● Capítulo 1

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Primeiro dia.

Existem dias que parecem um sonho, tudo está exatamente impecável, do jeito que gostamos, no meu caso o cheiro de terra molhada e o som suave de chuvisco me faziam ter essa mesma sensação de dia esplêndido, um clima perfeito para apreciar as folhas do jardim sendo regadas sem meu próprio esforço. Às seis horas da manhã quando me levantei nessa realidade, percebi não está sonhando e ser mesmo realidade, esse seria o primeiro dia da minha estreia como a chef de uma linda cafeteria chamada Doce Cabana, pensei: eu com apenas vinte dois anos realizando o sonho de ser dona de negócios. Tudo estava tão lindo, que até tive uma idéia, apressei me para não atrasar.

Pedi um uber que rapidamente chegou, estava com uma boina azul na qual tinha uma flor de tricô, casaco vermelho e botas, e sempre com uma mania de passar perfume de acordo à cada estação do ano, no caso seria adocicado.
Entrei no carro e olhava pela janela as gotas que embassava toda a visão de fora enquanto pensava na minha grande idéia que contia frio, chuva, xícaras, chocolate e quentura, peguei minha agenda e comecei a notar diversas receitas diferentes de chocolate quente com machimeloum e um toque talvez de cereja ou morango, seria o destaque, a marca registrada da minha cafeteria, porem fui entenrrompida com um cara batendo na porta do uber e eu não fiquei muito contente, o motorista distravou o carro e assim, ele entrou todo molhado, até aí estava tudo bem até que eu lhe perguntasse,

- Será que você não podia sentar na banco da frente?
e ele me respondeu com sorriso sutil:
- Querida, você não tem compaixão?

O mar de rosas que estava meu dia veio ao fim.

Meu coração ardendo, batendo forte, não por paixão por ele ser lindo, mas porque aquela frase me fez refletir, indaguei a mim mesma: O QUE ESSE HOMEM QUIS DIZER COM ISSO? Fiquei sem graça e acho até que o motorista percebeu e me olhou, mas logo o encarei e o mesmo mudou a direção do olhar. Gritei dizendo ficar naquela rua, em frente daquela linda cafeteria.

Chegando lá que desespero, um monte de gente na inauguração, mas mesmo assim tive tempo para concretizar minha idéia. Estavam lá a Gigi e o Zac na qual eram meus melhores amigos e colaboradores, contei tudo para eles e a forma tão estranha que me pareceu.

Ao decorrer do dia o chocolate quente que sinceramente estava sensacional, foi o fenômeno de vendas, porém apesar de tudo isso, não deixei de me pegar pensando na frase: - Você não tem compaixão? Acabei que batizei a bebida de "Choc quente com paixão" seria para um dia extremamente chuvoso como aquele.

As cinco horas da tarde fui pega de surpresa, o mesmo moço que entrou no uber entrou e estranhamente estava na minha frente, meu coração gelou e meus amigos não sabia o porquê de eu está assustada.

- Moço, você está me seguindo?
- Moça, será que talvez eu gostasse de chocolate quente e viesse comprar um?
- Com açúcar?
- Sim, por favor.

Foi um encontro tenebroso.

A noite quando cheguei em casa, em meio a inúmeros pensamentos sobre o caso ocorrido, recordei-me do homem, ele tinha uma beleza dificil de se explicar, além de ser belo, sabia se vestir muito bem, pois estava com um estilo moderno de roupa social, cabelos longos penteados para trás e aparentava ter seus trinta anos.
O que esse homem tão bem vestido quis me dizer com isso? me parecia ser rico, mas geralmente os ricos não tem compaixão.
Peguei no sono pensando nisso e ah como queria entender.

Segundo dia.

Abri meus olhos e esse era o segundo dia mais feliz do ano, já bem cedo, corri contra o tempo, o tempo chuvoso, cheiro de terra molhada, litralmente minha casa molhada, peguei o uber e por incrível que pareça era o mesmo motorista, Ele olhou para mim pelo espelho e sorriu com ternura, levei isso como um ato sem valor. Eu observava atentamente pela janela embassada e pensava no homem, na verdade na frase dele, aquilo me pertubava, estando eu toda molhada com uma boina azul, vestido vermelho e botas, num piscar de olhos certo moço bateu na porta e o motorista distravou, ele entrou rapidamente, e encucada fiquei, prestando atenção e era o próprio homem que não me deixava em paz nos pensamentos, cojitei está na mesma cena passada, se ele fosse um doido querendo me matar? estou sendo perseguida. Pensei em pânico.

