(Emma Allen)
Assim que cheguei na escola, vi Chandler sentado no chão, olhando para o céu. Fui até ele, percebendo que ele não tinha me visto ainda.
Sentei ao lado dele, e ele virou a cabeça. Quando viu que era eu, me abraçou.
- Meu Deus, Emma. - Ele fala, ainda abraçado comigo. - Não acredito que veio de outro universo.
- É. Eu vim. - Falei.
- Mas espera, ainda faltam 5 meses para você completar 15 anos. Vai ficar aqui esse tempo todo, sem seus dons? - Ele pergunta.
- Quando você falou comigo no telefone, eu percebi que eu fico bem melhor ao seu lado do que ao lado da minha família. Minha mãe não contou para a minha irmã que eu existia. E ainda por cima, descobri que pessoas como nós, que temos dons, não existem naquele universo. - Falo.
- Como assim? - Ele pergunta.
- Parece que quando viemos pela primeira vez para cá, para esse universo, nossa existência acabou naquele universo. E mesmo que a gente volte, não vai mudar nada. Porque eles são normais, e nós somos diferentes daquela dimensão. - Falo.
- Sabe, eu prefiro bem mais ser diferente, do que ser igual aquelas pessoas. - Ele fala.
- Por quê? - Pergunto.
- Quando eu fiz 15 anos, meu desejo foi visitar minha família. Quando eu cheguei lá, meu pai não me deixou entrar em casa, porque ele não queria uma aberração dentro dela. Minha mãe tentou me colocar para dentro, mas ele não deixava. Meu irmão também tentou, mas levou uma surra do meu pai. Eu tive que passar o dia inteiro na calçada da minha casa, na chuva, esperando que eu voltasse para cá. - Ele fala.
- E por que você não foi para aquele seu lugar? - Eu pergunto.
- Se eu simplesmente sumisse dali, as pessoas iriam começar a fazer perguntas para os meus pais, tipo, por que o filho deles some. - Ele fala. - Desde que eu descobri meus dons, meu pai me odeia.
- Chandler, seu pai pode te odiar, mas sua mãe te ama, seu irmão te ama... Eu te amo. - Falo.
Ele me encara por um instante, e depois sorri.
- Eu também te amo, Emma. - Ele fala, entrelaçando nossas mãos.
Deitei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos. Eu me sentia segura ao lado do Chandler. Qualquer coisa podia acontecer, mas se eu estivesse ao lado do Chandler, eu estaria segura.
- Se alguma coisa acontecesse comigo, você me salvaria? - Eu pergunto.
- Não sei porque você perguntou isso. É óbvio que eu te salvaria. - Ele fala.
Olho para ele sorrindo. Coloco a mão que estava livre em seu rosto, selando nossos lábios. Naquele momento, nada parecia ter acontecido.
Parecia que eu não perdi meus dons.
Parecia que Charmander não tinha morrido.
Parecia que eu e Chandler éramos pessoas normais. Adolescentes normais que se amam.
