Eu nunca fora uma "criança de parque de diversões", sabe como é? Aquelas crianças que correm para lá e para cá em parques de diversões, que pedem por cachorro-quente e por algodão doce, que observa distante os jogos de azar jogado pelos adultos em tendas protetoras sem entender do que se trata, que em outro instante tá correndo novamente para um brinquedo qualquer para regozija-se com qualquer estrutura que forneça um frio na barriga.
Eu me tornei um adulto assim, sem parques de diversões, as vezes me pergunto o porquê, principalmente agora, aqui em cima dessa montanha-russa, ao lado da garota mais bonita que eu encontrei no local – ela está olhando com atenção para a vista adiante, luzes de uma cidade distante, o parque fica na baía da cidade que estou visitando. A montanha parou, algum metal perigosamente frágil obstringiu outros mentais não muito frágeis e fez com que a coisa toda parecesse, não que seja assustador, apesar de ser a minha primeira vez em uma montanha-russa eu me lembrava bem que na minha infância não entrava nessas aventuras por motivos que passavam bem distantes do "medo".
— Você está com medo? — A garota pergunta toda animada.
Olho lá pra baixo, posso ver os regos feitos pela montanha na terra avermelhada e dura, parece que tiveram problemas para encaixá-la, pois pelo número dos regos lá embaixo ela foi recolocada um número desconfiável de vezes.
— Não — Respondo com o meu melhor sorriso de aliviado.
Inclino-me para beijá-la na bochecha, já é o nosso quarto encontro, faço o ato torcendo para que seja um ato peremptório sobre como eu gosto dela, faço ele pensando em "gentil" e tentando não imprimir "desejo".
— Ainda bem — Ela faz o mesmo e beija-me de leve nos lábios, acredito ter consegui o que queria.
Distraio-me um pouco sobre o futuro pedido de namoro, infelizmente preciso falar com os pais dela, eles precisam me dar um certo tipo de reverendos para eu poder continuar a agir com a filha deles, não que seja um problema para mim, pais sempre foram o meu lance, talvez até mais que suas filhas, ou filho – tive uma certa experiências anos atrás, mas não foi na faculdade – normalmente eu continuo amigo dos pais e não de suas filhas, ou filho.
A montanha-russa coloca-se a movimentar-se novamente, enquanto me distraia com os pensamentos e o corpo bem desenhado da garota em seu vestido vermelho com uma estampa de flores brancas, o pessoal lá embaixo parece ter arrumado seja lá o que tivesse nos parados e dado o aval para continuarmos, a montanha volta a fazer seu serviço em nome da diversão combinada com frio na barriga, o efeito é quase efetivo em mim, mas eu ainda encontro-me pensando sobre o motivo de eu não visitar parques de diversão, agora o assunto me parece mais importante do que as chances de abraçar a garota quando ela grita de euforia e medo – porém passo um braço distraído na cintura dela para não parece tão ausente. A informação realmente é difícil de se tocar com a mente, minhas memórias parecem fugir de mim, como se tivesse distante demais, um barulho na estrutura da montanha me traz de volta ao mundo real, olho para o lado e dou um sorriso para mim mesmo, a montanha-russa tem razão, eu estou onde deveria estar, visitar o passado nunca foi uma boa ideia, aproximo mais da garota e grudo nela, a montanha-russa faz outro barulho, mas me importo pouco, estou onde deveria estar.
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