A Inexplicável Dádiva de Amar

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                               A INEXPLICÁVEL DÁDIVA DE AMAR

Capítulo 1

Hayle

            É trinta e um de dezembro. Estou deitada em uma espreguiçadeira do hotel Miramar by Windsor, em Copacabana, olhando para o céu estrelado da noite de ano novo e lembrando do cafajeste do meu ex. Se ele ao menos me mandasse uma mensagem, até aceitaria esquecer tudo que ele me disse e recomeçaríamos um ano sem brigas, mas no fundo sei que isso é tudo culpa dessa minha cabecinha oca. O que me faz achar que ainda poderíamos ter algo? Sou realmente um caso perdido. 

            Tento me animar e afastar as lembranças desses cinco anos que passei namorando Eric. Prometo a mim mesma fazer desse próximo ano um ano de uma vida nova, em todos os sentidos. Cidade nova, faculdade nova e amigos novos, porque minha fiel escoteira Clarissa vai para a mesma universidade que eu. Isso que eu chamo de amor! Abro um sorriso só de pensar, mas na verdade ela escolheu essa universidade por outro motivo e esse motivo deve estar com ela agora. 

            Olho para os lados e tento ver se a vejo em meu campo de visão, mas nenhum sinal dela e de seu novo namorado. Estou aqui, igual a uma babaca, rindo sozinha em pensar como essa minha amiga é rápida e eu aqui sofrendo com minha dor de cotovelo. Não é uma situação engraçada, mas só de imaginar que ela esteja aos amassos por aí, com o estudante de odontologia da universidade que conheceu em uma de nossas visitas ao campus, me faz sorrir. 

            Falta uma hora para uma vida nova, tento pensar assim. Levanto e vou em direção ao parapeito do hotel, que dá vista ao mar, onde terá a queima de fogos. No meio do trajeto, um dos amigos de Clarissa, convidados para festejar o réveillon, esbarra em mim, derramando um copo de cerveja. Nem acreditei que ele fez aquilo! Gastei uma fortuna com meu vestido e agora estava com cheiro de cerveja. Tem algo pior? Acho que não. Esse fim de ano está um caos! Que venha logo esse ano novo, para ver se assim minhas esperanças se renovam.

            Corri para o banheiro mais próximo e tentei tirar um pouco daquele cheiro horrível de mim. Argh.. Como eu odeio cerveja! Considero uma bebida de pobre. Sim, sou rica, mas não tão rica como Clarissa, afinal os pais dela são donos de uma grande rede de hotelaria do Rio de Janeiro. Éramos vizinhas até os meus quinze anos e, nessa época, morávamos em um bairro nobre. Eu continuo no mesmo endereço, já ela mora em um dos tantos hotéis de seus pais. Desde cedo apreciamos uma boa bebida, vinho então? Huum.. Me dá até água na boca só de pensar. Eu e Clarissa nos acostumamos mal, sempre que havia eventos, ou algo para comemorar, por mais besta que fosse lá estávamos nós, nos esbanjando nos drinques. Se éramos bestas sóbrias, imagina bêbadas?! Realmente ninguém era páreo para nós.

            Logo depois de lavar uma parte do vestido, o necessário para retirar um pouco daquele cheiro horrível, reclamando do ocorrido e do que tive que fazer, volto pra festa e retomo o caminho que estava seguindo, quando esbarro na última pessoa que gostaria de ver. Nem acreditei, era Eric, de blusa branca, justa o suficiente para mostrar seus músculos bem definidos, que tira qualquer mulher dos eixos! Estava incrivelmente lindo. Tão lindo que fiquei até sem fala. Por um momento achei que tinha tomado Martini demais e estava vendo coisas, mas não, ele estava mesmo ali, na minha frente, me olhando profundamente nos olhos, um olhar intrigante.

            Quando desvio meu olhar, o vejo de mãos dadas com outra. Ao perceber do que se tratava não aguentei, saí em disparada para o outro lado, para longe dele. Percebendo minha reação, Eric tentou vir atrás de mim, mas me enfiei no meio da multidão, querendo sumir dali. Fui esbarrando e xingando todos que estavam na minha frente, quando alguém me segura pelo braço. Fernando! Um amigo de anos que, ao me ver assustada, me questiona:

A Inexplicável Dádiva de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora