Capítulo 2

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Saio hesitante do elevador. Olho para todos os cantos como se homens armados fosse pular das paredes a qualquer momento. Seria uma morte bem mais brando do que a minha chefe planeja para mim. Na verdade não sei se ela teria imaginação para algo tão elaborado. Deixo minha bolsa o mais silenciosamente possível em cima da mesa onde trabalho e vou com as pontas do pé até a porta da sala da chefe. Não a vejo lá dentro e meus pulmões expiram aliviados.

Meu trabalho como secretária consistia em ler papeis, fazer planilhas sobre escritores que estavam adiantados ou atrasados com a entrega dos manuscritos e levar café para cobra, mas nesse momento minha mesa estava coberta de manuscritos, porque Rachel Trovek, minha chefe que deveria le-los está ocupada demais indo para uma festa badalada ou dando chances para escritores de quinta categoria só porque dormiam com ela. Era horrível ver os escritores que tinham dado duro e criado excelentes histórias sendo trocados por alguns que mau sabiam escrever uma frase corretamente.

Coloco minha bolsa dentro da última gaveta e começo a trabalhar. Essa semana teremos uma reunião com o chefão e a lista com os autores revelação precisa estar pronta para se mostrada. Eu estou fazendo a lista. Rachel vai ler uma biografia básica sobre cada escolhido e levar toda glória se um trabalho meu fosse selecionado. Poderia parecer que eu era muito boazinha e permissiva em deixar ela fazer isso comigo, mas eu precisava do emprego. O país estava com um crise de demissões e eu sabia que enquanto fosse útil e ficasse em silêncio manteria o meu. Começo as ler os manuscritos com empolgação, era sempre incrível ler histórias novas todos os dias.

Paro de ler quando chega a hora do almoço. Não acho certo ficar derramando farelos de alimento em meio a essas obras primas. Mesmo que alguns daqueles livros nunca fossem publicados, eles eram uma vitória pessoal para seu autor. Pego o telefone e peço um sanduiche de frango na lanchonete do prédio. Ele colocam muita maionese como eu gosto. Abro espaço na mesa enquando espero a entrega ser feita. Minha sala e simples. Tem um mesa que fica de frente ao elevadores. Duas cadeiras que não me lembro de ninguém usar em frente a ela. Um computador, impressora e pilhas e mais pilhas de papel. Eu ficava nesse lugar o dia inteiro. Minha chefe era o inicio da tarde e ainda não tinha chegado. Começo a pensar que algo trágico e merecido tenha ocorrido com ela.

Meu pequeno sorriso some quando as portas do elevador abrem. O bonitão de olhos azuis de quem cai em cima entra com uma bandeja de lanches na mão e uma sacola plástica no pulso. A cena em si não combina com o cabelo preto perfeitamente no lugar e nem com o terno cinza que parece carissimo. O prato e deixado na minha frente com um gesto suave. Ele revela seus dentes brancos e perfeitos em um sorriso que me deixa seu ar. Parece que seu trabalho era derrubar donzelas atrassadas nas escadas e nas horas vagas entregar lanches. Preferia o outro garota da entrega que vivia com fones de ouvido e não sorria para mim.

- Entrega para senhoria Michela

Como não sei exatamente o que fazer começo a comer meu sanduiche na espera que ele vá embora. Eu acertava minhas despesas de comida na lanchonete no fim do mês e geralmente dava um pequena corgeta ao garoto de fone de ouvido, mas não quero financiar mais um terno caro para esse homem a minha frente. Para minha surpresa ele se senta elegantemente em uma das cadeiras a minha frente e também morde um sanduiche. Eu não tinha feito um convide para me acompanhar no almoço, mas parece que ele próprio tinha se convidado.

- Colocou veneno na comida porque cai em cima de você mais cedo?

Uma gargalhada toma conta do ambiente. Linhas de expressão se formam ao redor de seus lindos olhos que brilham em contentamento. Só agora com ele parado bem em minha frente vejo que e mais velho. Talvez uns dez anos de diferença comigo. Não que isso signifique algo, mas parece que seu rosto sorria pela primeira vez em muito tempo. Eu me sentia como as mocinhas dos romances analisando seu pretendente em busca de algum sinal que mostrasse sua paixão por ela.

