No Regrets, Just Love

251 29 10
                                    

Pensei em correr atrás de Tom e tentar me explicar, mas percebi que não havia o que dizer, não havia explicação. Ele tinha me ouvido negar mais uma vez que existia algo entre nós. Mesmo depois de tudo que conversamos e dos momentos juntos na cama. Estava claro que entre nós existia muita coisa, eu nunca me senti tão envolvida com alguém, mesmo assim eu negava isso para mim mesma. Voltei para a ilha de edição e tentei inutilmente me concentrar no trabalho, mas depois do almoço disse a Ian que precisa resolver um problema serio de família e fui embora. Liguei para ele e desliguei assim que caiu na caixa de mensagens. Eu não sabia o que dizer. Caminhei pra casa com a cabeça fervendo de pensamentos, eu precisava tomar uma decisão que mudaria minha vida. Em casa esperei inutilmente que talvez ele ligasse pra mim como fez das outras vezes, mas percebi que era muita arrogância minha esperar que depois de ser rejeitado pela terceira vez ele me procurasse novamente.

Fiquei ali no sofá de casa com os pensamentos a mil encarando o telefone, a noite esfriou de maneira inesperada e senti falta do calor da pele dele, da sensação boa que tenho quando ele me toca. Fiquei a mercê dele quando ele encostou na minha pele, o homem claramente tem o dom da sedução, pra ele deve ser uma arte. Ele diz as coisas certas, ele faz as perguntas certas, ele escuta e sorri pra tudo que falo, o hálito dele de hortelã no meu rosto é a melhor sensação do mundo, me peguei rindo sozinha.

— Meu Deus a quem quero enganar? Estou completamente apaixonada por aquele homem.

A TV voltou do intervalo e a imagem dele aparece chamando minha atenção, aumentei o volume e a repórter anuncia uma última entrevista coletiva dele antes que volte para a Inglaterra. É isso, preciso fazer isso. Se ele não vem até mim, vou até ele, ele merece depois de tudo que fiz.

Mal consegui dormir aquela noite tentando pensar em algo para dizer a ele, levantei bem cedo e comecei a andar de um lado para o outro no apartamento, o coração cada vez mais descompassado no meu peito. Coloquei um jeans preto com uma camiseta branca e uma jaqueta, peguei a bolsa e fui em direção ao hotel que ele estava hospedado. Eu não fazia ideia do que dizer a ele, mas eu precisava estar lá.

Entrei no saguão colocando os óculos escuros, o lugar estava lotado de repórteres, fotógrafos e alguns fãs. Me dirigi até a recepção e limpei a garganta antes de falar.

— Bom dia. Por favor, em que salão será a coletiva?

— Bom dia, senhora. De que jornal ou revista você é? — a funcionaria perguntou abrindo o que parecia ser uma lista de nomes.

— Ahh, então. Meu companheiro provavelmente já entrou, eu me atrasei.

— Qual sua fonte? — ela insistiu.

Então como que enviado pelo próprio Deus vejo um paparazzi que está sempre de plantão na porta do estúdio saindo para o saguão.

— Ali está ele, obrigada!

Sai deixando a funcionária confusa, puxei o homem pelo casaco ate um canto.

— Ei o que é isso quem é você?

Tirei os óculos e o encarei.

— Oh meu Deus, Bárbara a namorada. — ele falou em voz alta.

— Shhhh... Quer ganhar fotos exclusivas? Me dê sua credencial preciso entrar nessa coletiva.

— O que?

— Preciso entrar ali estou desesperada e estou te oferecendo quantas fotos do Tom comigo você quiser. — ele me olhou incrédulo. — Mas eu preciso entrar ali, ou ele vai embora e eu provavelmente nunca mais vou ter essa chance.

Meu tom de voz mudou de repente me dei conta que essa é mesmo minha última chance. Ele me olhou por alguns segundos, depois olhou para o relógio e novamente para mim. Você tem dois minutos. E vou ter que entrar. E eu não quero duas ou três fotos, quero no mínimo umas vinte.

— Quantas você quiser.

Encaro ele com olhos de súplica e ele assente.

Tiro o crachá dele pelo pescoço e coloco em mim rapidamente.

— Siga pelo corredor na última porta a esquerda, já vai começar você precisa correr.

Antes que ele termine a frase eu já estava correndo pelo longo corredor. Entrei na sala passando pela segurança e tentando fazer o mínimo de barulho possível, caminhei por entre as pessoas tentando ter uma visão melhor, e de repente, estou de frente para ele, ele não pode me ver, os flashes devem estar cegando sua visão. Ele está de óculos, com aquele ar intelectual, uma camisa azul clara com as mangas dobradas nos antebraços, não consigo ver suas pernas, por que ele já estava sentado, seus olhos atentos concentrados nas perguntas.