Não demorei em lhe dizer,
- Moço, será que você não poderia se sentar no banco da frente?
ele me olhou e percebi que vestiasse com a mesma roupa passada.
- Querida, você não tem compaixão?

Nessa hora eu quase surtei, balançava meu pé afim de me acalmar. Retruquei: não é possível que eu esteja vivenciando isso novamente, a mesma cena, será que estava sonhando acordada? e isso pode existir? será que voltei ao dia anterior?
Queria por um fim nisso, logo.

Entrei no Doce Cabana e meus amigos souberam tudo detalhado do que houvera acontecido. Eles não entendiam e nem sabiam como me aconselhar, na verdade disseram ser coisa da minha cabeça...

O mesmo cara, as cinco horas da tarde, o mesmo chocolate quente. Eu já irritada não pude aguentar e falei:

- Moço, desculpa por perguntar, mas você não poderia ir em outra cafeteria?
- Querida, eu gosto dessa.

Simplismente foi o que ele respondeu.

Eu não compreendia o motivo disso acontecer, pensei ir ao psicólogo, mas preferi optar por uma nova oportunidade para que eu pudesse descobrir a fundo essa circunstância.

Comuniquei para meus amigos e disse lhes que me substituissem no dia seguinte pois seguiria o tal homem. Foi claro que eles não me apoiaram por ser um risco, mas era tudo, ou nada. Ao fim do dia, fui para casa mais cedo, intrigada, sentei no sofá e peguei no sono sem querer.

Terceiro dia.

Um dia de inverno é bom, dois dias é legal, agora, três dias, é demais! Acordei e vi que era o mesmo amanhecer. Tentei dormir novamente, mas despertei assustada num só segundo. Antes era gostoso o cheiro de chuva molhada, ou terra molhada, sinceramente estava confusa, descubrir isso, era minha prioridade com bastante curiosidade. Minhas flores já estavam encharcadas, de fato estava parada no mesmo dia à três longos dias, até entrei em conclusão que o clima frio não poderia ser tão legal assim, então, pisei firme no chão com uma meta de fazer desse dia, diferente. Foco Raquel, já sei tudo o que vai acontecer.

Dessa vez peguei o guarda chuva sendo mais esperta e preferi ir de ônibus, nem passei perfume, entrei no buzu e temerosa fiquei por ser a única passageira, olhei para o motorista e para minha surpresa era o mesmo do uber, eu quase perguntei seu nome e contato, já que estava praticamente sendo meu motorista particular.

Inquieta, observava pela janela a movimentação da trajetória, mas fui entenrropida com o olhar sereno do motorista, eu não fiz caso dele, mas fiquei cismada, parecia ser um senhor de cinquenta anos, físicamente bem cuidado e cabelos brancos.

Conectada com cada movimento enrolada nos pensamentos...

Meu pesadelo não poderia ficar pior o mesmo homem misterioso! Jurei não dizer nada até começar ficar mais esquisito, já bastava entrar no ônibus tinha que vim em minha direção com aquele sorriso carismático, mas fiz questão de olhar com indignação, estava cansada dessa mesma cena se repetir e repetir e repetir.
O pior disso é eu ter que ouvir aquela frase que me martelava dia e noite, porém, o tal boy se sentou do meu lado e disse:

- Querida, você não tem compaixão?

áaaaaaaaaaaaaaaaaaah!!??! Eu pirei e falei ironicamente alto:

- Oh motorista, você vai deixar esse homem estranho ficar conosco?

E o senhor me respondeu com a maior naturalidade:

- Ele é meu filho.

Aquilo estava suspeito, peguei rapidamente minha agenda e comecei a fazer anotações, estava me sentindo a detetive.

CHOCOLATE QUENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora