Canalha

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Música indicada: Rihanna, Diamonds.  

Canalha

Adjetivo de dois gêneros

1.relativo a ou próprio de pessoa vil, reles.

2.adjetivo e substantivo de dois gêneros que ou aquele que é infame, vil, abjeto; velhaco

Call center: essa expressão é assustadora.
Eu entrei naquilo pelo dinheiro mesmo, mas no final das contas, vi que não era tão ruim assim.
Era 0800 de um banco popular, difícil lidar com pessoas mal humoradas durante cinco horas e quarenta e cinco minutos.
Não precisei de muito tempo para que corresse um boato, dizendo que, a garota mais gostosa do setor queria sair comigo, quando eu olhei a "mais gostosa do setor" não era grande coisa, mas, algo nela me chamou atenção. Num segundo momento, começamos a conversar, durante o trabalho, através de bilhetes. Ela me olhava de um jeito, parecia estar me despindo lentamente com o olhar. Eu esqueci de um detalhe: Nada de olhares e muito menos flertes fatais! A minha namorada me esperava às 15h na porta do trabalho sempre que podia, para irmos juntas para casa.

Um flerte nunca fez mal, pelo contrário, eu me sentia viva e desejada. As chamas do desejo ardente entre eu e a minha namorada estavam fraquinhas e mixurucas, ela era muito boa de cama, só não tínhamos muito entrosamento na cama, apenas um desejo em comum, ideia de comprar um strapon** para ela me foder, mas nunca foi posta em prática.
Eu estava em dúvida quanto ao convite da moça canalha. Trocamos olhares e promessas de alguns encontros para um chopp (eu sei, talvez tenha ido um pouco longe). Saímos para comemorar o aniversário de um colega de trabalho, ali na Augusta, um barzinho gay. Todos nós estávamos padronizados, calça jeans e camiseta da empresa, afinal, era happy hour**.
A canalha (carinhosamente chamarei assim) estava sempre enchendo meu copo, puxava assunto e dava um jeito de encostar nas minhas coxas, parecia querer tocar-me a todo custo, confesso que eu estava sem graça. Uma hora fiquei mesmo sem reação, ela por duas vezes relou a mão no meu peito.

Naquele dia, dei um perdido na namorada, sentia que seria o primeiro de muitos, disse que ficaria até mais tarde no serviço, e não me senti nem um pouco culpada por inventar essa desculpa.
Depois de algumas cervejas e caipirinhas, ela perguntou:

- Vamos a uma apresentação burlesca que começa em alguns minutos num bar próximo daqui?

Meio encabulada, disse: - Sim!!
Fui recepcionada por uma negra e uma loira, com uma aranha nos peitos, estilo "Elvira, Rainha das Trevas", eu não sabia para onde olhar, se peitos, bunda, barriga, era muito para mim.

Ela quis pagar um show privado para nós, uma sala muito, muito aconchegante e limpa. Sentamos e admiramos o show. Ela olhava a mulher de cima a baixo, mordia os lábios, contorcia as pernas de um modo, como se fosse gozar ali mesmo. Eu confesso que havia esquecido a apresentação e não tirava os olhos da canalha, minha calcinha molhava a cada vez que ela soltava um baixo e intenso gemido:

- Hummm!

Nossos olhares se esbarraram e nos beijamos, beijamos por muito tempo, esquecemos o mundo, existia apenas eu e ela, as mãos percorriam nossos corpos, nossas línguas dançavam, eu sentia o coração dela acelerado como se fosse saltar pela boca, suas levantaram minha camiseta, e quando ela me despia, fomos interrompidas:

- Ei! Aqui vocês não podem fuder não! Só quem tira a roupa são as meninas.

Saímos do bar e entramos num motel pé-rapado com um recepcionista com cara de velho babão, e que esboçou um sorriso de canto quando viu que duas mulheres estavam juntas. Entramos no quarto, e a canalha logo deito na cama, só faltou falar: - Sirva-me!

Eu olhava a luz dos outdoors entrando no quarto e iluminando o corpo dela na cama, juntei-me, beijei seus pés, suas coxas, virilha, barriga, passei a língua e mordisquei seus mamilos e voltei a beijar-lhe a boca. Tirei sua calcinha, beijei seu monte de vênus, estava pondo a língua para fora, quando o telefone dela tocou, ela pulou da cama, pegou o telefone e trancou-se no banheiro, dizendo que precisava atender. Ouvi pouco da conversa, mas ela dizia algo de não poder atender hoje, parecia alterada. Desligou a ligação, vestiu sua roupa e disse que precisava ir. Sem entender, concordei, fazendo um aceno com cabeça, deu-me um beijo e foi embora.

Na segunda-feira, nós encontramos, como se nada tivesse acontecido, saímos com o pessoal do trabalho para beber novamente, e lá estava a canalha e sua esposa, mandou-me um bilhete pelo garçom que dizia:

- Não posso ser exclusividade sua, moro junto com ela há 5 anos, mas meu corpo padece quando encontro um tipo de mulher como você.

Achei surreal, mas, ignorei, sou boa nisso. Curti, dancei, bebi como se não houvesse amanhã. De repente, vejo ela levar a esposa até um táxi, despediu-se e logo veio em minha direção, sentou no meu colo e disse ao pé do meu ouvido: - Eu não esqueci de você.

Fomos ao mesmo lugar, e o velho deu o mesmo risinho debochado e dessa vez eu fiz uma cara feia e perguntei se havia algum problema, ele desviou o olhar e abaixou a cabeça. Quando entramos no quarto, ela me empurrou para cama, tirou minha calça, minha calcinha, me colocou de 4, abriu sua mochila e pegou o lubrificante, lambuzou sua mão e com a outra mão pressionou minhas costas para baixo e enfiou 4 dedos no meu cu, eu gritei e pedi para que ela parasse estava me machucando, ele não me deu ouvidos e eu também fui incapaz de tomar uma atitude, pois vi que ela estava muito excitada com o fato de estar fazendo aquilo. Me virou de frente e esfregou sua buceta contra a minha, estávamos molhadas (sim, eu senti dor e me excitei com a dor), ela me beijava e beliscava meus mamilos, eu pedia para ir com calma, para que não me deixasse marcas, e ela ignorou meu pedido. Entre gemidos de prazer e dor, ela sentou no meu rosto e aos gritos (praticamente) dizia: - Chupa, chupa mais forte que vou gozar! Chupa, sua puta! Acaba com meu grelo!

Ela esguichou seu ''amor líquido'' em minha boca, estava consolada e fraca. Em poucos segundos catou suas roupas largadas pelo quarto e disse que precisava ir, que havia pedido demissão e estava indo morar no Chile com sua esposa. Dessa vez eu disse: - Olha só, eu não sei o que você quer! Você enche meu WhatsApp de mensagens, para que eu não deixe de ir ao bar com o pessoal, que você precisa me ver hoje e que é difícil trabalhar ao meu lado e apenas trocar mensagens através de pedaços de papel, sem poder me beijar e tocar, e agora eu te faço gozar gostoso e você foge novamente, sem ao menos me fazer gozar?? Não sei qual é a sua. – Ela abaixou a cabeça, e com um olhar cínico saiu do quarto sem nada dizer. Quando olhei pela janela, ela entrou no carro de um coroa com pinta de gringo. Ligando uma coisa na outra, eu achei que ela fizesse programa, mas preferi não ir adiante com o pensamento.

Durante a sua ida para o Chile, a canalha, me enviou algumas mensagens dizendo que sentia minha falta. Eu enchi a cara um dia e mandei-lhe uma mensagem dizendo que a amava e não poderia viver sem ela. Sempre perseguia ela nas redes sociais, e via fotos dela com o coroa gringo, ela agradecendo a ele, fotos sem putaria, apenas abraçando ele. Minha cabeça deu um nó! Se ela morava com a guria há 5 anos, quem era o coroa? Qual a relação dos dois? Será que eu estava neurótica demais?

Quando ela foi assinar a rescisão na empresa, nos esbarramos no corredor e fomos beber um café. Reparei que ela estava com hematomas nos dois braços e alguns arranhões no rosto e aparentava estar um pouco atordoada, me pedia desculpas e dizia que não aguentava mais, que a vida dela estava um caos e ao se levantar da mesa e beijar-me no rosto, disse:

- Eu nunca vou esquecer, nunca.

Eu fiquei triste, me senti impotente, ela mal me ouviu. Terminei meu café, e vi todos os funcionários se dirigindo para a porta do estabelecimento. Uma confusão! Sirene, alguns gritos – fui até o pessoal e perguntei o que estava acontecendo. Me disseram que uma moça negra e prostituta, suspeita de matar o marido holandês, havia se jogado na frente de um ônibus, dizem que ela tirou a camiseta antes de se jogar na frente no ônibus e em sua barriga estava escrito ''morta por dentro''.

  Strapon**  Piroca de borracha presa numa cinta.

Happy Hour** É quando os amigos se encontro no bar no final de tarde, após o expediente.


Segundo o Termo da ImoralidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora