● Capítulo 2

20 3 4
                                    

Pensar nas supostas pistas requeria de mim habilidades indispensáveis, então peguei roupas da minha amiga para o disfarce e tal atitude fez com que ela insistisse em visitar o psicólogo.

Lá o especialista começou o seu interrogatório.

- Pois não Raquel, desde quando começaram essas alucinações?

- Não são bem alucinações, é como se eu estivesse presa no mesmo dia, há três dias! Isso é possível?

- Exatamente Como?

- De um jeito ou outro sempre escuto a mesma frase!

- Qual seria essa frase?

- Você não tem compaixão?

- Talvez você estivesse tendo um tipo de dejavu ou uma espécie de neurose. Posso afirmar que essa frase mexe com interior de qualquer um.

- Sabe, o rapaz que diz essa frase me parece ter muito dinheiro, para essa atitude tão nobre.

- Raquel, se você tivesse a oportunidade de voltar ao passado, o que faria?

- Tantas coisas... Poderia ter ajudado os meus pais quando mais precisavam de mim.

- Você gostaria de falar sobre o assunto?

- Prefiro não falar.

- Precisamos saber a raiz de como isso chegou a influenciar na sua vida hoje.

- Então doutor, eu sair de casa para ir atrás dos meus sonhos e abandonei os ensinamentos dos meus pais. Se eu pudesse voltar ao passado faria diferente.

- Pois então Raquel, faça. Você está tendo a oportunidade de voltar a um dia anterior, aproveite e faça valer apena, mude aquilo que você precisa mudar. Vou transcrever uma medicação para você!

- Doutor Emanuel, estás me chamando de louca?

- Claro que não! Aqui está sua receita.

Quando li, estava escrito:

Viva cada dia o seu próprio mal.

Pude entender que a situação em que estava vivenciando era bem mais grave do que podia se imaginar.

Tinha em vista, uma nova percepção de alcançar os horizontes dessa experiência.

Retornei ao Doce Cabana e pude ver os rostos dos mesmos clientes, mesmos pedidos esperando o mesmo horário do homem misterioso. Por outro lado, gostava da ideia de vê-lo, pois era como colírios para meus olhos. Enfim ele chegou e sinceramente o perfume dele me fazia voar nas nuvens. Tão charmoso. Fui ao seu encontro e levei seu pedido antes mesmo dele pedir.

- Como sabes que gosto de chocolate quente?

- É seu predileto, como poderia esquecer? Te parece estranho saber desse segredo?

- Não, não! Todos falam que esse chocolate quente é o melhor da cidade.

- Muito gentil. Obrigada!

- Mas vou querer dois para viagem.

Deduzi que algo estranho estava no ar, como assim ele levaria três chocolates quente?
Rapidamente o segui discretamente.

Entrei por vielas, tropecei em pedras, mas não estraguei o disfarce, quanto mais o seguia sentia medo do lugar. A rua não me parecia nobre, na verdade pode se afirma que era na periferia.
Tinha sujeira, pessoas na lida, e até mesmo violência, mesmo assim lembrei da receita do doutor.

Gritei com toda minha força, esperniei, mas fui amordaçada.
O que eu não esperava aconteceu, fui sequestrada.
Tudo o que mais queria era poder dormir e sair daquele pesadelo ao vivo.

O sequestrador me ameaçou diferentemente de todos, perguntando o que estava fazendo por ali, dizendo que se eu voltasse naquele bairro outra vez, deveria ter cuidado, ele meio que falou com amor. Com certeza o mesmo pensou que pudesse ser alguém da elite, pois estava parecendo uma detetive. Eu não contendei, mas sair correndo. Fui para casa dando graças por ter sido um sequestrador de paz.

O homem misterioso me colocou em rabo de foguete, mas estava completamente conectada.

Meu dia findou e deitei no sofá esperando o dia amanhecer.

Quarto dia.

O amanhecer chegou, e com ele trouxe novos desafios. Determinei em pegar o metrô, numa chuva sem fim. Entrando no metrô o operador era o mesmo motorista, ele sorriu para mim e alguém que estava ao meu lado disse:

- Você conhece ele?

- Sim, ele tem sido meu motorista já a quatro longos dias, e você? Respondi.

- Sim, muito.

- De onde você conhece ele?

- Ele é meu pai.

Nossa era exatamente tudo o que precisava saber, preciso pegar amizade com ela, assim vou saber mais sobre o motorista e seu filho misterioso, mas logo em seguida, chegou seu ponto.

Em pensamentos tentando compreender tão situação, cair de paraquedas nas idéias. A mulher aparentava ter a idade do motorista, como assim ser filha dele?
Essa história me deixava ainda mais em pânico.

Sair perguntando a todo mundo se conheciam o operador, alguns diziam que Sim, outros que não, mas alguns com convicção diziam: ele é meu pai. Esse senhor realmente tem muitos filhos, como pode ser tão diferentes, mas filhos do mesmo pai?

De repente todos que estavam no metrô receberam um susto, pois o operador havia dado ré sem sequer alguém esperasse, já pudia imaginar o motivo daquilo. O homem misterioso entrou no metrô e se aproximando de mim, disse:

- Querida, você não tem compaixão?

- Falas isso para mim? Eu sou uma pessoa sem compaixão? Eu até batizei a bebida mais famosa do Doce Cabana de Choco quente com paixão, como podes dizer isso a mim?

- Essa é a pergunta que me faço todos os dias. Respondeu ele.

- Por que você sempre pega o mesmo veículo que eu?

- Porque meu pai trabalha com isso, ele sempre me dá carona para não me atrasar no serviço.

- Seu pai tem muitos filhos, bem diferente de tudo que já vi.

- Sim, meu pai é bem generoso. Você está segura.

- Realmente ele é ótimo motorista.

Todo aquele tramamite aconteceu novamente. O dia estava parado no mesmo lugar.
Segui novamente o homem misterioso e dessa vez fui parar num hospital.
Lá vi que ele entregara chocolate quente para pessoas doentes e essas pessoas ficavam felizes. Achei tao lindo, ele é tão lindo... por algum motivo meu coração não batia no compasso certo.

Então, fui para casa e mais uma noite chegou ao fim.

CHOCOLATE QUENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora