17°- Still The One

41 1 1
                                    

Harry nunca soube interpretar e fingir.

Os meninos e eu soubemos disso desde a primeira tentativa de gravação do episódio especial de iCarly, onde ele tropeçou nos fios das câmeras e, claro, nas palavras e não conseguiu fazer com que suas mãos parassem de tremer até que eu o levasse de volta para o camarim e o beijasse por longos e longos minutos.

Para ele, que é alguém educado tão bem por uma mulher incrível e que sempre teve o dom de fazer as pessoas próximas se sentirem importantes e confortáveis em qualquer situação, mentir para o mundo inteiro era algo absurdo que ultrapassava todos os limites.

Para mim, por outro lado, não era.

Isso porque Harry Edward Styles era e ainda é o topo das minhas prioridades, o que desligou meu lado mais ou menos racional e ressaltou o sentimental, obrigando-me a lutar por uma promessa falsa de liberdade jurada pelos nossos agentes à base de contratos inválidos. A liberdade do nosso relacionamento e das nossas verdadeiras vidas, não as que nossos fãs foram obrigados a ver durante os últimos, mais ou menos, cinco anos.

E quando eles apareceram com a proposta de um relacionamento e uma casa públicas e caminhadas para os paparazzis todos os dias, além da frase "você ou o Harry", eu escolhi que fosse eu. Não só pelo fato dele não ser um ator tão extraordinário a ponto de convencer a quem deveria, mas também porque Styles e eu não nos falamos mais. Ao menos não desde que nos afastamos após eu ser um idiota. Um otário covarde.

O problema é que precisamos acobertar nosso antigo relacionamento porque os fãs ainda acreditam em nós. Acreditam em Larry e em tudo que, um dia, realmente existiu.

Eu também acredito e me lembro desses detalhes todos os dias quando vou me deitar na cama que é grande demais somente para mim e que costumava ter o cheiro do seu shampoo nos dois travesseiros, já que Hazza, com as pernas e braços longos, nunca conseguiu se manter em um só lado do colchão.

Ele, por outro lado, preferiu se esquecer de tudo.

- Louis? Já está pronto?

Levanto a cabeça e encaro Liam parado à porta com o quadril apoiado no batente e uma garrafa de cerveja na mão esquerda, o vidro verde parecendo mais brilhante do que qualquer uma das luzes baixas no meu quarto.

- Eu não sei se vou.

Payne encara minhas calças de moletom e, possivelmente, as olheiras profundas e escuras abaixo dos meus olhos que devem estar inchados demais para serem ignorados.

- Harry vai estar lá. - Ele diz, mudando o peso do corpo de um pé para o outro e parecendo desconfortável demais ao citar o nome do garoto que já foi dono de todas minhas promessas, embora ainda sejamos companheiros de banda. Nada mais. - Digo, é óbvio que ele vai estar. É o nosso sábado de PS4.

- Pensei que ele fosse voltar para Londres.

- Yeah, eu também. Algo o fez mudar de ideia de uma hora para outra. - Liam toma mais um gole de cerveja antes de voltar a olhar para mim, deixando os ombros curvarem à frente com um suspiro. - Você sabe que vamos começar a gravar as músicas para o Made In The A.M. a qualquer momento, e seria bem desconfortável para os dois se o clima ficasse tão pesado assim.

Encaro o pedaço de papel entre meus dedos, em que está escrito o começo de uma música que não vai para frente nem que eu tenha um surto de criatividade, e aceno com a cabeça ao tentar me convencer de que não pode ser tão ruim assim.

As coisas não podem dar errado sendo que será somente algumas horas, além do fato de que os garotos também estarão lá.

Certo?

PROJETO: Take Me HomeOnde histórias criam vida. Descubra agora