53º Capítulo

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Os meus braços encontram-se envoltos a algo quente, um corpo. Os meus olhos abrem-se vagarosamente e clarifico a minha visão apesar do escuro. Preocupada que estivesse junto a alguém que não queria. Fico tranquila assim que me apercebo que é Liam.

“É apenas Liam, acalma-te.” – murmuro, tomando uma respiração profunda.

Fecho os olhos brevemente. Levo as mãos de encontro à minha testa, massajando as têmporas. As palavras trocadas entre mim e Harry ontem à noite assombram-me. A minha mente tende a repeti-las uma e outra vez. Sem conseguir ver o fim da tortura mental, eu decido abandonar o calor aconchegante dos lençóis, deixando Liam e o seu quarto. A minha visão percorre todo o corredor fracamente iluminado. A porta do meu quarto encontra-se aberta, completamente escancarada. A cama encontra-se vazia e o edredons amarrotados. Desvio o meu olhar para a entrada. As chaves do seu carro não se encontram na pequena mesa. Forço o meu caminho para a cozinha e segundo o relógio já passa das dez. Respiro fundo. Estou sem apetite.

Ele foi embora…

O meu subconsciente quase lamenta e não entendo esta sua dor súbdita. Eu estou bem, foi melhor assim, mesmo sem se ter pelo menos despedido ou agradecido pelo que fiz. Porque depois de tudo o que podia esperar? Uma lágrima idiota escapa, porém não a deixo rolar pela minha face. Ele não merece nada que seja vindo de mim, exceto desprezo. E é o que irá receber daqui para diante. Eu devia tê-lo deixado naquela rua. Agora não vale a pena chorar por causa do leite derramado. Se aconteceu é porque tinha de acontecer.

Os meus pés têm vontade própria quando invadem o meu quarto. O espaço ainda tem o seu cheiro, o seu perfume. Abano a cabeça na tentativa de esquecer tudo e rapidamente agarro o meu telemóvel. Não me lembro de o ter deixado aqui ontem à noite, realmente pensei que o tinha trazido comigo para o quarto do meu irmão. Simplesmente esqueço o assunto. Rapidamente digito o número de Hillary, sei que não trabalha hoje e para ser sincera, eu sinto falta dos dias em que saíamos e passávamos as tardes juntas. Desde que Marcel e Harry apareceram que o meu tempo se esgota. Preciso desanuviar a minha mente e estar rodeada pela alegria excessiva de Hil. Só ela me pode fazer rir a este ponto.

“Sky?” – a sua voz forte e aguda soa. Ao telemóvel ainda fica mais fina.

“Hey…” – rapidamente fico sem jeito. Nunca gostei muito de falar por telefone.

“Oh meu deus! Pensava que tinhas desaparecido.” – ela brinca.

As suas palavras atingem-me mais do que deviam. Eu realmente sinto-me desaparecida, ultimamente tem sido assim. Mas também tenho que admitir que a sua escolha de palavras não foi, definitivamente, a melhor. Desaparecimento não é propriamente algo que quero recordar.

“Queres ir almoçar ou assim hoje?” – questiono, levando as unhas à boca com receio de que não aceite.

Burn (Em processo de edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora