23/09/2007
~flashback on~
Estava no carro da minha tia, à caminho do cemitério, onde aconteceria o enterro de minha mãe.
Ainda não entendia muita coisa do porque ela havia morrido, o porque me deixara sem se despedir, sem me dar um beijo, ou um abraço apertado.
Estava com saudades.
Essa era a única coisa em que eu pensava enquanto íamos para o funeral.
Eu ainda tinha oito anos e não compreendia o porque das coisas ruins acontecerem em nossa vida toda hora.
- Anna, vamos querida, nós chegamos.- Disse Carina, minha tia, tirando-me de meus devaneios misturados em choros e soluços.
Assenti, saindo do carro, segurando delicadamente suas mãos pálidas e pequenas.
Em todo o enterro fiquei em silêncio o máximo possível.
O que mais se ouvia era o choro falso e escandaloso de várias pessoas, mas também muitos silêncios sinceros. Um deles, era o meu.
Por fora eu parecia calma, mas por dentro, estava acontecendo a terceira guerra mundial, que me esgotava por completo, acabando com todas as minhas forças físicas e mentais.
~flashback off~
23/09/2016
- Já se passaram oito anos desde que sua mãe morreu, não é? - Perguntou Alicia, minha melhor amiga.
- Sim, estou tentando não pensar nisso o quanto eu puder. - Respondi enquanto tomava um gole de refrigerante.
- Desculpe, não quis te deixar triste. - Disse ela me olhando, como se estivesse pensando em alguma coisa.- O que acha de darmos um passeio? Só nós duas!?
- Acho que sim.- Suspirei, um pouco desanimada.
- Vamos lá garota, animação! - Ela vai até a porta do quarto dando pulinhos e sorrindo.
- Hoje é o aniversário de morte da minha mãe Alicia, como você quer que eu me anime!? - Pergunto à ela, me jogando na cama, quando percebo que a mesma ja havia saído do quarto.
- Com isso!- Ela diz recostando-se no batente da porta e me joga uma sacola.
Tiro de dentro da mesma um vestido curto azul marinho florido, e uma sapatilha preta com um lacinho na frente.
Olho para Alicia, que estava me encarando sorridente. Levanto correndo da cama indo lhe abraçar.
- Hey mocinha calma, você ainda precisa de mim no futuro, não precisa me matar agora com seu abraço de urso. - Ela diz forçando um riso, me fazendo soltar.
- Obrigada Aly e... desculpe.- Coro de vergonha, abaixando a cabeça.
Entro no banheiro, tomo um banho rápido e visto a nova roupa, que por sinal, caiu super bem em mim.
Desço as escadas que vão para a sala e encontro Alicia sentada no sofá, tão concentrada em seus joguinhos que nem percebe minha presença ao seu lado.
- Oi.- Digo e no mesmo instante ela pula do sofá, caindo imediatamente no chão.
- Pra quê isso? Posso saber? - Ela pergunta massageando o local dolorido por causa da queda.
Balanço a cabeça em negativo enquanto rio de seu estado.
Ela já havia trocado de roupa e estava linda. A mesma usava um vestido rosa claro no mesmo modelo que o meu, com uma sapatilha da mesma cor. Tinha os cabelos presos em um rabo, com um laço amarelo prendendo o mesmo.
- Você está linda! Como consegue?- Pergunto apontando em sua pessoa, que agora ja estava em pé parada na minha frente.
- Eu digo o mesmo.- Ela refaz meus gestos, nos fazendo rir.
(...)
Alicia disse que me levaria a um lugar especial, e que eu iria adorar. Pensei que fosse ao shopping, ou ao cinema, pois isso era típico dela.
Porém não foi o que aconteceu hoje. Ela me vendou durante todo o trageto, que durou mais ou menos umas duas horas.
Eu ja estava querendo matar a minha melhor amiga quando ela avisou:
-Chegamos!
-Até que enfim, pensei que eu fosse apodrecer nesse carro de olhos vendados.- Eu disse pronta para tirar a venda quando a de vestido rosa se aproximou e puxou-a de volta.
- Ainda não chegamos sua apressada.- Ela riu de meu desespero e nervosismo.
Eu já estava suando frio de ansiedade, e isso estava agradando Alicia mais do que nunca.
Caminhamos por uns quinze minutos, que poderiam ter sido cinco, se eu não estivesse tropeçando em tudo à cada três segundos.
Alicia para me fazendo parar também, ela faz um pequeno suspense, e tira a venda ficando em minha frente.
Percebi que ela estava com uma cesta de palha em mãos, sorrindo para mim.
- Espero que você e sua mãe gostem da surpresa que eu preparei para vocês. - Ela diz sorrindo e me virando delicadamente.
Assim que viro por completo, me deparo com um enorme campo gramado.
O lugar era totalmente incrível, o que me deixou sem palavras na hora. Fiquei alí parada, boquiaberta com o paraíso à minha frente.
Minha mãe adorava tulipas, mas nunca havia dito isso para Alicia.
-Como descobriu que tulipa era a flor preferida da minha mãe? - perguntei me voltando á ela, esperando uma resposta.
- Bem, digamos que um passarinho pálido e pequenino chamado Carina me contou. - Ela sorriu para mim, começando a caminhar.
~~~~
Depois da morte de minha mãe, Carina foi minha companheira de todas as horas durante todo o meu crescimento até agora, e espero eu, até muito depois.
Ela cuidou de mim e me educou como uma filha que nunca teve. Infelizmente, ela é estéril e nunca pôde ter um filho criado de seu próprio ventre.
Então ela adotou Alicia quando eu tinha doze anos. Depois disso, viramos melhores amigas e literalmente irmãs.
~~~~
Caminhamos até uma grande árvore que nos doava muita sombra, e alí decidimos ficar e fazer um piquenique.
- Eu sei que essa data é importante para você Anna. Por isso tentei fazer de tudo para ser especial tanto para você, quanto para sua mãe. - Ela disse pegando um sanduíche, me entregando outro em seguida.
- Essa foi a coisa mais especial que já fizeram por nós, obrigada. - Eu tentei passar em um abraço o agradecimento por tudo que ela havia feito por mim durante todos esses anos, sempre se lembrando de minha mãe.
Mesmo sem a conhecer, tenho certeza de que minha mãe adorava Alicia de todo o seu coração, onde quer que estivesse.
~~♡~~
Olá meus chocolatinhos, tudo bom? Espero que sim! ^^
Então, esse foi o primeiro capítulo da minha historinha. Espero que tenham gostado e que queiram continuação.
Deixem a estrelinha pois ajuda MUITOO na minha motivação pra escrever mais e mais capítulos pra vocês.
Um beijão e até o próximo capítulo, bye!! 💕💕
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Revelações de Uma Morte
Teen FictionAnna sofreu com a morte da mãe quando criança e começou a morar com a tia e a melhor amiga. Quando o aniversário de morte de sua mãe completa oito anos, coisas estranhas começam a acontecer na vida de Anna. Quais serão os mistérios que ela enfrentar...