Um pássaro cantava, preenchendo a manhã, enquanto permanecia sobre a mesa
branca.
Com a sua mão direita estendida silenciosamente, os dedos finos dela tocaram
gentilmente as penas cor de jade do pássaro, que instantaneamente tomou voo sem nenhum
som. O pássaro desenhou um arco no ar, batendo suas asas em direção ao sol brilhante.
Levantando-se da sua cadeira, ela tomou alguns passos para frente, como se quissesse
seguir aquela ave, mas ao invés disso, com uma faísca, uma gaiola de ouro apareceu,
bloqueando seu caminho. O pássaro continuou a voar em direção da sua liberdade. Mais alto e
mais alto, cada vez mais distante, indo para longe, para qualquer lugar.
Asuna permaneceu assistindo aquele pássaro tornar-se cada vez menor, até que ele se
juntou as cores do céu, então ela lentamente retornou para sua cadeira e sentou-se.
A mesa e as cadeiras, feitas do mais puro branco, eram frias e duras. Ao lado da mesa e
das cadeiras estava uma cama luxuosa da mesma cor. A mobília era a única coisa que existia
nesse “quarto”, se você pudesse chamá-lo disso...
O chão estava coberto por lajes que brilhavam no mesmo branco. Andar de um lado
para o outro levava meros vinte passos, mas esse quarto redondo era cercado por grades
brilhantes de ouro. As barras da prisão eram espessas o suficiente para que Asuna as
atravessasse, mas o sistema tornava a fuga impossível.
As barras de ouro se estendiam para cima, formando uma cúpula. Um grande anel se
estendida no topo daquela cúpula, e um grande galho de uma àrvore o atravessava, sendo o
suporte para toda a estrutura. O galho se estendia até o céu e era parte de uma gigantesca
àrvore.
Em outras palavras, esse estranho quarto era na verdade uma prisão. Era uma gaíola de
um pássaro em uma escala inimaginável, mas aqui os pássaros eram livres para ir e voltar. A
única pessoa que permanecia em cárcere era Asuna. Então, isso deveria se chamar uma prisão.
O quarto era luxoso, elegante e belo, mas ainda assim era uma fria prisão.
Cerca de sessenta dias tinham se passado desde que Asuna acordou neste lugar. Bem,
isso não é sequer um número confiável. Não há nada com o que marcar nesse lugar. Os dias
pareciam ser bem mais curtos que vinte e quatro horas. Mesmo assim, o seu relógio interno a
fazia acordar independendente de ser dia ou noite.
Depois de caminhar, ela se perguntava quantos dias tinham se passado mas,
ultimamente, ela não conseguia sequer ter certeza do número. Tudo que ela sabia era que ela
esteve repetindo o mesmo dia muitas vezes, ou talvez até muitos anos tenham se passado.
Quanto mais tempo ela permanecia presa aqui, mais as memórias do tempo em que ela
passou com «ele» pareciam desaparecer.
Naquele instante...
Quando Aincrad estava desaparecendo, quando o mundo estava cercado por uma
explosão de luz. Antes desaparecer, Asuna e Kirito haviam se abraçado e esperado pelo
momento em que eles perderiam a consciência.
Ela não sentiu medo. Havia a convicção de que o que ela havia feito e vivido foi uma
vida sem arrependimentos. E desaparecer junto a ele fora algo gratificante, Asuna pensou.
Presos junto a luz com suas almas interligadas. Isso fez com que seus corpos terem
desaparecido não importasse.
Quando o calor dele desapareceu, Asuna se sentiu cercada pela escuridão. Ela tentou
estender sua mão, desesperada, chamando por seu nome. Mas ela era cada vez mais levada
por uma torrente incansável que a jogava dentro da escuridão. Então, houveram intermináveis
flashes de luz. Não sabendo para onde ela estava sendo levada, Asuna gritou. Finalmente, uma
luz arco-íris apareceu na sua frente. A luz irisdecente se envolveu nela, e ela caiu neste lugar.
