Poeira de Amizade

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Ela olhava pela janela da torre, já havia passado doze anos desde que viu alguma pessoa, e apenas o seu reflexo a lembrava do que era uma, com um suspiro admirou a sua torre e seu quintal onde o dragão preto com olhos azuis olhava fixamente para ela.

Eles não se falavam mais já que ela inevitavelmente o odiava, porem todos os dias o dragão tentava a fazer mudar de ideia quanto a isso.

- Bom dia princesa- Ele disse simpático.

Ela fez uma careta e o ignorou.

- Gostaria de descer hoje?– Todos os dias o dragão a convidava a descer para o jardim, e ela sempre recusava, preferia viver na torre do que descer e socializar com aquele monstro.

No começo quando era menor ela não descia, pois tinha medo de altura e medo do dragão, porém com o tempo ela percebeu que ele nunca a machucaria, era bem pelo contrário.

Teve uma época em que eles se amavam ela descia todo o dia para ficar com ele, e ele muitas vezes dizia que era apaixonado por ela de todo o coração, ele sempre se esforçava ao máximo para deixá-la contente. A única coisa que ele nunca fazia era deixá-la ir e não foram poucas as vezes que ela tentou escapar, muito embora apenas o dragão tivesse o poder de deixá-la ir.

A torre e o dragão em si não eram o que a impedia da liberdade, mas sim o fato de que a torre ficava no topo de uma montanha íngreme fazendo com que uma escalada resultasse a morte portanto ela nunca fugia, e se fosse falar a verdade ela sempre receava em magoar o dragão .

Muito tempo se passou daquilo e a amizade, ou seja lá o que foi aquilo, evaporou devido a monstruosidade do dragão.


Suas costas estavam agora pressionadas contra a parede do armário, e ela transpirava por todo o rosto, meio segundo tinha se passado e agora ela tinha certeza de que o dragão sabia onde ela estava.

Um leve estampido saiu do lado de fora da porta, e ela notou que ele havia apoiado a testa nela.

- Por quando tempo você ainda vai me odiar, Reya?

Ela engoliu em seco ao ouvir o seu apelido, ele a chamava assim sempre quando eles ainda se falavam, mas depois do acidente ela o proibiu de chamá-la assim

- Vai embora dragão eu não quero falar com você- ela disse tremula porem fria.

- Mas você esta falando comigo afinal- disse ele com divertimento alegre na voz- abra a porta Reya, eu me transformei em humano permanentemente só para te ver.

- Não! Vá embora, não me chame de Reya, eu não vou te perdoar pelo que você fez, eu quero que você suma.

Silencio. E então o som abafado dos guardas chegando. Então ele diz.

- Eu vou embora se é o que você quer, mas continuarei te observando princesa, não vou deixar que você se machuque nunca mais.

Ela inconscientemente tocou o braço onde havia uma enorme cicatriz, e então ouviu os guardas irromperem no quarto, na mesma hora ela saiu e observou o quarto vazio, o dragão tinha sumido, os guardas ficaram pasmos, mas ela não se impressionou, embora não gostasse de admitir ela sabia tudo sobre o dragão também.

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