Capítulo 2 - Liz

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  PEDIMOS nossas respectivas bebidas e sentamos em frente ao balcão. Após o barman trazer nossos drinks e Thomas tomar um gole, ele vira pra mim e diz arqueando as sobrancelhas:
  -Hoje é seu dia de sorte, mocinha!
  -Como assim? - Pergunto após um gole.
  -O seu cara misterioso está aqui.
  -Mesmo? Onde?
  -Sua direita, última mesa, sozinho.
  Quando olho na direção dele, foi como se eu tivesse me petrificado. O cara era realmente intrigante. Pensei que ele se escondia porque era feio. Pelo contrário, Alexander tinha seus cabelos negros bagunçados, uma barba por fazer e olhos azuis misteriosos direcionados ao nada.
  -Ele é bonito - disse confusa após conseguir desviar o olhar.
  -Achou que ele era um dragão ou algo do tipo? - Meu amigo disse rindo.
  -Não, só não esperava que ele fosse assim. - Uma pausa se instalou. - Ele tá bebendo Whisky puro.
  -E daí?
  -E daí que... Você verá! - Dei sinal pro barman.
  -O que você vai fazer Liz?
  -Pode fazer o favor de entregar um copo de Whisky puro naquela mesa para mim - Pedi ao barman, ignorando a pergunta de Thomas.
  -Liz?
  -Ele vai olhar pra cá quando receber a bebida, não olhe de volta.
  Segundos depois, o barman volta, eu levanto da cadeira, pago a conta e vou embora.
  -O que você...? - Começou Thom, alguns minutos depois.
  -Você disse que ele é um cara misterioso, certo? Que não tem contatos ou redes sociais.
  -Sim, mas que merda foi aquela, sua doida?
  -Espere e veja, em menos de dois dias, estarei conversando com o Alexander normalmente.
  -Aham, tá.
  -Acredite se quiser. - Dou um sorriso e bocejo. - Tenho que ir Thom, está tarde, amanhã tenho aula.
  -Okay, boa noite, Liz.
  -Boa noite, Thom.
  Voltei para o meu dormitório refletindo sobre o dia, principalmente o final dele. Eu não tinha cem por cento de certeza de que o cara misterioso começaria a falar comigo. Mas confiança é tudo. Sem contar que, um velho ditado que eu amo diz: a esperança é a última que morre. Então se eu tenho que escrever esse artigo, eu irei fazer de tudo para deixá-lo inigualável.
  Chego no meu dormitório e, ao que tudo indica, Rebecca está dormindo. Entro no meu quarto e jogo a chave na escrivaninha ao lado da cama. Pego minha toalha, uma muda de roupas de dormir, calço os chinelos e vou para o banho tomar uma ducha quente. Ao voltar pra cama, apago as luzes e deixo apenas o abajur da minha escrivaninha ligado. Não, eu não tenho medo do escuro, tenho medo do que ele pode esconder.
  Acordo com meu despertador às seis e meia da manhã, minha cabeça estava um pouco dolorida. Chego a uma suposição de que a dor vinha da bebida e do estresse de ontem, então tratei de tomar logo uma aspirina e ir para o banho. A água fria foi um choque, Becca provavelmente já havia acordado para sua caminhada matinal e deixou a porcaria do chuveiro assim. Amaldiçoei mentalmente minha colega de quarto enquanto mudava a temperatura.
  Após sair e escovar os dentes, bagunçei meu guarda-roupa a procura de algo sexy, mas não tão chamativo. Descobri que sou uma garota que valoriza mais o conforto. Então acabei vestindo uma camiseta branca colada e uma jaqueta preta de couro. Por fim, coloquei uma calça jeans escura e calcei um tênis qualquer. Fui pra frente do espelho e prendi meu cabelo em um coque, mas achei sério demais, então apenas deixei minhas madeixas loiras soltas caindo até a metade da minha cintura.
  Agora vocês me perguntam... Para que isso tudo? Bom, temos um garoto misterioso para desvendar, então o mais indicado seria jogar na mesma moeda. O único obstáculo do dia era que eu não fazia ideia se ele estava em alguma classe que eu cursava, porque eu não costumo prestar atenção a ninguém além de meu professor.
  Peguei minha bolsa, coloquei meu notebook, um bloco de anotações e uma caneta dentro, apoiei em meu ombro direito, saí do dormitório e tranquei tudo.
  Como de costume, fui até o refeitório, peguei uma bandeja com dois sanduíches de manteiga de amendoim com geleia, um copo de leite e paguei. Como não vi nenhum rosto conhecido, sentei em uma mesa vazia.