Segurando-se em um muro e preso junto a cama de estilo gótico estava um gigantesco
espelho. Refletido ali, estava uma forma um tanto diferente da que ela conhecia. O rosto, o
cabelo castanho, tudo isso era igual a antes. Mas ela estava vestindo um pálido vestido branco
que ela pensava ser frágil. Decorando no alto do vestido, logo acima do peito estava uma fita
carmesim. O frio a atingia por causa de seus pés descalços que pisavam naquele mármore. Ela não tinha uma arma sequer nas costas, mas uma misteriosa substância transparente que se
estendia por suas costas e tormavam a forma de asas. Elas eram mais parecidas com asas de
insetos do que de pássaros.
No começo, ela realmente pensou que estava na vida após a morte. Mas agora, ela
entendia que não era nada disso. Quando ela tentou mover sua mão, ela foi capaz de chamar
um menu. Essa não é Aincrad, mas um mundo ilusório novo, uma prisão virtual gerada por
computadores. Asuna estava presa pela malícia dos homens.
Se este era o caso, então ela não deixaria se dar por vencida. Sua mente se recusava a
se quebrar por causa dessa malícia. Lembrando-se disso, Asuna resistiu a solidão e a ansiedade
dia após dia. Mas agora, sua determinação começava a sucumbir. O desespero lentamente
entrava em seu coração.
Asuna estava sentada naquela cadeira fria, com suas mãos cruzadas sobre a mesa, ela
sentiu um algo se agitar em seu coração enquanto pensava nele.
‘Rápido... Venha me salvar rápido, Kirito-kun...’
“Essa é a mais bela das expressões, Titania.”
Subitamente, uma voz soou de dentro da gaiola do pássaro.
“É o rosto de alguém prestes a chorar. Eu gostaria de congelar essa expressão e fazer
um retrato dela.”
“Então vá em frente e faça.”
Asuna disse, virando seu rosto na direção em que a voz vinha.
Da ponta da prisão dourada, bem na direção da àrvore gigantesca conhecida como
«Àrvore do Mundo» havia uma porta. Essa porta se abria acima, em uma escadaria que se
iniciava em outro galho acima, na mesma distância entre a ponte que ligava a gaiola e o tronco
da àrvore.
A porta se abriu, revelando um homem alto.
Seus cabelos dourados e ondulados partiam de uma coroa de prata na sua cabeça. Ele se vestia de modo fino, com um manto feito de seda verde decorado com entornos prateados.
Como Asuna, ele, também, tinha asas, mas essas não eram transparentes; elas eram como asas
de uma grande borboleta. As quatro partes das suas asas brilhavam em uma cor variando entre
o preto e o verde-esmeralda.
Seu rosto era tão belo que só poderia ser artificial. Com uma testa lisa, nariz alto fino, e
olhos cujo as íris eram da mesma cor que suas asas, ele era extremamente bonito. Entretanto,
seus lábios finos, distorcidos por um sorriso de completo desprezo por tudo, destruiam
completamente sua beleza.
Quando Asuna viu esse homem, ela se virou como se tivesse visto algo que enojasse.
Ela disse então em um tom seco:
“... Você pode fazer o que quiser sendo o administrador do sistema. Faça como desejar.”
“Dizendo essas coisas cruéis de novo. Ainda assim, mesmo eu tendo me esforçado tanto por ti, Titania?”
“Você consegue continuar dizendo coisas como essa depois de me prender aqui? Pare com esses nomes estranhos; Meu nome é Asuna, Oberon, ou melhor, Sugou-san.”
Asuna olhou para atual encarnação de Sugou Nobuyuki, «Rei das Fadas Oberon».
Mas dessa vez, ela não desviou seu olhar, encarando-o de forma poderosa.
Movendo seus lábios e formando uma expressão de desagrado, ele voltou a dizer de
forma teatral:
“Desperte agora. Neste mundo, eu sou Oberon, o rei das fadas e você é a rainha,
Titania. Nós somos a encarnação da inveja de todos os jogadores, mestres do Alfheim, você
deve me dar seu coração... E tornar-se minha.”
“Não importa o quanto você espere, será em vão. As únicas coisas que eu vou te dar
algum dia serão meu desprezo e ódio.”
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Sword Art Online: Fairy Dance (Vol.3)
Science FictionKirito retornou de « Sword Art Online » (SAO), apenas para descobrir que Asuna , bem como 300 outras pessoas, ainda estava dormindo, e tem sido visto em um novo jogo, « Alfheim on-line » (ALO). "Kirigaya Suguha, o primo de Kazuto (Kirito) que cresce...