- Não seria capaz disso. Dei sorte por estar perto quando vez seu pedido

- Como sabia quem eu era e em que andar trabalhava?

Ele leva a mão ao bolso e desvio o olhar do seu colo. Fixo os olhos na mesa onde suas grandes mãos deixam meu crachá contra a madeira. Nem mesmo vi que o tinha perdido. Ali tinha uma foto minha envergonhada, meu nome e setor de trabalho. Eu tinha deixado meu passe para entrar e sair da empresa perdido em algum corredor. Sorte que o senhor dos brilhantes olhos azuis o tinha resgatado.

- Puxa, obrigada, eu nem mesmo percebi que o tinha perdido

- Agora que fiz esse favor, espero um favor em troca

Meu sanduiche forma um bola na garganta. Tomo um generoso gole de água. Um favor. Já tinha lido livros onde favores terminavam com o mocinho resgatando a donzela do perigo. Claro que não estavamos em um livro. Eu poderia resgatar a mim mesma, mas acima de tudo preferia não me por em perigo. Eu entendia que tinha sido um enorme favor. Porém tinha medo que ele me pedisse algo absurdo. Pela forma como me olhava com um sorriso enviasado parecia ser algo no minímo perigoso.

- O que você quer?

- Quero que jante comigo. Hoje

O olho estupefata. Aquele homem maravilhoso queria jantar comigo. A barba recobria seu queixo quadrado. Os cilios longos batiam em minha direção de forma lenta e sedutora. Os cabelos pretos acabavam no colarinho de forma sexy. O cheiro amadeirado de seu perfume nós envolvia em uma bolha de intimidade. Eu era uma jovem mulher de olhos verdes. Cabelo castanho médio e pele branca, mas aquele exemplo de masculinidade queria sair comigo. Acho que estou o olhando fixamente, contudo não ligo. São muitos choque para meu dia que geralmente e parado, sem novidades, ou homens galantes me convidado para jantar. Quem sabe aquele tombo na escada tenha modificado algo em mim.

- Jantar onde?

- Vai ser uma surpresa. Passar para buscá-la em sua casa as 8

Com isso ele simplesmente levanta da mesa e vai em direção ao elevador como se não tivesse acontecido nada. Estou em choque ainda, por isso não reajo. Sabia que tinha que gritar e dizer que ainda não tinha respondido que aceitava. Que não tinha passado meu endereço, mas eu fiquei sentada com minhas pernas em consistencia de gelatina. Eu poderia ter batido a cabeça e estar imaginado coisas agora. Homens não me convidavam para sair. Respiro fundo e bebo mais água. Pisco os olhos repedidas vezes para ver se não estou em um sonho, ou presa dentro do mundo de um livro, mas todas as vezes que os abro ainda estou na minha sala. Jogo o que sobrou dos sanduiches no lixo e fico olhando para o nada.

Eu nem sabia se tinha uma roupa apropiada para sair. Minhas roupas eram todas de trabalho. Eu não fazia nada além do trajeto casa-trabalho. Minha cabeça lembra de todas as peças que tenho no guarda roupa. Não parece promissor. Deveria sair antes do trabalho e comprar um novo vestido? Estaria exagerando com toda essa animação?. Droga, precisava voltar a realidade. Passo as mãos pelo cabelos deixado as ondas mais bagunçadas e pego um manuscrito. Preciso trabalhar antes da grande noite, se não sem dinheiro para comprar o novo vestido.

As cinco em ponto desço de elevador, que parece estar funcionando perfeitamente bem e chamo um táxi. Minha conta báncaria não e boa. Não tinha dinheiro para um novo vestido. Meu dinheiro era gasto em alimetação, aluguel e livros. Eu teria que me virar com o que tinha em casa. Não ficaria sem ler para comprar um novo vestido. Quando chego em casa jogo a bolsa no sofá e vou direto em direção ao guarda roupa. Eu tenho poucas horas para estar deslumbrante e muita coisa a fazer.


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⏰ Última atualização: Mar 04, 2019 ⏰

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