aqui da gravadora!"
Me sento rápido no sofá "Cala a boca!"
"Calo nada! Sabe o que eles disseram? Que entrariam em contato com um cantor latino, Maluma, porque ele está à procura desse tipo de música, só que você teria que viajar para a Colômbia e conversar pessoalmente com o Maluma..."
Penso um pouco e digo "Maluma? Que tipo de nome é esse?"
"Porra, Zara, você tá bêbada? Vai ou não aceitar a proposta?"
Se eu aceitar teria que viajar e deixar minha mãe e irmã para trás... Porém eu preciso me afastar de tudo e respirar um pouco. Essa viagem não deve durar mais de uma semana de qualquer forma.
"Pode ser,eu aceito."

 

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⏰ Última atualização: Dec 27, 2016 ⏰

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