Cadê Tu, Fada?

Três- Morcego & maçã

Ambrosia

-Sua mãe foi buscar a ajuda dos príncipes?- Sussurrou Chany.

Estávamos sentadas no jardim, tentando não gritar de medo cada vez que um vampiro passava.

Assenti.

Chany fez uma careta torcendo a boca.

-O que?- Perguntei um pouco mais alto do que deveria.

-Fiquei sabendo que os príncipes estão fazendo um tipo de greve- Ela suspirou, enrolando os cachos dourados no dedo -Inclusive meu pai. Eles não estão mais salvando as princesas.

Claro que Príncipe e Princesa era usado muito mais por reconhecimento, já que eles já eram Reis e Rainhas.

-Como assim?- Quase berrei.

-Shh!- Chany abaixou os olhos, tentando disfarçar -Algo me diz que sua mãe vai ter que salvar o seu reino sozinha.

Eu cairia na risada se a situação não fosse tão séria. Minha mãe salvando alguém? Piada.

Mas eu sabia que ela iria tentar. Por mim. Pelo reino.

-Eu vou tomar um banho e comer alguma coisa. Estou faminta- Chany se levantou e sacudiu o vestido de seda vermelha.

Ah, que saudade de usar aquela cor.

Eu tinha passado minha vida inteira reclamando de ter que usar apenas vermelho, amarelo e azul. E agora, eu só queria aquelas cores, para me sentir mais próxima à minha mãe.

Porque aquela era a verdade. Todos nós, na minha idade, geralmente não suportamos os pais ou preferimos manter distância. Mas assim que nos vemos sozinhos em apuros, eles são os primeiros que sentimos saudade.

Não meu pai, que era um babaca. Mas da minha mãe... Ela era fútil, tagarela, destrambelhada. Mas eu tinha certeza que ela faria tudo por mim.

Ao contrário do Sr. Teddy, que decidira fazer greve num momento em que minha vida estava em jogo.

Quando voltei à realidade Chany já tinha ido e outra garota estava ao meu lado.

Olhei para ela, me surpreendendo com sua presença.

Ela era negra, tinha cabelos crespos penteados para cima, seus lábios eram fartos e seus olhos pretos como a noite. Ela vestia um longo vestido de algodão verde esmeralda e olhava tão fixamente para a frente, que parecia não me notar.

Pigarreei.

-Olá- Ela pareceu notar minha presença -Desculpe.

Sorri.

-Amby, prazer- Disse.

-Tess- Ela estendeu a mão e eu a apertei.

Tess voltou a olhar para onde seu olhar estava fixo antes.

Segui a direção de seu olhar e observei um jardineiro colendo Magnólias.

Ele tinha cabelos louros e olhos castanhos, era magrelo e sorria mostrando os dentes. Notei que ele olhava para Tess de esguelha e corava.

Não pude evitar de sorrir.

Ah, o amor.

-Por que não vai lá e fala com ele?- Perguntei.

Tess suspirou.

-Está tão óbvio?- Assenti e ela suspirou novamente -Não consigo...

-Se eu fosse linda como você teria quem eu quisesse- E era verdade. Tess era a mais bela jovem que eu já vira.