Strange deixou que as gotas de água fria escorressem por si abaixo, afinal, nada melhor que um duche frio para refrescar as ideias. Quantas vezes se tinha chateado com Robert, e no dia seguinte, ás escondidas de Hermonie, este lhe tinha vindo pedir desculpas? Não valia a pena o choro, tudo acabaria por se resolver. Uma vez mais fresca, Catherine colocou a mesma roupa que trazia, e secou o cabelo. Pegou nas chaves do quarto e desceu até ao bar.
- Boa noite. – Catherine disse ao chegar-se ao pé de George. – Posso fazer-lhe companhia ou cheguei muito tarde?
- Chegou mesmo na hora H! Ia mesmo agora pedir. – George sorriu. – Posso pagar-lhe uma bebida?
Strange hesitou, mas respondeu afirmativamente.
- Então, o que vai ser? – O empregado do bar tinha um sorriso bonito e brilhante, que se fez notar ao fazer a pergunta.
- Dois Whisky com gelo, se faz favor.
O empregado virou costas durante uns segundos, e serviu as bebidas depois de preencher metade dos copos pequenos com Whisky e colocar duas grandes pedras de gelo dentro deles.
- Posso perguntar-lhe o que faz sozinha por Chickasha, a uma hora destas? – George perguntou com um sorriso atrevido.
- Hm… - Catherine hesitou, novamente. – Foram… Uns problemas de casamento.
Catherine estava agora a mexer na aliança que tinha na mão esquerda. George sorriu e disse-lhe:
- Quer um conselho? Beber para esquecer.
Strange encarou o sujeito, olhando-o nos olhos.
- Sabe, não faz muito sentido quando estamos sóbrios.
George parecia saber do que falava. Mas Catherine nunca foi muito de se envolver no álcool, e não pretendia mudar. Mas as palavras de Robert vinham-lhe agora à cabeça e Catherine tinha de encontrar uma distração. Viria ela a arrepender-se disto? Olhou o copo com indecisão, mas depois do incentivo de George, Strange conduziu o copo à boca, e num só golo, acabou com o Whisky.
- Encha-o de novo, por favor. – Catherine levou as suas palavras aos ouvidos do empregado.
George sorriu-lhe e levou o seu copo à boca também.
*
À medida que as horas iam passando, o copo de Catherine ia-se enchendo. George estava agora com receio, pois Catherine parecia fora de si. E na realidade, estava mesmo.
- Obrigada George. – Strange riu-se levando, uma vez mais, o copo à boca.
George também já não estava bem em si. Ambos soltavam gargalhadas descontroladas e exageradas, e a cada cinco minutos os seus copos eram novamente enchidos. Sendo já quase três horas da manhã, Tom, o empregado do bar, pedia pacientemente para George e Catherine abandonarem o bar, pois estava a fazer-se tarde, e o seu turno teria terminado à já algum tempo.
- Não se preocupe, a gente já vai!
Strange levantou-se junto com George e foi cambaleando até ao elevador.
- Foi divertido George.
- A noite ainda não terminou. – Ao dizer isto, a porta do elevador abriu-se para ambos, caminhavam agora na direção do quarto de Catherine.
Strange tinha agora conseguido abrir a porta do quarto, depois de várias tentativas falhadas para acertar na fechadura. George agarrou Catherine pela cintura, esta que caminhava na direção da janela. Strange virou-se, e foi surpreendida por um beijo um tanto sedutor, vindo de um homem alto, moreno e um tanto corpulento.
A noite era ainda uma criança para estes dois, que em breves segundos, se enrolaram em beijos quentes e gestos fogosos debaixo dos lençóis da cama de Strange.
*
Quando os raios quentes de sol decidiram invadir o quarto de Catherine, já George se teria levantado e ido embora. Strange tinha agora um problema, a grande ressaca. Uma grande dor de cabeça, sem tirar nem pôr… e uma sede incontrolável.
- Onde raios é que eu me fui meter? – Catherine pensou alto.
O telemóvel de Strange estava agora a tremer em cima da mesa de cabeceira do seu lado esquerdo. Depois de um enorme esforço, Catherine agarrou no telemóvel, que levou ao ouvido.
- Estou?
Uma voz grossa e um tanto rouca tinha o nome de “Robert” do telemóvel de Catherine.
- Já tenho os papéis do divórcio. Quando é que podes assiná-los?
Catherine engoliu em seco.
- Eu não vou assinar esses papéis, Robert. – Disse sentando-se agora na cama.
- Catherine, eu não quero ter de discutir sobre isto.
Lágrimas caiam agora do rosto de Strange.
- Eu… - disse com a voz trémula. – Eu não vou assinar esses papéis!
- Deixa-te disso! – Robert gritou. – Já tínhamos chegado a um acordo sobre isto antes!
- Tu e a Hermonie já! Eu não disse nada! – Strange respirou fundo. – Eu, eu não consigo faze-lo Robert! Eu ainda não te esqueci… Não consegues perceber isso?!
- Esquece Catherine, vou mandar os papéis pela tua irmã. – E desligou a chamada.
Strange estava agora lavada em lágrimas. Levantou-se, dirigiu-se à casa de banho e lavou a cara. Ia agora a deitar-se novamente na cama, quando viu umas peças de roupa interior aos pés da mesma.
- O que raios foi que eu fiz?! – Strange perguntou-se, lembrando-se da sua noite passada.