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Scott McCall

Haviam passado dois anos desde o acidente de carro que levou a morte de minha mãe e o vazio em meu peito ainda é insuportável com sua ausência. Fazia algum tempo que não via a luz do sol e sempre que o Agente McCall ia de um lado para outro a mando de seu trabalho eu lhe pedia para pegar o vôo da noite. Com o tempo passei a me acostumar com a proteção das paredes das casas que ficamos, o controle durante a lua cheia tem sido mais fácil a cada lua e mesmo que tudo que eu quisesse era ver o sangue escorrendo por minhas mãos, eu me controlava.

Dou alguns passos para dentro da casa que vou passar grande parte do meu tempo e me surpreendo com os cômodos grandes. Meu pai havia feito um acordo com seus superiores, algo em ter uma casa fixa por alguns anos. O cheiro de produto de limpeza é forte enquanto levo minha mala ao segundo andar, o corredor largo se abria em suas direções e por extinto ou curiosidade sigo para a direita onde a única porta do corredor está fechada. Empurrando a mesma dou um passo para dentro, as paredes pintadas de azul escuro dão um ar diferente do branco infinto fora do quarto.

A cama de casal no meio do quarto me faz sorri, eu realmente precisava de algo maior que uma cama de solteiro. Deixo minha mala na cama e dou uma volta no quarto, os móveis são sofisticados e brancos, a janela fica a cinco passos da cama e por causa da brisa gelada do fim da tarde as cortinas grossas balançavam de modo que passava despercebido. Caminho até a porta dentro do quarto e enfio a cabeça para dentro do banheiro, um espaço amplo e com ladrilhos azuis. E mais branco, claro.

Fecho a porta e caminho para fora do quarto para conhecer a outra extremidade da casa, a primeira porta está aberta e uma mesa rústica de madeira está no centro com uma pilha de documentos, dois quadros enfeitam as paredes brancas e sem vida. Sigo para o outro cômodo onde as malas de Rafe está sobre a cama, meu pai está encostado na janela do quarto com o celular em sua mão. Me afasto da porta.

— O que achou da casa ? - A pergunta me faz voltar e escorrar no batente.

— Grande.

Rafe se vira em minha direção com um sorriso e guarda o celular no bolso, ele tinha trocado de roupa e isso explicava uma das malas que está aberta. Me afasto novamente da porta a passos curtos.

— O que achou do quarto ? - Pergunta ainda no quarto.

— Tem cor.

                               🍀

Sair de casa para conhecer a cidade que ficaria por algumas longas luas é o que me acalmava, mesmo que a lua cheia iluminasse o céu escuro da noite era bom caminhar em meio ao caos de tantos pensamentos. Encaro o número da nova casa e me afasto para longe.

Minha moto não havia chegado, assim como o carro de Rafe. Mesmo que o carro alugado fosse espaçoso, Rafe ainda preferia seu porshe preto. Eu entendo, também prefiro o conforto familiar da minha moto.
Caminho por entre as ruas iluminadas pela luz dos postes com calma e olho as casas no estilo vitoriana ao redor de mim. Rafe havia saído para resolver algo do trabalho, como sempre. E deixado dinheiro para que pedisse comida, o problema é que minha vontade de conhecer pessoas novas para pedir informação não está no ápice da vontade.

Ando por um longo período até achar uma lanchonete, a essa altura eu estou próximo ao campus de uma Universidade. Meu estômago revira assim que empurro a porta e entro para o ambiente quente e cheio de estudantes. As pessoas se aglomeravam em uma improvisada pista de dança e para uma segunda-feira o lugar parece cheio.
O cheiro nauseante de perfume misturado com cerveja e cigarro recém apagado cobrem o cheiro gorduroso que sai da cozinha. Algumas cotoveladas e empurrões são necessários para chegar ao balcão, me sento no banco onde um homem acabou de sair e uma garçonete vem em minha direção. O uniforme é apertado em seu corpo, mesmo escondida atrás do balcão sei que a saia do uniforme não chega nem em metade de suas coxas. Ela sorri.