  Depois de lanchar, fui até o carrinho de café e comprei um café puro grande.
  Faltavam quinze minutos para minha primeira aula, e o prédio da classe de redação se situava um pouco longe, então corri bastante. Por um milagre, cheguei no horário. Sentei no lugar de sempre, olhei em volta e nem sinal do cara misterioso.
  Foi só na quarta aula que eu o vi, era filosofia. Quando entrei na sala, ele estava no canto esquerdo da última fileira, seus olhos azuis encontraram os meus, ele sorriu, mas não um sorriso fofinho do tipo "obrigado pelo whisky", era um sorriso intrigante, levemente sarcástico. Desviei o olhar como quem não quer nada e sentei no lugar de sempre.
  Ao término da aula - que havia sido extremamente interessante, por sinal - fui uma das últimas a sair, pois estava terminando minhas notas. Então levantei com meu bloco de papel e minha caneta em mãos, pois não havia tempo de guardar tudo.
  Não tão imprevisívelmente, acabei tropeçando no corredor a caminho do meu dormitório. Graças aos céus, não levei um tombo, mas meu bloquinho é minha caneta caíram no chão. Antes que eu me abaixasse para pegá-los, alguém o fez.
  -Cuidado, Elizabeth! - Disse Alexander, me entregando os objetos enquanto eu o encarava com uma cara confusa.
  Ele riu, se divertindo com a situação e foi embora, me deixando completamente pasma.
  Peguei meu celular e liguei para Thomas, ele atendeu no terceiro toque.
  -Fala, Liz!
  -Thomas, como anda a sua parte? - Falei enquanto retomava a caminhada até meu dormitório.
  -Bem, acho. O brasileiro está na minha classe de astronomia, sentei perto dele, é um cara legal.
  -Ótimo!
  -E a sua parte, Liz?
  -Tenho um avanço bastante significativo. Me encontre no meu dormitório às seis da noite, vou te explicar tudo.
  -Fechado. Até mais tarde.
  -Até.
  Desliguei, andei mais um pouco e cheguei ao meu prédio. Abri a porta e vi Rebecca esticada no sofá vendo algum filme.
  -Oi, Liz! Estava te esperando pra ver se queria pedir algo pro almoço. - Ela diz após pausar o filme.
  -Oi, Becca! Você deve estar realmente faminta, despois de ontem... - Lancei um olhar cúmplice pra ela.
  -Menina, você viu aquilo? Mil desculpas! - Ela disse rindo.
  -De boa! Que tal chinesa?
  -Prostitutas são proibidas nesse país, amiga! - Diz ela em tom de repreensão enquanto caímos numa gargalhada. Rebecca é a melhor colega de quarto que eu poderia ter, ela não é bangunceira e topa qualquer coisa. Claro, ela tem manias irritantes, como qualquer outra pessoa normal teria, mas seus "prós" sobressaem aos "contras". Apesar disso, Rebecca é uma das garotas mais bonitas que já vi em minha vida, sua pele é negra e seus olhos cor de âmbar, tem um corpo atlético de fazer inveja e um sorriso incrível.
  -Eu quis dizer comida chinesa, para o almoço! Louca!
  -Ah bem! Já vou ligar. - Ela levanta e vai até seu quarto pegar o telefone.
  -Becca! - grito da sala.
  -O que foi? - Ela responde no mesmo tom.
  -Que filme você está assitindo?
  -Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban. - Ela diz abaixando o tom enquanto vem sentar ao meu lado.
  -Posso voltar ao começo?
  -Claro, os garotos estavam entrando no trem ainda...
  -Beleza - volto e me ajeito no sofá  para ver o filme.
  Cerca de meia hora depois, a comida chega, Becca recebe a encomenda e paga o entregador. Dispomos tudo na mesinha de centro e terminamos de ver o filme enquanto almoçamos. Quando acaba, olho o relógio e pego as minhas coisas para ir ao prédio do jornal. Dou minha passada obrigatória no carrinho de café. Enquanto o homem prepara minha bebida, olho em volta e vejo Alexander ao longe, ele esta sentado no chão, as costas apoiadas em uma árvore. Nas mãos tem um livro, o qual não consegui identificar, ao seu lado, tem um copo de café e nos ouvidos, um headphone.
  Paguei meu café e segui meu chamado ao Yale Daily News. Fui direto a minha mesa e liguei o computador. Em cima dos meus diários havia um binhete em uma caligrafia horrível: "Te pego no seu dormitório às oito. -Luke".
