O despertador toca, só perde pro barulho insuportável dos meus pais gritando meu nome. É hora da escola, primeiro dia de aula. Infelizmente, não existe um dia que eu acordo afim de ver o rosto daquelas pessoas que assim como eu, reclamam todos os dias desse barulho infeliz que grita às 6 horas da manhã.
"-SUKENAAAAAAAAAA! VEM LOGO VOCÊ ESTÁ ATRASADA"
Não era desse que eu estava falando, mas também serve.
"-TÔ INDO!!!!!!!!!"
O trajeto era sempre o mesmo, brigas com a mãe, com a irmã, rotina normal pra quem possui o cargo de desgosto da família.
Mais um dia entrando na sala de aula com cara de cu, com todos aqueles rostos que olhavam pra mim me julgando que infelizmente eu tinha que lidar todos os dias.
Chegando atrasada mais uma vez, sem querer, como a pessoa desastrada que sou, passando pela mesa da professora, o seu café derrama todo em cima de mim.
A sala inteira está em gargalhadas.
Eu apenas viro os olhos, dou aquela respirada funda e falo que vou ir na cozinha pegar um pano.
"-Sukena, você não machucou??????? Esse café está muito quente, não consegui nem beber direito"
Bom, que ela não conseguiu beber o café estava claro, já que ele foi jogado inteiro em cima de mim. Mas, quente? Eu não senti nada quente.
"-não machucou não" digo, pegando na sopa de café que estava naquela camisa branca que eu não suportava ver a logomarca.
Ela faz uma cara estranha e encosta na minha blusa, e tira a mão rapidamente reclamando do calor.
"-Sukena, está quente sim, certeza que não se machucou????"
"-Relaxa, eu to bem, eu não me machuquei nem senti nada"
"-Não é possível!!! Fala sério! Gente, alguém encosta aqui"
"-Tá quente mesmo, nossa" diz uma pessoa aleatória da classe.
Eu desconverso e rapidamente vou para cozinha andando mais rápido pegar um pano. O fato de não estar quente para mim e para os outros sim me incomodou mais do que aquela mancha nojenta na minha roupa.
Cheguei na cozinha e falei para a Tia da cozinha ver se estava quente, ela até riu do óbvio, que sim, estava pelando.
Limpei o excesso da blusa, tentei tirar o máximo que consegui e voltei para a sala de aula.
Tinha um rosto novo naquela sala que não parava de me encarar. Eu perguntei quem era para a menina que sentava atrás de mim e ela disse que era aluno transferido, seu nome era Yohan. Nome bonito, que nem o rosto. Mas achei estranho.
No recreio, ele foi até mim, me convidou para conversar dizendo
"-Você não achou estranho o fato de você não ter se queimado?"
Fiquei um pouco em choque
"-É, foi estranho mesmo"
"-Bom, foi eu quem derrubou o café de você"
"-Como assim, você tava sentado lá trás"
"-Existem pessoas capazes de fazer coisas sem precisar estar perto" disse ele com um sorrisinho no rosto
"-Que que você ta falando, vei?" - disse indignada com o joguinho.
Do nada, começo a sentir o chão sob meus pés tremerem, e era só eu, desequilibrei até cair.
"-o que foi isso?" - falo ainda no chão
"-uma demonstração da mesma coisa que fez o café cair sobre você"
"-como você fez isso?" Digo indignada procurando alguma coisa em suas mãos
"-Com a mente Sukena, e você também é capaz de fazer coisas diferentes, uma prova é que você não se queima"
Ele não deu nem chance de resposta, já veio com um isqueiro e ligou em minha pele. Foi incrível, eu não sentia nada mesmo.
"-caralho, como isso é possível?"
"-tem muita coisa que você precisa descobrir ainda...no entanto, você foi escolhida, sinta-se grata por isso e eu vou te treinar enquanto conto sobre a nossa missão"
"-Treinar? Missão?"
"-Vou ensinar a você como usar o seus poderes."
"-Meu deus, eu nunca achei que isso fosse possível"
"-Ninguém achou, Sukena, é uma surpresa pra todos nós."
O sinal toca, é o fim do recreio.
"Te encontro no final da aula. E já iniciamos o treinamento."
Fiquei o resto da aula pensando naquilo, intrigada, ansiosa e pensativa. Mal prestava a atenção na aula, agora com um motivo mais óbvio. Já até mandei mensagem pra mãe dizendo que iria pra casa de uma amiga depois da aula.
A aula acabou, pessoal começou a levantar e eu fui direto ao encontro do Yohan.
"-Eai? Pra onde vamos?"