Retribuo o sorriso antes de desviar o olhar ao seu crachá e voltar a olha-la, seus olhos tem um tom azul e seu cabelo vermelho está preso ao topo de sua cabeça, a pele bronzeada pelo som me diz que ela passa mais tempo ao ar livre do que presa aqui.

— Aluno novo ? - Pergunta ela mascando um chiclete. — Sou Kelly.

— Cheguei hoje cedo. - Dando de ombros pela mentira pego o cardápio que me oferece. — Scott.

Analisando a lista de lanche por um breve momento, ergo o olhar a garota ainda parada com seu bloco de notas e faço meu pedido. O soar incansável do sino acima da porta me dá dor de cabeça a cada vez que alguém entra ou sai do estabelecimento que parece encher a cada segundo.
O prato de hambúrguer é colocado na minha frente.

— Mais alguma coisa, Scott ? - Pergunta ela piscando os olhos para mim.

— Não, obrigado. - Deslizo uma nota de vinte pelo balcão.

Dou duas mordida em meu lanche e jogando algumas batatas em minha boca a garçonete volta com o troco e seu número em um pedaço de papel, empurro o prato para longe e pisco em sua direção antes de me levantar para sair da lanchonete.

Jogo o papel com seu número em uma lata de lixo enfio as mãos no bolso do jeans, meu estômago ainda revira e o ar fica espesso. Os batimentos cardíacos das pessoas ao meu redor me faz prestar atenção em minha própria respiração. Os pensamentos de sangue fazem com que enfie as unhas nas palmas de minha mão.
Encosto em um carro e puxo o ar, a luz brilha no céu sem nuvem e a dor de cabeça me faz ajoelhar no chão. O som da lâmpada no poste me causa raiva e coloco minhas mãos no chão.

— Se concentra no chão aos seus pés e no ar a sua volta. - Mantenho a cabeça baixa.

Tento manter a atenção em minha própria respiração pesada, mas a latejante dor em minha cabeça parece está sendo causada por uma sequência incansável de batidas de taco de beisebol.
Me apoio no carro com as mãos em punho para evitar arranhar o carro e me coloco de pé. Eu preciso chegar em casa.

Pisco algumas vezes para me livrar da visão vermelha de alfa e tento me lembrar por quais ruas havia andando, escondo as garras no jeans e dou alguns passos pela calçada. Posso ouvir passos vindo atrás de mim, o ritmo lento de seu coração pulsa algo dentro de mim e as presas machucam minha boca.
Mãos me puxam pelo braço com força e meu olhar encontra o da mulher, não tem ninguém na rua. O cheiro podre que vem dela revira em meu estômago e minhas presas me machucam. A mulher não se mexe, sua mão sobe para meu pescoço e esfrega o polegar na pele fina.

— Quem é você ?  - Pergunto.

Ela sorri tirando algo do bolso, afastando a mão de mim ela bate contra a agulha antes de enfia em meu pescoço.

— A lua cheia pode ser perigosa, Scott.

Encaro a mulher um pouco surpreso e me afasto, meu corpo não me obedece e ela volta a se aproximar. Com um sorriso ela passa meu braço por seus ombros e me arrasta por entre as ruas sem nenhum a dificuldade.
Meu corpo está pesado e minha cabeça dói o suficiente para não conseguir pensar em nada, a mulher me solta em frente casa de Rafe e pressiona meu corpo na parede procurando as chaves. Meu corpo desliza para o chão quando a porta é aberta, me puxando pelos braços para dentro ela me joga próximo ao sofá da sala sem se preocupar em me colocar sobre ele.

— Quem é você ? - Pergunto quando ela me dá as costas.

— Alguém que vai precisar da sua ajuda, Scott.

SCALIA: AdultWolf (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora