Uma refeição viva para um cara morto
Olhei para fora, pela janela da lanchonete. Estava começando a amanhecer. Do meu lado, estava uma mulher que poderia ser muito bonita quando viva, mas agora... Um braço estava pendendo do seu ombro, os olhos estavam injetados de sangue, e, se eu pudesse respirar, provavelmente sentiria um hálito horrível vindo de sua boca.
O que eu estou dizendo? Não devo estar melhor que ela.
Continuei olhando, observando o nascer do sol.
Aquilo estava chato.
Levantei do banco em que eu estava sentado, e me dirigi à porta.
Lá fora estava tudo "normal"... Carros virados, casas e prédios destruídos, corvos cutucando a cabeça de um cara morto (morto pra valer), e outros mortos andando por aí.
Continuei andando e, DEUS, como eu sou lerdo. Meu joelho estalando não ajudava.
No final da rua, andando em círculos, estava meu rival. Digo, nós vivíamos nos esbarrando e rosnando um para o outro. Teve uma vez que ele até roubou um pedaço de carne humana da minha mão... Ou será que ele roubou minha mão? Ou ele roubou uma mão que eu estava comendo? Enfim, nós não gostávamos da Companhia um do outro.
Eu não ia seguir por ali. Dei meia volta, e segui para a avenida.
Muitos carros virados e... Oh, pelo sangue coagulado, comida! Um cara estava se rastejando pelo chão. Provavelmente estava correndo de outros mortos, e ficou cansado.
Agora ele não escapa. Fui correndo até ele (bom, para zumbis, aquilo é correr).
Quando ele me viu, não conseguiu segurar o grito.
-Ahhhh! Não, por favor, não!
Parei.
"Sério que vc vai implorar?", pensei... Digo, eu teria pensado isso, se estivesse vivo
-Raaaahhh! - foi o máximo que consegui dizer.
Ele sacou uma arma.
- Sai! - ele disparou
O tiro atingiu meu peito. Hahaha. Legal.
Outro tiro, agora na perna.
Que carinha ruim de mira.
Um tiro no rosto. Eu gostava do meu nariz, sabia?
Chega! Antes que ele acerte minha testa. Me aproximei. Agarrei seu colarinho e mordi seu peito. O gosto? Sei lá.
Ele começou a me afastar, mas, conforme o sangue ia jorrando da ferida, ele ficava mais fraco. Finalmente ele morreu. Continuei comendo.
Olhei para seu rosto... Será que deixo ele virar um de mim, ou continuo comendo? O cérebro está intacto. Daqui à uns 3 minutos ele virará um zumbi também. Não. Não vou deixar ele virar um de nós. Por quê? Não vá pensando que é porque eu tenho um bom coração. É só que o cérebro é a parte mais gostosa.
Usei minhas unhas para arrancar a pele de sua cabeça.
Hum... O cérebro estava com uma ótima consistência.
Já havia comido metade dele. Estava, de certo modo, cheio. Levantei e saí andando. 15 metros depois, vomitei. Afinal, o que entra precisa sair. E como meu sistema digestivo não funcionava... Bom, a parte mais fácil foi a de cima.
Eu poderia voltar e comer aquele corpo, mas não o fiz. Carne passa.
Mas eu não queria ir para a lanchonete.
"Vou seguir o sol"
E assim eu fui.
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Meu namorado é um zumbi - 2
Roman pour AdolescentsUm casal. Um respira... o outro não. Será que essa história de amor dará certo?