Capítulo 1

61 14 1
                                    


Assim que saiu do prédio de direito na faculdade da cidade em que vivia, acompanhado pelo seu melhor amigo, Harry sabia que teria problemas quando chegasse em casa. Acontece que Niall era gay, tipo, muito gay e seu pai era um homem de meia idade extremamente homofóbico. Sempre que seu amigo o visitava, Des passava horas a fio dizendo para o filho como era desrespeitoso ser amigo de um gay, e nunca ficava no mesmo cômodo que o loiro, com medo de ser contagiado com a sua "doença".

Os dois estavam no carro de Niall, o som no volume máximo, If I were a boy da Beyonce tocando e os dois cantando mudando o boy para hétero, porque isso era uma coisa que nenhum dos dois nunca foram e nunca seriam, apesar de apenas o loiro e sua irmã Gemma, saberem da sua orientação. Doía para o garoto saber que o pai jamais o aceitaria do jeito que era.

Quando entraram na casa do de olhos verdes, os dois perceberam que não era um bom dia para Niall estar lá, já que o Senhor Styles estava com um humor pior que o normal, provavelmente seu cliente havia sido preso pelos crimes de corrupção que jurava não ter cometido, mas todos sabiam que sim, já que ele não havia sido muito sutil quando cometeu as fraudes em obras públicas e na saúde do país.

— Eu sei, mas... Okay... Talvez se entrarmos com um habeas corpus... Está bem, discutimos isso mais tarde.

Assim que desligou o telefone olhou para o filho e assim que viu quem o acompanhava marchou de volta para sua caverna/escritório.

— Não liga para ele.... É só

— Harry, cara, relaxa. Eu entendo. Então, o que vamos fazer? — Interrompe Niall.

Harry cogita por um tempo, mas acaba sugerindo o que os dois sempre fazem: jogar videogames até seus olhos arderem por causa da luminosidade da tela da televisão do quarto. Os dois normalmente ficavam jogando até de madrugada, o som no volume máximo, ou então até quando sua irmã ia bater à porta do seu quarto o ameaçando de morte porque ela precisa do seu precioso sono da beleza. Tirando esses episódios assassinos, Gemma era (quase sempre) legal, sempre protegendo Harry e batendo em Niall por sempre acabar com a comida dos armários e roubar seus doces.

Mas apesar de ser quase um ritual, Harry e Niall iriam ter que dormir cedo, já que teriam um julgamento para presenciar no dia seguinte. Não era nada espetacular, apenas um cara que tinha sido acusado de tráfico de drogas, mas que provavelmente seria solto pela falta de provas e de antecedentes criminais. Os dois teriam que fazer um relatório do caso que valeria muito de suas notas finais, e não estavam nem um pouco animados para isso.

Mesmo assim passaram parte da noite conversando e logo Niall teria que ir embora já que o pai de Harry não aceitaria que o melhor amigo gay do filho dormisse em sua "casa de família".

Na manhã seguinte, Harry não estava muito animado para esse tal julgamento. Arrumou-se então vestindo o terno de 'ocasiões especiais' - já que o seu comum estava na lavanderia - e tentando dar um nó na gravata que sempre fizera o seu pescoço coçar.

— Quer ajuda?

Gemma sempre teve a mania de invadir o quarto do irmão do nada, e apesar de ser tão costumeiro sempre o assustava. Ela estava com o seu surrado pijama de gatinhos e os cabelos despenteados, o que fazia Harry morrer de vontade de ir até ela e pentear aqueles fios rebeldes.

—Sim, odeio essa gravata.

A garota rapidamente ajeitou a gravata deu um sorrisinho zombeteiro, saindo do quarto com a mesma rapidez que entrara. Harry ficou por alguns minutos se encarando no espelho, soltou um longo e pesado suspiro e foi para a cozinha onde pegou apenas um cupcake e saiu em disparada pela porta, com esperanças de que assim o dia passaria mais rapidamente.

