Primeiro dia...
Barulhos de pássaros me acordam e anunciam a hora de levantar. Viro para o lado e me deparo com a imagem mais linda que um homem pode ter, ela está com seus cabelos espalhados em nossa cama.
--- NOSSA CAMA!
Saboreio as palavras como uma criança comendo seu doce preferido. Sua imagem contrastada com os primeiros raios de sol que poderia ser a paisagem mais linda que um fotógrafo desejaria eternizar.
Observo-a ressonar baixinho, e algumas vezes, levanta os lábios com sorrisos contidos, que demonstram estar tendo um sonho tranquilo. Seu perfume natural é meu cheiro preferido, cheiro que nenhuma rosa será capaz de exalar.
---Bom dia meu amor! – ela fala abrindo, aos pouco, os olhos que tanto adoro mergulhar.
Sua voz é a melodia mais suave, que nem mesmo uma arpista consegue reproduzir. Ela me acalma nos momentos de estresse e tensão. Ela é meu remédio contra a loucura do mundo.
Posso passar dias apenas a admirando. Seus cabelos castanhos como o outono combinam com a cor caramelo dos seus olhos. Sua boca bem desenhada que encaixam perfeitamente na minha. A pele macia, feito pétala de rosa, de um dourado que me encanta. Seus traços delicados que memorizo a cada toque de minhas mãos, de meus braços, de minhas pernas...
O encaixe perfeito de seu corpo junto ao meu.
--- Se continuar me olhando assim vou pensar que estou um horror – diz escondendo o rosto entre suas pequenas mãos.
Tiro-as de seu rosto e as seguro nas minhas medindo-as em uma diferença perfeita. Não preciso pronunciar uma só palavra para que ela saiba o quanto a amo, que em todos os sonhos que tenho são com ela, e para ela.
--- Eu também te amo – ela diz verbalizando as palavras que não pronuncio, mas sabe que as sinto.
--- Não me faça passar o dia nessa cama com você senhorita Alicia – digo a abraçando.
--- Então fique... – diz com um tom triste.
Estranho seu tom de voz, pois agora a pouco ela estava feliz.
--- O que houve Ali? – pergunto-a preocupado – aconteceu alguma coisa?
--- Preciso ir... – diz com um sorriso triste.
--- O que? Para onde? Do que você tá falando? – meu desespero aumenta e sinto uma dor horrível no peito.
A imagem de Alicia se desfoca aos poucos e sinto como se estivessem me puxando para longe do quarto.
--- Alicia... Não... Volte!
POR FAVOR, FIQUE! – grito com toda força, até que o ar falte em meus pulmões, que arde feito fogo. Então... tudo escurece!
Segundo dia...
Desperto ainda em minha cama. Mas dessa vez Alicia não está ao meu lado.
--- Alicia, onde você está? – sinto um desespero crescer e meu coração aperta só de pensar em perdê-la.
Tem que ser um pesadelo... Desço as escadas o mais rápido que posso e a vejo de costas para mim, frente para o fogão. Está preparando o café. Chego perto e a abraço o mais apertado possível.
--- Não posso te perder – sussurro em seu ouvido e ela encosta sua cabeça em meu ombro.
--- Não posso te deixar ir – continuo.
Ela vira para mim e apenas me abraça. Não diz uma única palavra. Sinto meu corpo relaxar, tudo não passou de um terrível pesadelo.
--- Sente-se melhor? – ela diz por fim – Vamos tomar café.
Ela pega em minha mão e nos encaminhamos para a varanda. O dia está tão lindo, porém, sinto-me um pouco estranho. Acredito que seja por causa do pesadelo. A imagem de Alicia sumindo ainda me arrepia. Parecia tão real.
Sentamo-nos para desfrutarmos do café da manhã. Alicia nada diz, apenas observa o horizonte... O dia realmente está lindo.
As árvores parecem mais verdes que o normal. As flores exalam seus perfumes e reluzem suas cores vibrantes. Sinto-me em paz agora. Olho para Alicia, e pego-a me olhando com um ar triste.
---Precisa me deixar ir... – fala e a dor em meu peito retorna – Você precisa voltar.
--- Do que você tá falando? Voltar pra onde? Meu lugar é ao lado Ali – falo e seguro suas mãos. Ela não pode me deixar. Seguro-a com medo de que meu pesadelo se realize.
--- Seu lugar não é aqui. O meu lugar não é aqui. Você precisa me liberar para que eu possa ir.
--- Eu não me sinto preparado para te perder. Leva-me com você então... – digo já não me contendo. As lágrimas tomam conta de mim.
Por que ela quer partir? Para onde quer ir?
--- Ainda não chegou sua hora meu amor, mas chegou a minha.
Olho para o céu e depois para ela. Será tudo um sonho?
--- Venha! Vamos deitar – levanta e me oferece a mão – você precisa descansar.
Realmente me sinto muito cansado. Eu acabei de levantar, mas meu corpo parece pesar uma tonelada. Tenho medo de dormir e Alicia não estar mais comigo.
--- Você promete que estará aqui quando eu acordar? – pergunto temendo sua resposta.
--- Não posso prometer nada. Mas eu sempre estarei aqui dentro – ela pega em meu peito – e você guardará os melhores momentos que já vivemos.
--- Eu não quero viver de memórias, Alicia. Quero que seja real.
Já não sei se tudo isso é um sonho e por que não consigo acordar? Olho ao redor e tudo parece normal, mas ao mesmo tempo é como se eu não pertencesse aquele lugar.
Ela me puxa para o quarto e me deita na cama.
--- Deite comigo? – peço e ela atende.
Sinto seu corpo ao meu, ainda está quente, mas seu cheiro já não exala o perfume doce que tanto amo. Sua fragrância parece estar se diluindo, então respiro o máximo possível para não perder nenhum pouco de seu escasso perfume.
Sinto meu corpo adormecer. Tenho medo de acordar e não encontrá-la mais.
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Adeus, Alícia...
Short StorySeus olhos me encantam. É como se eu pudesse ver o infinito céu na noite mais escura e estrelada. Um infinito de mistérios e beleza que é inevitável não me perder. Seu sorriso ilumina meus dias como o sol que nasce a cada manhã. É nesse sorriso que...