Capítulo 1

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Caminho apressadamente pela entrada do edifico das empresas Coben. Da editora Coben. A maior e mais famosa em publicações de livro. Os grandes escritores tinham suas obras publicadas ali. Estou atrasada por decidir ficar mais cinco minutos na cama, porém acabei dormindo vinte e me atrasei completamente. Minha chefe vai arrancar minha pele e fazer uma capa de livro.

Algumas partes do prédio estão em reformas, por isso quando paro em frente ao elevador torço para estar funcionando, mas e claro que estou em meu grande dia de sorte e ele não está funcionado. Não conheço o dono da editora e nem quero conhecer. Disse que ele e muito bonito, mas também muito arrogante. Apesar dele ter todas essas empresas de sucesso, seu maldito elevador não está funcionando.

- Droga de elevador.

Controlo minha vontade em chutar as portas de metal e me dirijo as escadas de emergência. Posso cair nesses degraus grandes e lisos com meu sapato de salto agulha e melhorar ainda mais meu dia, porem acredite ficar toda quebrada será melhor que encarar minha chefe. Ela vai me mandar embora. Sempre disse que não tolerava atraso. Esse foi meu primeiro e com certeza vai ser o último.

Como não estou prestando atenção nas placas que passam por mim, não sei em que andar estou. Acabo entrando na porta de aço a minha frente, confiante que seja meu andar, mas a porta e mais pesada do que imaginava e acabo caindo no chão. Não basta chegar ao trabalho atrasada, tenho de chegar suja também.

Meus olhos acabam em frente um sapato preto brilhoso de aparência cara. Consigo ver minha cara vermelha do esforço ao subir as escadas. Nunca fui de muito exercício. Conforme meu olhar sobe, encontro uma calça social cobrindo pernas musculosas. Um paletó cinza, camisa preta e gravata cinza. O rosto me tira o folego. Queixo anguloso, boca cheia. A pele branca contrasta com os cabelos pretos que tem alguns fios escapando na testa. Inexplicavelmente minhas mãos coçam para colocar os fios no lugar.

- Você está bem?

Sua voz parece um trovão de tão poderosa que soa. Talvez por eu estar aos seus pés, mas me sinto intimidada. Seus olhos azuis parecem dois oceanos. As águas parecem agitar em suas íris azuis quando me vê, ou quem sabe na queda eu tenha batido algo e esteja começado a ficar louca. Ótimo, mas um motivo para ser mandada embora.

Pego sua mão grande e muito masculina estendia em minha direção. Ele e morna sem ser pegajosa ou suada. Quebro o contato visual sem perceber que o estava encarando para ver nossas mãos juntas. Branco algodão da minha contra o contraste branco dourado dele. Era como se tivesse acabo de sair da praia. Eu nunca ficaria com aquela cor. Ficaria vermelha parecendo um pimentão, não chegaria nem perto de ficar dourado como barra de ouro.

- Você está bem?

A pergunta repetida me tira do transe. O homem misterioso pode achar que sou surta. Talvez eu devesse me fingir de surta, assim não teria que me desculpar muitas vezes por cair em seu sapato caro. Eu gaguejaria quando tentasse encontrar as palavras certas. Principalmente se ele continuasse me encarro esperando a resposta. Pigarrei e encontro minha voz.

- Sim. Obrigada

- Você não me parece bem. Venha.

Ele me pega pelo cotovelo e me leva a uma sala no fim do corredor. Esse andar ainda está na fase de acabamento. Tem plástico para todo lado, mas não me atravesse a dizer que não deveríamos estar ali. Seu toque decidido, lembra que eu já fiz minha cota de desastres no dia. Ele está me segurando firme, achando que irei me estatelar no chão mais uma vez. Como minhas pernas ainda estão meio bambas, agradeço internamente pelo apoio.

Ele me entrega uma garrafa a qual agradeço com um murmúrio. A sala somente conta com um sofá grande de couro branco a qual ele me deixou sentada e um frigobar. O sol da manhã entra pelas enormes janelas. Já consigo ver como ficara linda mobiliada. Gostaria de ter uma sala dessa, mas nesse momento somente sou uma secretaria muito atrasada, que vai perder o emprego antes do fim do dia.

- O que estava fazendo pelas escadas de emergência?

- O elevador não estava funcionando e eu estava atrasada....

Merda. Merda. Merda. Ainda estou atrasada, mas estou aqui tomando água e conversando com o senhor bonitão como se não tivesse um emprego e uma chefe pronta para assinar uma demissão. E oficial, quero me auto sabotar. Estou pedido com uma placa enorme de neon para ser mandada embora.

Levanto de presa e pego a bolsa que por uma sorte divina não espalhou todas minhas coisas no chão. E nesses momentos que fico feliz por fechar o zíper dela todas as vezes depois de usar.

- Quando quiser subir escadas não use esses sapatos.

Olho para meus scarpins pretos.

-Porque não?

- Você pode cair e morrer

Reviro os olhos. Primeiro suas pernas idiotas estavam no meu caminho. Segundo ele está mandando-me não usar meus sapatos, são meus pés, eu decido o que usar. Terceiro nem sei quem e ele para estar me dando ordens. Deveria ter cuspido no sapato brilhante desse idiota arrogante quando tive minha chance.

- Minha chefe não gosta de atrasos.

Não sei porque falo isso, não devo satisfação a ele, mas sinto no dever de informar porque esbarei em suas pernas cobertas por linho cinza e musculosas. Ele era bonito visto de cima e com a arrogância guardada para si.

- Ela preferiria que você se atrasasse, não que morresse

- Acho que não.

Ele olha para mim com a sobrancelha erguida, mas não vou falar mais nada. Se sabe tanto sobre sapatos perigosos para escadas, adivinhe porque minha chefe preferia que eu tivesse quebrado o pescoço a aparecer em sua frente. Na verdade, quanto mais ficava ali, mas corria o risco dela mesmo torcer meu pescoço.

- Preciso ir. Obrigada pela água e desculpa por esbarrar em você.

Senhor arrogância levanta do sofá. Caminha com toda calma e elegância do mundo até a porta e a abre

- Só garantido que passe.

Seus cantos das bocas se erguem em um sorriso. Muito idiota. Deveria ter cuspido no terno também. Ou talvez devesse ter o mínimo amasso seu terno meu passado. Vou para o elevador que claro está funcionando. Ele só não funciona quando as pessoas estão desesperadas por ele. Aberta o botão do meu andar e já começo a fazer uma oração adiantada do meu próprio velório.


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