Niall o esperava em frente a casa como de costume e o rotineiro café que sempre levava para o amigo estava em sua mão. É literalmente impossível ficar de mau humor perto do loiro, ele é aquele tipo de pessoa que não sossega até fazer todos ao seu redor rolarem no chão de tanto rir. Ele veio contando o que acontecera com o seu ex peguete.

— Você consegue imaginar? O moleque me afirmou que tinha mais de 18! Aí chega a mãe da criança do nada falando para eu me afastar do bebezinho dela e que eu o estava levando para o mau caminho. MAU CAMINHO! Coitada, mal sabe o capetinha que tem em casa. Confie em mim, apesar de um mentiroso e safado, o menino sabe excitar alguém.

— OH MEU DEUS NIALL!

Os dois passaram o resto do caminho rindo e tão logo chegaram ao Fórum Jurídico onde aconteceria o julgamento do réu. Tudo estava a mesma chatice de sempre, homens e mulheres sofisticadamente vestidos como uma nova tendência - todos iguais - o juiz atrasado e aquele irritante burburinho entre a acusação e a defesa. Os garotos se juntaram ao resto da turma que estava mais ao fundo, todos com papel e caneta em mãos. Assim que se aproximaram muitos dos seus "colegas" lhes lançaram olhares, mais especificamente para Niall, aquele olhar de indiferença carregado de preconceito. Apesar de o loiro sempre dizer que isso não o afetava mais, Harry sabia que lá no fundo o amigo se sentia mal.

Ficaram mais alguns bons minutos esperando a sessão começar para acabar logo com isso. Finalmente o juiz chegou e se endireitou em sua poltrona, dando uma boa olhada a todos ao seu redor e voltando seus olhos para um livro enorme em sua mesa. Harry estava distraído e não ouviu o nome do acusado, apenas o número do caso e o que ele havia feito.

— Caso 69. Acusação de Tráfico de drogas.

O Juiz mal acabou de dizer essas palavras e logo cercado por policiais o réu foi trazido. Harry mantinha seus olhos atentos para o acusado e o advogado do possível criminoso, afinal era isso que importava para a sua matéria e futuro. Viu o homem apenas de costas, o cabelo castanho despenteado, uma camiseta branca toda suja e um jeans rasgado.

O julgamento ia entediante. Apesar de que o mais óbvio seria de que a acusação estivesse certa, não havia provas suficientes para condená-lo, apenas uma ligação anônima. O homem se manteve quieto por todo tempo, e Harry tinha a vaga sensação de que o conhecia de algum lugar. O garoto estava tomado pela curiosidade e tentou o tempo inteiro achar algum pedaço entre os policias para poder ver o rosto do réu.

— Meritíssimo, — Começou o advogado lançando um olhar de advertência ao cliente — creio que não haja provas suficientes para incriminar meu cliente. Não acham que se o meu cliente participasse realmente desse esquema não seria muito mais difícil prendê-lo?

O juiz pareceu considerar por um momento este argumento, mas ainda não estava de todo convencido.

— Por falta de provas, o Sr. Tomlinson prestará serviços comunitários em um orfanato carente três vezes na semana durante três meses. Se por acaso o senhor faltar em algum desses dias sem algum aviso prévio ou justificativa, será chamado ao tribunal novamente. Mas isso não acontecerá, certo?

A voz do juiz soava firme, como se ele estivesse desafiando o réu a discordar do que ele havia dito.

—Ele seria idiota de recusar isso. —Sussurrou Niall no ouvido do amigo.

Mais alguns segundos de tensão se passaram antes do acusado dar a sua resposta, um pesado e rápido 'sim', sua voz soava aguda e meio anasalada, e Harry tinha certeza de conhecia ele de algum lugar.

Logo a sala se esvaziara, e os policiais agora tiravam as algemas do réu com um supervisionamento especial por parte do seu advogado. Antes de passar pela porta Harry tentou mais uma vez olhar a face daquele homem, sem sucesso, ia quase desistindo quando os olhos azuis mais lindos que já tinha visto se viram para ele.

Porra

Não mesmo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 30, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Drowning in AlcoholOnde histórias criam vida. Descubra agora