A noite era de lua nova. Quase nada podia ser visto nas estradas e eu me perguntava se eles haviam escolhido isso de antemão. Eu caminhava com pressa e meu manto quase se arrastava ao chão. O capuz jogava sombras sobre meu rosto que escondiam minha identidade, ou pelo menos assim eu esperava.
Entrei numa taverna, localizada na estrada que saía de Roystone e seguia para o sul. Já estava quase vazia, mas alguns bêbados ainda gritavam e um bardo tocava sua música, mais para si do que para uma plateia.
Aproximei-me do balcão e coloquei uma moeda de ouro sobre a madeira pegajosa. A mulher do outro lado encarou o brilho dourado e já soube pelo que eu tinha vindo. Preferiu não fitar o rosto que se escondia sob o capuz, apenas aceitou o dinheiro e me apontou uma porta de madeira aos fundos.
Acenei com a cabeça e atravessei a porta, trancando-a atrás de mim. Na pequena sala coberta pela penumbra havia outros cinco vultos. Ao notarem minha presença, se aproximaram mais da vela sobre a pequena mesa ao centro, revelando seus rostos. Eram os cinco conselheiros do rei.
− General Ryne, o senhor veio – Rex, o homem loiro de barba cerrada falou. Era novo para um conselheiro, mas bem mais velho do que eu.
− Claro que vim – respondi. – Vocês deixaram claro o quão urgente seria essa reunião. Agora me digam do que se trata isso.
Todos os cinco encararam uns aos outros e Rex, que tomara papel de líder, voltou a falar:
− Organizamos essa reunião, pois tememos por nosso reino.
− Não faça rodeios, conselheiro Rex. Vá direto ao ponto – ordenei.
− Senhor... O senhor bem sabe que só ganhamos a guerra depois que o senhor se tornou o general de Alure, um ano atrás. Todos do reino, inclusive nós, encaram isso como um sinal. Um sinal de que o senhor veio para salvar nossa pátria.
− Você está fazendo rodeios, Rex – Desisti de ser cortês.
− Ouça-me, por favor, Ryne – O homem me imitou. – O rei está louco e você sabe disso.
− Rex! Você podia perder a cabeça só por insinuar isso! – Leroy interveio. Era um homem de baixa estatura, calvo e de barba grisalha. O mais antigo e fiel conselheiro do Rei Frederick.
− Mas é apenas a verdade – o homem loiro continuou. – Ele nunca foi o mesmo depois da morte de sua rainha e filha. Agora, após incontáveis sacrifícios de guerreiros de Alure para ganhar essa maldita guerra, ele resolve ignorar nossos conselhos e decide pela paz. Depois de ganharmos a guerra! Por Deus! Devíamos estar escravizando aqueles malditos vikings e expandindo nossos territórios, não prestes a assinar um tratado de não-agressão com seu líder!
− Rex – Leroy disse calmamente –, sei que está confuso. Todos estamos. Mas precisamos pensar melho−
− Já pensamos demais, Leroy!
Aquele enigma todo começava a minar minha paciência.
− Digam por que estamos todos aqui. – A frieza de minha voz só era superada pela de meus olhar. – Os cinco conselheiros do rei e seu general não se reúnem para discutir assuntos triviais.
Os homens fitaram um ao outro novamente e o medo em seus rostos era quase palpável. Rex voltou a falar:
− Conversamos sobre isso antes de lhe chamar, Ryne. – Ele engoliu em seco. – Há uma lei em Alure, onde... Onde caso não haja mais um rei para governar... É... É dever do general tomar o papel de Regente.
− Não estou entendendo onde querem chegar – falei.
− Ryne... Queremos que você governe Alure – o homem finalmente disse.
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A Ascensão de Ryne Meadow
Short Story*** Ganhador do 2º lugar do concurso Fantasia Heroica da página FantasiaBR *** Ryne não estava satisfeito com sua vida de camponês. Muito longe disso, queria mudá-la. O aparecimento de um cavaleiro em sua vila lhe daria a chance perfeita para ser es...