Capítulo 4 - Fernando

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 Capítulo 4

Fernando 

          Estou parado ali, em frente a sua porta, quando meu celular toca, anunciando que recebi um e-mail. Antes que eu o consiga abrir, o aparelho começa a vibrar. No visor vejo o nome do meu amigo Diego. A gente se conhece desde criança e iremos fazer o mesmo curso na faculdade, só ainda não lhe disse que não irei mais para a mesma universidade que ele. Provavelmente não irá me perdoar por isso.

          Acontece que fui aceito por duas universidades, uma delas é a mesma que Hayle e Clarissa irão estudar. Já estava certo de que iria fazer junto com Diego até o ocorrido com Hayle, até mesmo porque eu não queria me martirizar com esse amor não correspondido. Estava mais que decidido ir estudar com Diego em outra cidade, assim evitaria ficar tão perto de Hayle.

Depois do que aconteceu na noite de ano novo, comecei a pensar na possibilidade de ir para a mesma universidade que ela, pois a esperança de tê-la só para mim cresceu avassaladoramente. Só será complicado explicar para Diego o motivo pelo qual não irei mais estudar com ele. Atendo o celular depois de alguns segundos:

– Diga cara, o que você quer? – Tento parecer bem disposto, empolgado até para que Diego não me faça muitas perguntas.

– Onde você está cara? Estou aqui no seu apartamento, preciso falar com você urgente. – Porra! O que será que Diego quer? Não acredito que vou ter que deixar para falar com Hayle depois, precisamos conversar sobre o que aconteceu. O que será que o babaca do meu amigo aprontou dessa vez que não pode esperar? Com certeza boa coisa não deve ser. Vou logo dizendo;

– Já estou chegando, tive que resolver um assunto, me espera aí – Dou uma última olhada para a porta em minha frente e volto para o carro, o ligo e vou para casa, ainda meio contrariado. Faço planos de voltar mais tarde para falar com Hayle.

Assim que saio do elevador do meu prédio e me dirijo ao meu apartamento avisto Diego sentado no chão, encostado na porta e de cabeça baixa. Chamo por seu nome para que me olhe e, quando me encara, paro assustado com o que vejo. Diego tem a face e o corpo deformado de hematomas! Xingo mentalmente, pois é mais sério do que eu imaginava.

Às pressas, destranco a porta e o ajudo a se levantar, o guio até a sala de estar e peço para que ele se sente no sofá. Sento na mesinha de centro em sua frente e, ainda chocado com sua aparência, pergunto:

– O que houve com você cara? – Diego me olha e começa a sorrir, não entendo nada. O que ele tem? Porque está rindo? E logo se pronuncia:

– Foi uma loira, daquelas bem gostosas Fernando, você tinha que ver cara. Ela estava linda, dançava no centro da pista de dança, parecia estar dançando para mim. Seu corpo balançava no ritmo pulsante da música, tão perfeita cara, mas como não a vi com ninguém achei que estivesse sozinha. Ela balançava os cabelos loiros, minha nossa cara, nunca senti tanta vontade de estar com uma mulher antes, ela realmente parecia uma rainha de tão linda. Aproximei-me dela e começamos a dançar juntos, a safada me dava mole, estava quase a puxando para um canto e fazendo-a ser minha, mas, de repente, um cara apareceu com uns amigos e me empurraram e começaram a me bater. Ela foi logo se defendendo, dizia que eu estava dando encima dela, mas que ela não queria nada comigo. Então o cara se juntou com os amigos e me deixaram assim.

Ouvindo Diego me contar tudo, não acredito. Ele não muda mesmo! Já perdi as contas de quantas vezes tive que lhe tirar de enrascada por conta de mulher. Dou-lhe um sermão, pois não acredito que ele me diga isso, rindo ainda por cima! Caralho! Ele poderia ter morrido. Será que não percebe?

– Você é burro ou se faz? – Digo, pois não acredito que com vinte anos ele ainda não saiba como se comportar em uma festa. – Como você chega em uma garota dessa forma e não pergunta se está acompanhada? – Diego fecha a cara e enfim acho que se dá conta da gravidade e logo se pronuncia:

A Inexplicável Dádiva de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora