Sarah ficou olhando melancolicamente para a silenciosa porta da cozinha, vendo a chuva pesada lavar as janelas.
Poderia lavar meu coração, pensou Sarah enquanto olhava para fora.
Suspirou e tomou um longo gole de café, preocupada com o seu irmão, ele era orgulhoso demais para falar com ela depois do que havia acontecido, e teimara em sair naquela chuva.
O alarme de seu celular soou, trazendo-a de volta à realidade. Desligou-o pensando no dia longo que tinha pela frente, mas infelizmente ela não conseguiria manter a mente limpa o suficiente para ser profissional e deixar seus problemas pessoais longe do trabalho. Ela teria de ficar em casa para lhes fazer companhia.
Foi até a sala, pegou o telefone e discou.
— Editora Aurora Boreal, Andréa falando.
— Andréa, é a Sarah. Posso falar como Jhon?
— Sim, Srta. Sarah. Um momento, por favor.
Ela ainda não perdeu a formalidade. Pensou Sarah quando o telefone entrou em espera. Tocava uma dessas musiquinhas de vídeo-game antigo. Tetris, ela pensou, a música deve ser de Tetris. É um bom jogo. Ajuda no raciocínio. Seus pensamentos foram interrompidos quando uma voz suave, mas firme atendeu.
— Alô, Sarah... É o Jhon.
— Oi Jhon – ela sorriu para o telefone. – Estou atrapalhando?
— Não... Sarah, o que foi?
— O quê?
— Você está estranha. Sua voz está distante.
— Estou bem... só... um pouco cansada... – mentiu ela. – Eu... queria saber... dos prazos do meu livro... já escolheram o lugar do lançamento?
Jhon não respondeu de imediato. Sarah insistiu.
— Jhon?
— Estou aqui. Desculpe, estava vendo a agenda... Quer almoçar comigo hoje? Podemos conversar melhor sobre isso.
— Posso ir aí, se preferir.
— Prefiro te pagar um almoço. – Ele sorria ao telefone, dava para reparar.
— Certo, então. Almoço. – ela sorria com mais vontade agora.
— Muito bem, onde eu acho você?
Ela soltou um suspiro risonho. – "Dalla's Bistrô... tudo bem pra você?"
Sarah estava compenetrada demais, escrevendo em sua agenda para notar o homem elegante de olhos e cabelos profundamente negros, parado à sua frente segurando um buquê pequeno de tulipas cor-de-rosa. Já estava ali parado havia quase cinco minutos apenas sorrindo carinhosamente para ela.
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Retorno ao Labirinto
FanficSarah teve treze horas para se embrenhar no gigantesco labirinto, encontrar o seu irmão e fugir. Dezesseis anos depois, ela percebe que alguma porta não foi fechada e que o Labirinto a chama... E ao seu irmão também.