É verão em Carolina, como sempre esteve todas as vezes que estive aqui. Costumava vir passar as férias na casa da tia Cora todo verão nos últimos anos, mas agora as coisas mudaram. Aqui seria minha casa.
Deixar o Texas foi uma das decisões mais difíceis que tomei em toda minha vida, que, aliás, não é tão longa assim. Foi necessário deixar todo meu passado e tudo o que passei.– Querida, posso entrar? – Tia Cora deu duas batidas na porta, fiz sinal que entrasse. – Está ocupada?
– Não. Acabei de terminar de guardar no armário as últimas coisas da caixa.
– Convidei a família de Mila Martin para jantar conosco, se importa?
Era modesto da parte de tia Cora querer que me sentisse em casa, como no Texas. Mas me deixava sem graça ter que submeter a todos suas decisões.
– A casa é sua tia, sem problemas.
Depois de um banho quente, vesti shorts e uma camisa larga do meu irmão que havia trago. Ele não precisava saber disso, afinal era uma de suas preferidas. O cheiro de frutos do mar tomou conta do ambiente, não estava acostumada a comer camarão no jantar, aliás, em qualquer refeição. Tia Cora deve ter esquecido da minha alergia.
Acho que me atrasei um pouco, quando desci todos já estavam postos na mesa. O jantar aqui costuma ser pontual, ás sete, eu não estava acostuma em comer tão cedo.
– Antes tarde do que nunca. – disse meu avô.
– Mila essa é minha sobrinha Sarah, do Texas.
– Muito prazer, sua tia falou que você é uma excelente aluna.
– O prazer é meu.
Sentei ao lado do meu avô e de tia Cora, a minha frente estava um garoto, não muito diferente dos que se encontra em vários lugares do mundo. Ao seu lado tinha uma garota de cabelos enrolados, deduzo ser sua irmã.
– Fiz uma sopa de legumes pra você, Sarah, está no fogão.
– Ela é alérgica a camarão. – Tia cora disse ao pessoal enquanto eu me servia da sopa.
Enquanto todos estavam em um assunto a respeito da inauguração de um restaurante, permaneci em silencio, junto ao garoto, que revezava seus olhares em mim e em sua sobremesa, que aliás, estava ótima.
– Gabriel, meu filho, por que não convida a Sarah para o festival de lual no píer hoje à noite?! Tenho certeza que ela vai gostar.
Minha tia me olhou curiosa, com certeza queria que eu aceitasse, mas eu não estava mesmo a fim de fazer amizades por aqui. Depois do ocorrido no Texas, não quero amizade por um bom tempo. Prefiro minha velha e grotesca companhia, ou dos episódios que preciso por em dia.
– Acho que não mãe, esse tipo de lugar não faz o tipo dela.
A resposta do garoto me deixou curiosa, e irritada. Quem ele ousava ser para deduzir que tipo de lugares eu ia?
– E que tipo de lugar é o meu tipo?
– Não sei. Mas com certeza não esse.
Ele nem se quer me olhou, estava falando da boca pra fora.
– Ela pode gostar, quem sabe. – Percebi como ela olhou para o filho, praticamente implorando para que me levasse junto. Me pergunto se não foi tia Cora que armou tudo para que me fizesse sair um pouco de casa.
Desde que cheguei não coloquei os pés para fora do quintal.
– É, pode ser. – ele disse dando de ombros.
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Céu de Carolina
RomanceDepois de deixar vários acontecimentos, Sarah se muda para Carolina a fim de esquecer o passado. Ela está decidida a não se envolver com ninguém, até conhecer novas pessoas que a fazem mudar de conceitos e princípios. Céu de Carolina é uma história...