Respirei fundo, o coração batendo forte no peito. O que estou fazendo aqui? O que vou fazer? Eu pensava desesperada. Ele respondeu todas as perguntas, educado e sorridente como de costume. Quando uma pergunta me chamou atenção me tirando da hipnose que aquele homem me deixava.

— Quanto tempo ficará em Los Angeles?

— Não. Estou indo embora hoje à noite. Por isso convoquei essa coletiva.

O mediador anuncia que serão as últimas perguntas. É agora, preciso fazer alguma coisa.

Um repórter baixinho levantou o braço e foi escolhido para perguntar.

— Em sua última aparição saíram umas fotos bem íntimas suas com uma jovem que vive aqui, e parece ser a mesma a quem você agradeceu no discurso do Globo de Ouro. Então... — ele ri — Como estão agora?

Meu coração parecia que ia sair pela boca. Tom abaixou a cabeça por um momento com um meio sorriso e disse:

— Era apenas uma amiga. Então continuamos assim.
E meu coração se parte ao meio. Então foi isso que ele sentiu quando me ouviu ontem, sinto-me a pessoa mais horrível do mundo.

Sem pensar levantei a mão quando o mediador pediu a próxima pergunta.
Alguns repórteres me olham quando ele me escolhe e Tom prendeu a respiração quando me reconheceu no meio dos outros. Ele soltou o ar, seu rosto estava sério, não sei se ele esta feliz em me ver e então resolvo falar.

— Há alguma chance de você e essa jovem virem a ser algo mais que amigos?

Ele me encarou por alguns segundos e respondeu.

— Eu achava que sim, mas ela me garantiu que não.

Há um barulho de cochichos pelo salão e continuo.

— Mas e se ela...

— Apenas uma pergunta por pessoa, por favor.

O mediador me interrompeu e Tom tocou no seu braço dizendo que tudo bem.

— Continue! — Tom disse olhando direto para mim.

Respiro fundo buscando a coragem e continuo.

— E se ela, essa jovem... E se ela dissesse que agiu feito uma idiota, e que sente muito e que adoraria ser muito mais que uma amiga para você. Você reconsideraria também?

Mais cochichos na sala, todos os repórteres começam a me analisar, minha boca estava seca, estava provavelmente suando de nervoso. Ele me encarou por mais alguns segundos e respondeu.

— Sim, com certeza.

Todos falam ao mesmo tempo, agora e relaxei, meu coração parece se acalmar, ele ainda me quer. Eu não estraguei tudo. Respiro pela boca tentando retomar o controle do meu corpo.

Então ele ainda sério pede que um dos repórteres repita a sua pergunta e ele o faz.

— Quanto tempo ainda pretende ficar em Los Angeles?

E ele finalmente abre aquele sorriso, aquele sorriso maravilhoso que acalma meu coração e responde.

— Indefinidamente.

E eu solto uma risada sem querer, tapando imediatamente a minha própria boca.

E os fotógrafos finalmente me reconhecem e os flashes se viram para mim. Mas eu não me importo, estou presa ainda nos olhos de Tom que ainda me encara sorrindo.

A confusão fica incontrolável e um segurança me puxa pelo braço me conduzindo para os bastidores, perco Tom de vista e sou empurrada por uma porta menor, quando tento sair ele entra apressado e eu sem pensar corro pegando ele pela mão.

— Onde fica a saída? — pergunto.

E ele imediatamente me puxa em direção a uma porta atrás de mim. Saímos por ela em direção a rua. Em poucos minutos estamos no meu apartamento, quando ele finalmente fala ao passar pela porta.

— Quer ser minha namorada?

Sorrio para ele e corro na sua direção pulando em seu colo.

Nos beijamos como nunca antes, há paixão, há desejo e há cumplicidade. Fizemos amor à tarde inteira aquele dia. Mais tarde sentados na cama, abraçados em silêncio eu me dou conta do adiantado da hora.

— Você não tinha que pegar um avião? — Questiono com medo da resposta.
Ele parece pensar por alguns segundos antes de responder.

— Acho que posso ficar mais um pouco.

Levanto me soltando do seu abraço e o encaro antes de falar.

— Fique pra sempre.

O olhar dele encontrou o meu. Olhos azuis tão intensos. Senti borboletas voarem no meu estômago e tive certeza que a sensação que eu senti quando nos beijamos pela primeira vez e achava ser como um choque elétrico pelo meu corpo, era apenas meu inconsciente me dizendo que eu havia encontrado o amor.



Muito obrigada, não deixe de votar!!

Body ElectricOnde histórias criam vida. Descubra agora