Capítulo 6

667 110 35
                                    

Chegando em casa cedi minha cama para que Melodia pudesse dormir, obviamente contra minha vontade, mas ela disse que era uma obrigação minha.

Me deitei em um colchão velho ao lado da cama, e como se já não fosse o suficiente ela reclamou da cama estar quebrada e cheia de poeira.

Para completar a experiência eu descobri as três da manhã que ela tinha alergia a poeira.

Acordei exausto e com enormes olheiras, os espirros dela não me deixaram dormir direito.

Melodia me balançou até eu levantar as cinco da manhã, afirmando que precisaria de tempo para se arrumar.

Me levantei choramingando e fui para o banho, a água estava gelada novamente, e com o frio da manhã jurei que teria uma hiportemia.

Quando saí do banheiro Melodia já estava encostada ao lado da porta com cara ruim.

—Achei que tinha morrido! —Ela me empurrou, e entrou no banheiro, com um péssimo mal humor matinal.

—Sabe usar um chuveiro? —Eu a segui para dentro do banheiro, quase sem ter espaço para nós dois.

Ela fez uma cara confusa e eu expliquei para ela como se tomava banho, sendo jogado para fora do cômodo logo depois.

Me sentei no sofá e comecei a rir de Melodia gritando com o chuveiro por estar jogando água gelada, pelo menos ela me fazia rir.

20 minutos depois ela saiu do banheiro enrolada em uma toalha e batendo os dentes.

Quando me viu em sua frente pegou uma almofada e jogou na minha cara, correndo para o quarto logo em seguida.

O sono me venceu e eu dormi ali no sofá, para ser acordado por Melodia com um tapa no rosto.

—Levanta, princesa! —Ela usava a jaqueta de couro do dia anterior com uma regata branca e uma calça jeans preta, não era bem o que eu esperava dela...Acho que me acostumei com o vestidinho branco, afinal.

—Que roupas são essas?—Perguntei me levantado e me espreguiçando.

—As que nós compramos ontem, oras! Perdeu a memória?—Ela me deu um peteleco na testa.

—Não...É que você está tão diferente. —Ela sorriu e girou.

—Eu sei! Vocês humanos tem roupas incríveis! —Seus olhos lilases brilharam e ela segurou minha mão—Agora vamos para a escola! Você me disse que eu ia conhecer humanos novos lá.

Olhei o relógio na parede e suspirei.

—Nem o diretor está na escola agora, faltam duas horas...

—E o que vamos fazer até lá? Não quero passar duas horas com você! —Ela cruzou os braços e eu lhe puxei a orelha.

—Não acho que você tenha escolha...Podemos dar uma volta, não deve ter que ninguém na rua,  aí você não me faz passar vergonha.

Ela chutou meu outro joelho e ficou invisível, passando pela sala.

—Não tem necessidade, meu tio dormiu no bar, não está aqui.

—Eu sei, só estou querendo uma oportunidade de te dar um chute na bunda de novo.

—Bom saber. —Cubri meu traseiro com ambas as mãos, atraindo olhares das poucas pessoas que estavam na rua.

Meu orgulho me venceu e eu voltei ao caminhar normalmente, dando a brecha que Melodia precisava e voltando a ficar dolorido.

Aquilo era certo? Havia algum processo que eu podia aplicar nela? Talvez violência...Mas seria difícil fazer isso se ela nem é uma cidadã.

Hospedando uma sereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora