ʍɪʀʀѳʀs

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Após a partida de Steve, Bucky pagou a conta do simples café com leite que viera a pedir. James saiu do estabelecimento um pouco cabisbaixo, seus olhos estavam marejados, porém não permitiu-se chorar. As ruas permaneciam vazias, como em um feriado - Ou como quando o apocalipse chegar - pensou o engenheiro.

Caminhar parecia uma ótima alternativa, seu corpo surpreendentemente musculoso clamava por um mínimo de exercício possível. Mãos no bolso, olhar distante, as íris azul esverdeado fitando o horizonte como se admirasse uma pintura divina, seus pensamentos embaralhados e um nó na garganta. O homem de pele alva e cabelos compridos travava uma batalha interna, uma batalha para descobrir o que realmente sentia; amor, amizade, desejo, ódio ou fraternidade.

Esquecer nunca apareceu ser uma alternativa palpável. Os lábios carnudos e róseos encontrávam-se ressecados, sedentos por um líquido ou apenas por um pouco de saliva. Os passos apressados do cavalheiro de estatura mediana cessaram ao chegar ao seu destino final. Aquele antigo apartamento de tintura verde musgo, poucos inquilinos, vizinhança tranquila, tudo que James gostava. O rapaz era bom, não podia-se negar, sempre ajudando as pessoas e tentando fazer o melhor, talvez por esse jeito a amizade com o loiro veio a ser duradoura e acalorada. O engenheiro ainda lembrava-se da primeira vez que viu o arquiteto.

Flashback on

Nova York 1995

O pequeno James corria o mais rápido que conseguia, ele estava realmente feliz, seu pai finalmente havia aceitado leva-lo ao parquinho da cidade. A mãe do pequenino infelizmente tinha partido, porém Barnes não sentia-se mais tão triste, ele pensava sempre que sua mom estava feliz em um lugar melhor. Todavia o pai do garoto estava entregue a bebida, dia após dia sua situação agravava-se, mas o menino de olhos claros tentava ajudar da maneira que podia.

- Pronto James, chegamos ao maldito parque, agora vá brincar e me deixe em paz. - o homem de pouco mais de quarenta anos rispidamente esbravejou.

- Tá bom papai...

O garotinho tristemente deu de ombros e correu em direção aos brinquedos. O pequeno James estava pronto para usar a gangorra, mas nenhuma das outras crianças parecia interessada, à não ser um garotinho loiro de olhos azuis como o céu, seu sorriso era, ainda é encantador, suas bochechas levemente rosadas por conta da exposição ao sol. O loirinho aproximou-se um tanto acanhado, suas mãozinhas atrás das costas e um olhar cabisbaixo.

- Oi, eu sou o Steve - tão novo e tão doce, seu olhar resplandecente logo cativou o moreno.

- Barnes sorriu - Eu sou o James.

O pequeno Steve mostrou a língua fazendo uma cara engraçada - James é e-estranho.. você vai ser o meu Bucky. - sorriu - Você quer ser meu amigo, Bucky ?

- Claro que eu quero Steve.

Os garotinho tornaram-se adolescentes e muitas coisas aconteceram. Aos 14 anos o pai do ainda jovem James faleceu, a partir daquele desastre, Bucky começou a morar com os pais de Steve, seu único amigo e presente em todos os momentos, a família Rogers abrigou o garoto com todo carinho. A mãe e o pai de Steve tratavam o menino como um filho, com todo o amor que tinha direito e fazia muito bem ao James - Foram os momentos mais felizes da minha vida, dizia o rapaz sempre que ele e Steve conversavam sobre o passado.

Adultos, sua amizade só crescia. Apesar de todas as coisas ruins que passaram, além da morte de Jack Barnes, também tinha a partida dos pais de Steve, os amigos sempre estavam juntos, apoiando um ao outro, como uma família.

Flashback off

Bucky subiu pelas escadas demoradamente, seus pés vacilaram muitas vezes, talvez por conta do cansaço ou porque simplesmente já não importava mais. O engenheiro sempre reclamava do fato que o pequeno prédio não possuía um elevador, mas isso não o incomodava muito. James adentrou o apartamento moderno rapidamente, seus dons em relação à engenharia e um pouco da arquitetura, faziam o pequeno apartamento parecer incrivelmente grande, suas paredes em um tom de bege e os móveis pequenos, porém sofisticados e bonitos, mas isso não era o que mais agradava ao rapaz, as coisas mais importantes eram as lembranças, ilustradas nos inúmeros portas-retrato.

Chaves sobre a mesa, acompanhadas pela carteira e o smartphone novinho, já que o outro havia quebrado. A única luz acesa era a da cozinha, tornando o ambiente aconchegante e misterioso. Barnes caminhou em passos leves até seus aposentos, deixando sequencialmente as peças de vestuário que trajava caírem pelo corredor pouco iluminado.

O homem de madeixas longas deitou-se na enorme cama macia, relaxando seu corpo que encontrava-se envolvido em uma atmosfera prazerosa. Um não tão audível gemido saiu da boca dele. Lábio mordido, olhos fechados, sua mão trabalhava gradativamente mais rápido a cada segundo, seus pensamentos embaralhados e palavras desconexas atiradas ao vento. Tão despreocupado, tão entregue. Um grunhido mais alto e incrivelmente rouco anunciava a chegada do ápice final do engenheiro. Seu peito suado e alguns fios rebeldes em sua face, sexy e cansado. O engenheiro tomou um banho frio, permitindo que a água gelada percorresse suas curvas torneadas, -Revigorante, era a palavra ideal para descrever a sensação de um banho bem tomado. Seu corpo mais uma vez deitado na imensidão branca e aconchegante que era o colchão daquele cômodo.

Aquela noite o sono demorara a chegar, mas Bucky estava acostumado, todas as noites a mesma coisa, o sono parecia sempre fugir, os sonhos que antes eram tão frequentes agora eram substituídos por pesadelos, muito deles com o pai do rapaz ou melhor, com ele.

James sonhava muitas vezes com a mesma situação, ele caído em um lugar qualquer, bêbado, sem amigos, sem famílias, sem amor. Isso o atormentava, não queria ficar sozinho, não queria sofrer, ele só queria alguém que o amasse, alguém que pudesse compartilhar de uma felicidade e queria principalmente a amizade de um certo loiro, o que tinha de mais nisso? seria tão errado querer algo assim?. O sono havia chegado, levando o rapaz para o inconsciente e deixando que muitas perguntas não fossem respondidas, porém naquela noite não seria diferente, os pesadelos sempre voltavam.

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