  Escrevi um: "Sem chance, já tenho compromisso." E fiz questão de entregá-lo pessoalmente. Quando voltei ao meu lugar, percebi que ele me lançava um olhar confuso. O ignorei e prossegui com meu trabalho. As quatro da tarde, salvei meus arquivos, desliguei o computador e fui para o refeitório comer alguma coisa. Voltei para o dormitório às cinco e fui tomar o banho.
  Foi uma luta achar uma roupa, mas encontrei dois vestidos perfeitos. Vesti o primeiro e tentei fechar o zíper nas costas, não consegui. Minutos depois de muita luta, a campainha tocou. Fui abrir e, obviamente, era Thomas.
  -Fecha pra mim? - pedi ao virar de costas e tirar o cabelo da direção do zíper.
  -Pra que isso, Liz? - Diz ele após fechar.
  -Estou em dúvida entre dois vestidos, você vai me ajudar.
  -Pensei que você fosse me falar de seu progresso. E a propósito, esse é brilhante de mais, se você não estiver indo pra uma discoteca, isso vai ferir os olhos de alguém.
  -Eu vou falar tudo enquanto me arrumo.
  -Então beleza, né.
  Comecei a contar todos os acontecimentos relevantes enquanto vestia o segundo vestido.
  -Fecha pra mim de novo? - me virei.
  -Então eu estou aqui só por isso? - Ele disse fechando.
  -Não, agora nos vamos para o mesmo bar de ontem, mas não vamos juntos, você vai sentar em uma mesa para tirar fotos e eu vou ficar no balcão.
  -Tá, você então acha que o Alexander vai estar lá de novo?
  -Quase certeza.
  -Como ele sabe seu nome? Ele é do FBI?
  -Você já perguntou isso antes - Falei rindo. - E eu ainda não sei a resposta. Aliás, o que achou deste? - me referi ao vestido enquanto prendia meu cabelo em um rabo de cavalo.
  -Está sexy. Mas não dá na cara. Use este.
  -Beleza. - Falei rindo de sua cara de análise.
  -Mas solta o cabelo, você fica mais gata assim. - Ele diz já tirando a buxinha do meu cabelo.
  -Obrigada, Thomas.
  Meu vestido era um tubinho preto não tão curto, ele tinha um decote de coração e alças finas, de cada lado do quadril, havia um losango que mostrava uma parte da minha cintura e a deixava marcada.
  -Agora coloque um sapato, vou na frente porque ainda tenho que passar no meu dormitório para pegar a câmera.
  -Beleza, feche a porta ao passar. - Disse indo em direção ao meu quarto. Calcei saltos-não-tão-altos dourados, peguei minha carteira com dinheiro e saí.
  Quando estacionei o carro, dei uma olhada no meu reflexo através do espelho retrovisor. Estava tudo okay.
  Saí do carro e caminhei confiante até o bar, sentei em frente ao balcão e pedi um drink, olhei em volta e vi, na mesma mesa de ontem, Alexander. Ele ainda não havia me notado, então esperei pacientemente no balcão.
  Após minha segunda dose, senti alguém se aproximando e sentando no banco ao meu lado direito.
  -Mais um para a moça, na minha conta. - Disse Alexander.
  -Está querendo me embebedar, senhor Alexander?
  -Só não gosto de dívidas, senhorita Elizabeth. - Ele me lançou aquele sorriso novamente.
  -Como sabe meu nome?
  -Te conto se me contar também. Como sabe o meu?
  -Segredo de estado. - Peguei a bebida que o garçom me trouxe e tomei um gole.
  -Esse vestido caiu bem em você.
  -Obrigada. - Corei sem perceber.
  -Talvez agora eu realmente queira embebedá-la, senhorita.
  -Não seria muito seguro, não sou uma pessoa muito confiável após o efeito do álcool, senhor.
  -Não acha mais interessante arriscar?
  -Não neste dia em particular, amanhã tenho aula, e não posso me atrasar para a de filosofia, de novo.
  -Bom saber de sua aula. - Ele diz piscando para mim e depois sai.

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HEEY Estrelinhaaas! Amei fazer esse capítulo ♡ espero que tenham apreciado também.
Na capa do capítulo temos a foto do nosso querido fotógrafo ♡
Comentem o que acharam e o que esperam do próximo capítulo
Beijos de Luz ☆

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⏰ Última atualização: Jan 10, 2017 ⏰

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