A OUTRA MULHER part 3

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Morena não fazia o tipo sapatão masculinizada,era bem feminina e por ser de compleição física pequena era ainda mais delicadinha.Mas e sempre há um mas,o fogo que saltava no olhar afastava qualquer um que não tivesse permissão para estar em seu restrito círculo de amizades.Devido à essa constatação,ela se surpreendia ainda pelo fato de ter deixado uma completa estranha entrar tão fácil em sua vida e bagunçar tudo em um único mês...sentia seu orgulho ferido por ter deixado um fresta por onde passou uma brisa que agora havia se tornado um furacão...

Agora,parada em frente à um boteco qualquer,na cidade em que se encontrava,longe de sua casa,esperava que após um café e uma fria análise de idéias,conseguisse formular um pensamento que prestasse para seguir em frente no enredo em que fora envolvida.De jeans e tênis,camiseta larga sobre um soutien à mostra e óculos escuros, entrou no lugar sem olhar diretamente para nada.Chegou até o balcão e pediu um puro sem açúcar .Pegou o encardido copo com o fraco café nele contido e se dirigiu até a porta,abaixando as lentes escuras deu uma avaliada no lugar...buscou por um cigarro e o acendeu com o bonito isqueiro de metal que guardara das poucas coisas de Elaine que ainda estavam em seu kitnete.

À pulso tomou a péssima interpretação de café do lugar,pagou e foi terminar o cigarro na rua...chegou na calçada,olhou para os lados escolheu a direita e saiu andando sem pressa,já que não conhecia nada por ali.Andou a esmo por duas horas,dando voltas em quadras e na medida do possível ia gravando mentalmente os nomes de ruas e praças  pelas quais ia passando.É claro que ao sair para caminhada,apesar de parecer algo sem motivação alguma,não deixava transparecer sua real intenção,afinal poderia estar sendo seguida e se realmente assim fosse,estaria ao menos tentando despistar quem quer que fosse...

Não era dada a medos ou superstições,mas ainda guardava o terror da leitura do bilhete na padaria onde ficou sabendo que Elaine poderia estar morta,e até onde sabia ,estava mesmo...Na volta ao lugar de onde partira,o boteco de péssimo café,estava fechado e querendo comprar mais cigarros se dirigiu a um outro quase em frente.''Asenhoraédesãopaulo?''perguntou de uma vez o homem no balcão em resposta ao pedido de cigarros de Morena.''Sou''pegou o maço,pagou e saiu,sentindo um cravar de olhar atrás de si.Sentiu um mal estar qualquer,um mal pressentimento e dirigiu-se de volta à empresa de ônibus para saber quando teria volta à capital...

O que aconteceria a seguir foi realmente fora do comum.Ao chegar no escritório da empresa de ônibus a moça do atendimento levantou os olhos violetas em direção aos seus,sorriu quase que maliciosamente,e disparou''Encontrou o que veio procurar?''.Aquelas semanas após o desaparecimento de Elaine,o conteúdo do envelope e as idas e vindas a que ela fora levada,teceram a sua volta um ar de permanente desconfiança,e agora ela fazia uso dessa trama toda em seu favor.''...procurar?Quem disse que procuro algo?''.A mulher dos olhos violetas não se abalou,manteve o meio sorriso e dissimulou''Desculpe,pensei que fosse outra pessoa...''

Terminada a transação,Morena saiu para calçada,sentou-se de posse de um cigarro e voltou a pensar em tudo no que se passava agora com a sua vida e absorta em pensamentos não se deu conta de que a mulher saíra do balcão e entrara  em um carro estacionado loga à frente,saindo assim também da cidade...

Passado vinte minutos,o ônibus chegou e Morena voltou para casa.

De volta ao apartamento,tirou as roupas e só de calcinha se deitou e adormeceu profundamente...já eram quase dez da noite e dormiu até umas três da madrugada.Acordou sem sobressaltos,mas com um gosto horrível na boca pelo excesso de cigarros do dia passado em viagem.Tomou uma ducha,escovou os dentes e ao sair do banheiro ,ainda nua,notou que um envelope branco estava sendo posto por debaixo de sua porta.Correu para ver quem estaria ali quase quatro da matina,quando se viu intimidada por estar nua e sem uma mínima chance de defesa,caso fosse necessário.Parou no meio da caminho e esperou que quem quer que fosse terminasse sua entrega e enquanto isso riu de si mesma,paranóica,raciocinando mil coisas, até mesmo no meio da madrugada.Muitas vezes já não se reconhecia pelas atitudes que vinha tomando frente a coisas que se quer prestava atenção antes.

Deixou o envelope onde estava até por uma roupa e aí sim foi até a porta,abaixou-se e o pegou.Foi até a mesa do note,sentou-se calmamente,abriu o envelope...

''Isso só fica pior...''

Em segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora