Eu e o tempo

Quando foi que eu cresci?

Eu sei que um dia eu estava no meu computador, com minha internet que só sabia cair, jogando Habbo e escutando Pitty só para aparecer no meu subnick do MSN, e quando me dei conta, eu estava no meu notebook, vendo quando seria o primeiro dia de aula da faculdade, colocando currículo em algumas empresas e recebendo e-mails de empresas querendo me oferecer cartão de crédito.

Sabe o mais engraçado? Me lembro de passar toda minha infância esperando esse momento, nossa, como eu queria ter 18 anos para poder virar a noite no computador, não ir mais a escola ou então poder passar por cima das ordens da minha mãe, porquê não? Mas sabe o engraçado? O engraçado é que agora que esse momento chegou me bateu uma saudade de tudo aquilo que eu era antes.

Sim, bateu saudade, saudade de ir pra escola, de ter um tênis de rodinha ou aquele que pisca, aliás, me lembro de andar igual um soldado, (batendo os pés no chão com tanta força, tudo para fazer ele piscar), bateu saudade de assistir o programa da Xuxa, de assistir aquelas novelas infantis que hoje em dia todos tem vergonha de dizer que alguma vez já assistiu, mas se você cantar apenas um trecho da música a pessoa já completa o resto (Tudo, tudo, tudo, é teu é só querer...)

E como não lembrar dos sonhos que foram deixados para trás? Quem iria acreditar que aquela criança de 6 anos que queria ser astronauta, aos 10 iria querer ser cantor (E não, eu não sei cantar nem um pouco), aos 12 resolveu ser ator, aos 16 resolveu que queria trabalhar com crianças pequenas e fazer pedagogia (porém com 17 descobriu que não tinha paciência com criança pequena e mudou para letras), ia na verdade terminar com 18 anos fazendo uma faculdade que ele nunca se quer imaginou e nem sabia que existia.

Sim, Heráclito estava certo. E não, Heráclito não é um nome sexual (me lembra Clitóris), quando falo sobre Heráclito me refiro ao filósofo, aquele que diz que "para ele tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo. O ser não é mais que um constante vir-a-ser. A vida é um fluxo constante"

Fluxo esse que acontece bem na nossa frente, e só nos damos conta quando tudo parece que vai desmoronar. Desmoronar pois não sabemos mais se vamos fazer algo da nossa vida, desmoronar pois não sabemos se vale a pena voltar com aquela pessoa que dizia te amar e se foi tão facilmente, que lhe deixou aquela dúvida de "será que tudo que passamos realmente existiu?".

Enfim, essas dúvidas e arrependimentos vão permanecer sempre com a gente, mas eu acredito que ainda existe tempo, tempo de mudar, tempo de correr atrás daquele sonho, (e não, eu não vou ser um astronauta), tempo de perceber que alguns sonhos valem a pena ser deixados para trás, porém nunca esquecê-los, pois um dia vamos olhar para trás e rir de tudo isso, pois é como diz Sócrates: Só sei que nada sei.