Fire

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Era uma vez, uma mulher invejosa e ambiciosa que faria de tudo para ter um reino em suas mãos. Após muitos anos praticando e desenvolvendo seus poderes para a Prova Real, a mulher fora perdendo, cada vez mais, seu controle e, principalmente, sua bondade. Elara estava disposta a fazer qualquer coisa para ganhar a coroa, ela mataria pela tal. Dito e feito. Logo depois do casamento do Rei Tiberias VI e Coriane, Elara se perdeu completamente. Passara anos praticando, para que um dia sentasse no trono e se esbaldasse em ouro, anos que para ela pareciam ter sido jogados fora. Então finalmente, uma ideia viera a sua cabeça. Se ela não pudesse ter a coroa, Coriane também não poderia. Elara tinha a vantagem, ela podia vasculhar a mente das pessoas, e assim, ela soube qual era o maior medo de Coriane. Seu poder convencera dezenas de pessoas que a Rainha havia cantado para o Rei Tiberias, e assim conseguido a coroa. E esse boato se espalhara pelo reino mais rápido do que a guerra que se aproximava. A maldade subiu a sua cabeça e tomou conta de seu corpo. Ela brincou com a mente de Coriane até levá-la a loucura. Elara não se contentou em destruir somente a Rainha, jurou a si mesma que destruiria seu filho, o herdeiro do trono, Tiberias Calore VII.  Ou seja, eu. Filho das casas Calore e Jacos. O príncipe do fogo.

Elara, enquanto viva, tirara tudo de mim. Minha mãe, meu pai, minha coroa, Mavey... Ela o corrompeu até não sobrar mais nada de bom. E agora, ele me afastou de minha única esperança. Ele a colocou numa coleira e a guiou até seu trono banhado em sangue. O sangue de nosso pai. A última lembrança que eu tivera dele fora a de seus olhos arregalados quando minha espada atravessou sua garganta. Para Maven tudo sempre fora apenas uma partida de xadrez. Uma partida da qual ele jogava com sua mãe. Eu era apenas mais um peça. Uma peça que poderia ser descartada a qualquer momento... mas não antes do xeque-mate.

Já havíamos perdido pessoas demais na Guarda. Ketha, Gareth, Nix, Shade... e agora Mare. Eu havia prometido a ela que não permitiria que Maven a levasse de novo. Mais uma promessa quebrada. Eu queria lutar no Gárgalo, lutar por Mare. Mas eu nem ao menos consegui dizer a ela para que ficasse comigo, para que não me abandonasse. Eu mal conseguira respirar, ou me mover. E algo dentro de mim se quebrara durante o tempo em que Maven e Mare se afastavam da jaula de metal erguida pelos magnetrons, sem ao menos olhar para trás. Pude ouvir a risada de Evangeline próxima a meu ouvido e o sussurrar da brisa enquanto eu apagava lentamente.

 Pude ouvir a risada de Evangeline próxima a meu ouvido e o sussurrar da brisa enquanto eu apagava lentamente

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Quando meus olhos se permitiram o movimento e se entreabriram, uma luz nauseante os invadiu. Levantei o braço e usei o dorso da mão para cobrir os olhos. Notei algumas feridas profundas na mão, provavelmente ocasionadas pelos objetos cortantes de metal lançados contra mim pelos magnetrons no Gárgalo.

— Cuidado, alteza — uma voz familiar soou ao meu lado — A luz do sol aqui em Tuck pode cegar seus olhos reais.

Quando me apoiei sobre os cotovelos, senti a mão de Farley sobre meu ombro.

— Sara disse que é melhor você ficar deitado por um tempo.

Acenti com a cabeça enquanto me deitava novamente. Havia uma gaze presa em minha sobrancelha, e sinceramente, estava me incomodando mais do que o normal.

— Da pra você tirar isso daqui.. — eu pedi a ela, que cruzou os braços cobertos por um uniforme preto de borracha resistente — Por favor?

Ela revirou os olhos e puxou a gaze de minha sobrancelha.

— Mais confortável agora, alteza?

Ignorei-a e virei a cabeça para o lado. A ala medicinal estava quase vazia. Eu não avistei Kilorn, nem os irmãos mais velhos de Mare. Nenhum rebelde que tenha ido ao Gárgalo comigo estava aqui. Será que eles tinham morrido?

— Os outros estão se recuperando já — disse Farley num tom grave como se estivesse lendo a minha mente.

— Ah...

Ela passou a língua sobre os lábios secos e rachados para umedecê-los. Enquanto isso minha mente se voltou para Mare, como todas as outras vezes desde que a conheci. Desde que seus lábios encontraram os meus pela primeira vez é como se a cada beijo um pedaço de mim fosse levado embora, por ela. Sempre foi ela.

Farley estava de frente para a janela com a mão na barriga e a mente tão distante quanto a minha a alguns segundos atras. Quando percebeu que eu a encarava, disse:

— Quão grandes são as chances de um bebê com pai sangue-novo e mãe normal nascer com poderes?

Franzi a testa.

— Shade dizia que provavelmente a criança nasceria com poderes. — eu permaneci em silêncio para não dizer a coisa errada — Eu faria de tudo para trazê-lo de volta. Não cometa o mesmo erro que eu, alteza. Não deixe que ela morra nas mãos daquele monstro desprezível.

Ela se afastou e deixou-me a sós.

Eu farei de tudo para que ela volte para mim. Eu farei de tudo para ver aqueles que a machucaram sangrarem. Eu farei de tudo para protegê-la de Maven, mesmo que isso custe minha vida. Eu irei lutar por ela até que não reste mais nada neste universo para nos separar. E de bom grado, eu queimarei o mundo por ela.

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Espada de Vidro - Cap. Extra (P.O.V Cal)Onde histórias criam vida. Descubra agora