Capitulo 14

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Esbarrei inúmeras vezes em pessoas aleatórias, ao longe grandes labaredas de fogo eram vistas estilhaçando os vidros da minha casa, o pânico se instaurou em mim, corri para chegar mais perto da confusão mas um dos bombeiros segurou minha cintura me impedindo de avançar

-você não pode passar senhorita, é perigoso- eu apenas me debatia em seus braços

- você não entende, é a minha casa!- gritava ainda tentando me soltar

- tem uma moça lá dentro, vocês tem algum parentesco?- o bombeiro diz me afastando cada vez mais da porta me puxando para perto de uma das ambulâncias

- acho que é minha mãe, mas ela não deveria estar em casa hoje- lágrimas começam a embaçar meus olhos, sinto um medo tão grande que meu corpo inteiro se enrijece, sem querer, enquanto tento me soltar, acabo dando uma cotovelada na barriga do homem que me segura

Corro novamente em direção à porta e dessa vez não sou impedida por ninguém, todos estão focados demais em conter o incêndio para olhar uma simples garota suicida entrar na uma casa em chamas, assim que chego na porta sinto um calor excruciante, levanto meu braço para impedir a luz do fogo de machucar meus olhos

-mãe !- grito em plenos pulmões com medo de entrar no fogaréu- mãe está me ouvindo? Você está bem? Por favor siga a minha voz, você precisa sair daí!

Escuto um gemido baixo mas ainda sim audível, me embrenho por entre os destroços queimados, uma fumaça espessa parece me envolver, não estou pensando racionalmente, meu corpo está no automático, apenas quero achá-la e nos tirar daqui, consigo ver a cozinha e me aproximo cuidadosamente para o cômodo, tropeço em uma viga que deveria estar no teto, vou com tudo no chão, gemo de dor, estalos são ouvidos, parece que a casa vai desabar, preciso ser rápida

- uma garota entrou na casa!- escuto uma mulher gritar do lado de fora

Reúno todas as minhas forças e me levanto, aos poucos o braço que machuquei ao cair parou de doer, encaro um corte que vai dos meus ombros até meu cotovelo, devo ter arranhado em algo, me aproximo da pia e procuro um pano, molhando-o logo em seguida

Ponho o tecido molhado para tampar minha boca e nariz, meus pulmões começam a arder e pioram ao tocir

- mãe !- grito tentando mentalizar onde ela poderia estar- mãe !

Caminho com bastante cuidado para não cair novamente, escuto sua voz me chamando em um dos banheiros do primeiro andar, corro até o cômodo, um pedaço do teto pegando fogo cai quase em cima de mim, queimando meu corte de raspão, urro de dor e caio de joelhos, levo minhas mãos até o machucado e as retiro cobertas de sangue

- está tudo bem? - a voz da minha mãe fica cada vez mais fraca

- não se preocupe- minha voz sai embargada, me arrasto para chegar até a porta do banheiro, ponho a mão na maçaneta mas está tão quente que a queimo - droga, mãe! Como está a sua situação aí?

- metade do banheiro está pegando fogo, estou presa em um dos cantos perto da pia, está muito quente aqui dentro e tem muita fumaça, não estou conseguindo respirar direito- tento visualizar a cena que ela se encontra, no segundo andar escuto um barulho muito alto o fogo deve estar se alastrando depressa, outro estrondo é ouvido como se a casa estivesse desmoronando

-não podemos, entrar, se mexermos em qualquer coisa a casa pode desmoronar em cima das vítimas- um dos bombeiros lá fora grita mas por conta da distância sua voz é quase imperceptível

- Maya, sai daqui por favor- minha mãe choraminga

- NÃO!- grito sentindo uma dor dilacerar meu peito- mãe pega alguma toalha aí no banheiro e molhe na pia, coloque no rosto para te ajudar a respirar- escuto seus passos e a torneira abrindo- se afasta, vou tentar arrombar a porta

The nerd and the popular [editando]Onde histórias criam vida. Descubra agora