Um novo recomeço

781 18 0
                                    

- Filha, já está na hora, o Hugo vai nos levar para conhecer o seu filho e os seus amigos!

- Mãe, me deixa aqui por favor, você sabe que eu não gosto viver com outras pessoas que não sejam vocês.

- Filha, você só tem 15 anos! - Repreendeu-me. - Está na hora de começar a se portar como a bela adolescente que é.

- E eles tem 18... Por favor, mãe não me deixa com aquele idiota.

- Vamos filha, você sabe que depois que conhece-lo vai ter que ficar na casa dele por seis meses, porque eu e o Hugo vamos no enterro da sua avó e depois vamos ver aquele negócio da herança, você sabe que isso é demorado e nós vamos ficar por lá mesmo e vamos passear um pouco em Nova Iorque.

- TA BOM MÃE, COMO A SENHORA ME COMPREENDE. - Eu disse, já alterando o meu tom de voz, sem paciência.

Eu não disse para vocês que sou anti-social, não convivo com pessoas, sou rockeira, perdi minha virgindade no bar com um bêbado qualquer e ainda fui expulsa de várias escolas pelo meu mal comportamento e pelas minhas travessuras? Pois é, e além disso tudo ainda vou ter que abandonar a minha doce Califórnia para ir morar com um bando de ingleses babacas, isso mesmo estou indo passar metade da minha vida em um lugar que odeio, tem alguma coisa melhor do que jogar fora parte da minha vida para ficar com o meu novo irmão gayzinho que eu nem conheço a troco de nada? Devo ter roubado a arca de noé para sofrer tudo isso.

Peguei a minha mala, vesti uma blusa com o nome da minha banda favorita de rock o Heavy Metal, um short curtinho preto com spike e uma corrente personalizada, peguei a minha bota preferida de cano curto com um salto quinze e como eu era loira, branquinha e de olhos azuis passei uma maquiagem preta que contrastasse com os meus olhos, entrei no carro e fui me despedindo da minha linda Califórnia... Quando chegamos de viagem e fomos descendo de escada rolante até embaixo vi um grupo de garotos, mas um especialmente me chamou a atenção, ele era moreno de olhos verdes, ele estava com mais dois garotos, um era loiro e o outro tingido de verde, eu estava observando o quanto aquele garoto era lindo até alguém cortar os meus devaneios.

-Ali, Sandy aquele é meu filho Christopher, disse o Hugo apontando justamente... Sim, para o garoto que me chamou a atenção. Neste momento eu fechei a cara e apenas dei um beijo na minha mãe e no meu padrasto e segui em direção a esse grupo ignorando-os completamente, segui em frente e me sentei no banco, estava muito entediada até ver uma menininha que aparentava ter uns quatro aninhos, eu roubei o pirulito de chocolate que estava em sua mão e enquanto ela chorava e mostrava a língua para mim, eu ria muito desta situação, logo depois sai comendo o pirulito e entrei no carro sem falar com nenhum deles, liguei o meu Ipod em uma música dos Beatles e fiquei assim até um amigo idiota do gayzinho me dar um tapa na cabeça.

- Ai seu babaca, isso doeu!

- Nós já chegamos marrentinha!

Foi aí que olhei para a casa, ela parecia com um palácio ou até com aquela casa daquele filme... Qual é o nome mesmo? A sim, crepúsculo, a casa era de vidro, mas um tipo de vidro que quem está dentro vê o que está fora e quem está fora não vê o que tem dentro... Eu não gosto dessas coisas clichês, mas isso estava parecendo um conto de fadas,a casa é linda ou melhor a mansão é maravilhosa, ta legal eu odeio clichês, mas não pude deixar de reparar em como tudo era lindo, a casa tinha muitos lustres e coisas de cristal... Apenas com a minha bela educação me joguei no sofá do Chris e fui mexer em seu armário.

- O que está fazendo baixinha?

- Só estou procurando alguma coisa que preste para comer...

- Se você quiser alguma coisa, vá comprar!

- Onde é meu quarto babaca?

- Ali, pirralha.

Odeio quando alguém me chama de pirralha então sai batendo os pés e bufando de raiva, porque além de tudo este foi o motivo de muitas brigas e de muitas expulsões de escolas, eu odeio mais que tudo quando alguém me chama de baixinha ou pirralha, sem avisar ninguém sai e fui procurar alguma padaria para ir comprar um chocolate, porque além de ser chocólatra sou fascinada em doces.

Não achei nem uma padaria por perto mais achei um mercadinho a alguns quarterões da casa, deveria ser mais barato, entrei e peguei umas três ou quatro caixas de chocolate daquela que vem 20 unidades sabe? Pois é quando fui pagar a atendente do caixa me olhou com horror, então eu lhe lancei meu melhor olhar assassino, o que lhe fez calar a boca na mesma hora, paguei e sai dali correndo, morrendo de vontade de acessar a internet e comer os meus chocolates.

Quando cheguei na casa, os amigos idiotas do Chris ainda estavam lá, para variar jogando video game e falando sobre garotas, antes de eu chegar a sala paralisei no mesmo instante em que percebi que eu era o assunto.

- Cara a sua irmãzinha, qual o nome dela mesmo?

- Sandy. - Respondeu Chris, eu sei porque reconheceria a voz dele em qualquer lugar, a voz dele era de um tom doce, na verdade ela é linda.

Balancei a cabeça e me martirizei... Ninguém saberá que eu acho isso.

- Isso. Ele ficou quieto por um momento e outro o cortou.

- Ela é bem gostosa cara! - Não reconheci a voz.

- Eu concordo.

- Velho, vocês que ousem encostar um dedo nela. - Nesse momento me senti na obrigação de interromper a conversa e entrar na cozinha como se nada tivesse acontecido.

- Oi, palermas!

- Oi Sam! Os três disseram em coro... Eu joguei a sacola com os chocolates no chão e em seguida me joguei em cima dos meninos...

Um novo recomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora