Uma decisão.

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1958.
2 anos antes.

Ela estava terminando de ponhar seu vel preto. Seu vestido era simples de renda preta junto aos sapatos da mesma cor.
As lagrimas deslizava por seu rosto, seus olhos estavam vermelhos.
Tudo estava se desmoronando. Parecia que ela estava caindo de um Arranha-Céu aonde ninguém, ninguém a estendia a mão para puxa-la e seu coração voltar a bater.
Ela suspirou quando ouviu baterem na porta. De certa forma já sabia o que queriam informar.
Abriu a porta e viu sua tia. Marta.
- O caixão chegou - ela ajustou o vel na cabeça rechonchuda- Precisamos descer.- Terminou por fim. Lucero nunca havia gostado de Marta mais sabia que ela era uma pessoa boa. Talvez tinha somente uma má impressão, pois Marta comia demais o tempo todo.
- Esta bem, apenas me de dois minutos.- Disse com frieza, desviou o olhar e fechou a porta.
Agarrou as luvas de renda e as ponhou nas lindas e macias mãos que tinha.
Sabia que não podia prolongar mais aquilo devia ser responsável e assumir o titulo de irmã mais velha e cuidar de seus irmãos até porque sua mãe...sua mãe nem era importante pois só ligava para o dinheiro.
Levou a mão até a maçaneta dourada e virou lentamente olhando diretamente para ele.
Abriu a porta devagar e deu um passo, fechou novamente e andou pelo corredor, seus passos sempre eram rápidos mais na quele dia eles aram fracos e pequenos.
Quando chegou na escada agarrou o corrimão, sua mão tremia e tinha medo de cair, viu os rostos que enchiam a sala.
Ela odiava a situação, todos os riquinhos fingindo ter um enorme dor pela perda..só que a perda do dinheiro que António pai de Lucero os proporcionava.
Ela evitou aqueles olhares e foi junto as pessoas que realmente gostavam dela e de seu pai.
- Lu..Lu minha querida-  Disse Benita abraçando Lucero que retrebuiu.
Benita era tia de Lucero irmã de António.
- Tia obrigada - Disse se soltando de Benita.
Foi até Lucia sua irmã mais nova.
- Minha pequena você quer se despedir do papai?- Perguntou tentando ser firme e passar segurança para a menina que tremia e dava a entender o seu pânico.
Simplesmente balançou a cabeça e se agarrou no pescoço de Lucero, passou as pernas por volta da cintura de Lucero e as duas foram juntas ate o caixão.

As horas passaram e as pessoas se despediram e foram embora.
O caixão foi levado e o corpo foi cremado.
Não havia mais nada.
Não tinha mais nada.
Tudo foi em bora.
Lucero estava sozinha não tinha mais ninguém.
Sua mãe era uma pessoa sombria, só via o dinheiro e as joias como felicidade. Lucero não tinha amizade com Izabel, não podia confiar nela.
A unica pessoa que sobrava era Lucia e Luiz seus irmãos que ela teria que cuidar.
Luiz à ajudava pois já era grande tinha 16 anos...o problema era Lucia, tinha apenas 5 anos.
Ela sabia o que Lucia pensava pois a menina sempre viu Lucero como mãe do que Izabel isso fazia a dor ser maior.
- Filha preciso falar com você!-  Izabel disse passando a mão pelo ombro de Lucero que estava tirando o sapatinho de Lucia.

-Depois. Preciso por ela para dormir já que a senhora nunca faz isso.- Respondeu com frieza.
- Está bem..te espero no quarto-   Sem obter resposta Izabel subiu as escadas e sumiu no corredor.
- Lu a mamãe gosta de mim?-  Aquela pergunta doeu no coração e Lucero pois ela também se fazia essa pergunta a anos.
- Claro que sim meu amor todos nós te amamos.-  Respondeu com doçura.
A menina deu um sorriso um pouco limitado mas sincero.
Então Lucero ergueu a menina e a levou ate o quarto, a deitou na cama e apagou a luz, fechou a porta e foi para o abate.

Abriu a porta do quarto e viu sua mãe.
- Que bom que veio- Disse enquanto olhava as unhas.
- Pensei que iria fugir -
- Eu não tenho medo de você.-
- Não precisa - Respondeu se levantando.
- Estamos pobres!  - Disse enquanto seus olhos se concentravam nos de Lucero aonde escondia que seu pai havia deixado uma quantia em dinheiro em sua conta mais não era o suficiente, só duraria por alguns meses.
- Isso é o maior problema que você tem agora ?- Perguntou sinicamente. Aquilo doia, saber que sua própria mãe não ligava para a morte de seu pai. Ela respirou fundo - Não pense que não doeu em mim  a morte de Antonio porque esta doendo. Só que eu penso no nosso futu..- Lucero não deixou ela terminar .
- Não mãe a senhora não pensa no nosso futuro a senhora só pensa em você ! - Aquilo saiu da boca de Lucero como jato. Estava ali parado a anos e finalmente aquilo saiu.
- Eu sei que eu não sou a melhor mãe eu sei que eu não fui a melhor esposa eu sei que eu não sou amiga dos seus irmãos. Mais você não sabe das coisas que eu passei você nunca viveu o que eu vivi. Você não sabe o que não é ser amada. - ela chorou- Por ninguém eu nunca fui amada por ninguém nem mesmo pelo seu pai -
Os olhos de Lucero ficaram arregalados sua razão foi para o chão.
Izabel estava chorando.
Naquele momento Lucero sentiu uma culpa imensa. Ela se deu conta que não conhecia sua mãe que nunca havia perguntado nada.
- Mae...eu - A frase não saiu. Ela não sabia o que dizer.
- Eu até poço ser desse jeito Lucero mais eu amo vocês eu amo mais da minha maneira. Do meu jeito. Vocês três cada um tem um pedacinho do meu coração.- Ela secou as lagrimas.
-Deixa...deixa essa conversa pra depois...estamos cansados. E também não vale a pena estar falando de uma coisa que não tem futuro. Na verdade não existe futuro.

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