O VALE

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O grupo que mais se estruturou e cresceu foi o que escolheu
viver entre as duas grandes montanhas. Ele era diferente dos
demais por aceitar que seres de todas as raças vivessem ali.
Para que isso fosse possível, era essencial que as rivalidades da guerra
fossem superadas, afinal, no campo de batalha, elfos e anões tornaram-
-se inimigos naturais, assim como humanos e orcs. Para que tudo ocor-
resse bem, as diferenças deviam ser deixadas de lado e a cooperação era
essencial. Esse grupo que vivia entre as montanhas se tornou mais po-
puloso que qualquer outro das Terras Virgens. Devido à sua posição
geográfica, o vilarejo que se ergueu ali entre as montanhas passou a ser
chamado pelos seus moradores de “Grande Vale” ou de “Vale” apenas.
O Vale era visto como a oportunidade de um recomeço. Era um
dos poucos lugares daquele mundo onde era possível ver crianças cor-
rendo, divertindo-se e aprendendo sobre agricultura, em vez de esta-
rem sendo treinadas para matar ou morrer. Após muitas brigas inter-
nas, principalmente devido à rivalidade entre raças, a comunidade do
Vale começou a prosperar. Com o tempo, conforme as diferenças fo-
ram sendo deixadas de lado, a miscigenação foi se tornando mais frequente.

e as crianças que nasciam e cresciam no Vale já não viam a de-
sigualdade entre as raças. Aos olhos delas, os outros eram semelhantes.
Muito trabalho duro foi necessário para que as coisas caminhas-
sem bem e, após inúmeras discussões, foi elaborado um sistema de
trabalho que pareceu o mais conveniente, composto por quatro seto-
res: educativo, defensor, alimentício e médico.
O setor educativo foi considerado o mais importante, pois era
dele que dependia o futuro do Vale. Era o setor que fornecia a base
para que as crianças pudessem escolher o setor no qual trabalhariam
quando fizessem 15 anos. Antes disso, ao completarem 14 anos, os
jovens passavam três meses em cada setor para adquirir uma visão
prática do que escolheriam.
O setor de defesa (defensivo) era o responsável pela segurança
daqueles que viviam no Vale; era onde ficavam os guerreiros. Era um
dos dois setores que fazia um teste com os jovens antes da admissão.
Os guerreiros e os médicos eram os únicos que iam além das monta-
nhas. Sendo assim, só eles, e alguns poucos médicos, tinham contato
com a floresta. Nesse percurso, se, algumas vezes, as coisas não saís-
sem como planejado, não havia comida ou água. Por isso era necessá-
rio que os guerreiros estivessem preparados mental e fisicamente para
as eventuais dificuldades que pudessem surgir.
O setor alimentício era o responsável pela manutenção da colhei-
ta e, provavelmente, o setor mais cheio de todos. A adequada higiene
dos alimentos para evitar que doenças se espalhassem fazia parte do
trabalho do setor alimentício, assim como o estoque de frutas e vege-
tais para o inverno.
O setor médico tinha como objetivo cuidar da saúde de todos.
Assim como no setor de defesa, antes da admissão, os jovens eram tes-
tados para verificar ou não suas aptidões para a medicina. Os jovens só
se tornavam médicos oficialmente aos dezessete anos, após dois anos de
prática como auxiliar. Esse setor era o único que estava presente em
todos os outros setores, afinal, todas as pessoas precisavam de cuidados.

O Vale tinha seus líderes: um casal que oficialmente o fundou e
ajudou a formalizar as regras para a boa convivência das raças. Além
dos líderes, havia os conselheiros, que eram ao todo quatro, um de
cada setor, eleitos por meio da votação feita em seu devido setor.
Graças à sua organização e à cooperação de seus residentes, o vi-
larejo do Vale existia já fazia quase dezessete anos e oferecia uma opor-
tunidade para aqueles que queriam viver longe da guerra.

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⏰ Última atualização: Jan 21, 2017 ⏰

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