" I'm Faded"

Castiel

O rapaz continuou em frente, com as mãos nos bolsos enquanto assobiava. Como se nada tivesse acontecido. Eu, continuava à frente da porta de entrada, com o mesmo pensamento. "Vou-me embora ou não vou?".
A senhora idosa encarava-me com um sorriso. Agarrei o livro com força contra o meu corpo e caminhei na sua direção.
" Boa Tarde, eu encontrei este livro, nas estantes do fundo e queria saber mais um pouco sobre ele. Acho que com o aspecto dele não deve haver nada da Internet sobre ele" - eu tentei arranjar um assunto enquanto olhava fixamente para o rapaz que permanecia de costas para mim.
" Bom livro" - ela sorriu e meteu-se na minha frente - "Mau rapaz" - ela sorriu de novo.
" Ahnn" - eu corei embaraçada com a situação.
" É um livro de lendas, as pessoas que leram dizeram que o livro em si mesmo era arrepiante".
" Recomenda?" - eu perguntei e ela acentiu.
"Isabella, vou levar este" - o rapaz disse sem o mínimo de respeito para com a senhora.
" Muito bem, Castiel, já sabes o prazo" - ela disse e eu encarei-o de novo, ele por sua vez não fez absolutamente nada. Apenas colocou o livro mais firme nas suas mãos o que me chamou à atenção. Era o mesmo livro que o meu. Coincidência, talvez.

Sorri uma última vez para a senhora e sai da livraria mesmo atrás do rapaz. A chuva tinha parado mas continuava a haver no céu nuvens escuras. Segui o meu caminho até casa e o que mais me surpreendeu foi o rapaz fazer o mesmo percurso que o meu. Cheguei à entrada de casa e olhei para trás. O castiel, o tal rapaz, entrou dentro da casa ao lado da minha. Ele era meu "vizinho".
Quando entrei tudo estava em silêncio. Chamei pela Anne e ninguém me respondeu. Fui até à cozinha e verifiquei se estava lá alguém. Reparei num pequeno bilhete em cima da mesa e li-o "A Anne foi dispensada por hoje. Eu e a Irina fomos jantar fora".
Suspirei e sentei-me no sofá. Olhei para o livro e comecei a desfolhá-lo.
Lobos, lobisomens, vampiros... Coisas de fantasia.

Olhei para o relógio do telemóvel marcava " 22:22". Fui para o quarto e mudei de roupa. Deitei-me na cama e fiquei a ouvir música enquanto lia mais um bocado do livro.

"Há quem diga, que os lobisomens são descendentes dos lobos ou simplesmente se transformam quando são mordidos por lobos. Porém isso é mentira. Os lobos tem descendentes dominados de Lycans. Ai sim, podesse dizer que os lobisomens são Humanos mordidos por Lycans".

O livro em si era uma seca mas por outro lado bastante interessante.

Com tanta leitura acho que acabei por adormecer ouvindo música.
                - - - - - - - - - - - - - - -
Quando acordei o relógio marcava 09h00 sai da cama e fui fazer as minhas higienes. Tomei banho e depois vesti umas calças de ganga azuis rasgadas nos joelhos, uma camisola de manga comprida e um casaco preto comprido. Optei por ficar de meias. Desci para a cozinha, abri o frigorífico. Tirei um iogurt e bebi-o enquanto comia bolachas. A campainha tocou e corri até à porta, abria a pensar que era a minha tia mas surpreendi-me quando reparei que era apenas uma menina ainda muito pequena, por volta dos 7/8 anos que trazia uns pacotes de bolacha nas suas mãos.
" Olá, o meu nome é Ruby" - ela quase que esfregou as bolachas na minha cara - " posso entrar?" - ela perguntou e quando eu ia para responder interrompeu-me entrando pela casa adentro.
" eiii vives aonde?" - eu perguntei.
" Na casa ao lado" - ela respondeu sentando-se no sofá. Abriu o pacote de bolachas e começou a comê-las.
" Eles sabem que estás aqui? Os teus pais? - eu perguntei
" Não, eu vivo com a minha madrinha, os meus pais não trabalham nestes país. Tem o meu irmão que vive na casa ao lado. Viemos visitá-lo."
" O Castiel?!" - eu surpreendi-me. Devia ter reparado mais cedo nesse detalhe. Eles são muito parecidos fisicamente... Os olhos, o cabelo - " Vem vou levar-te de volta".
" está bem" - ela saiu do sofá, entristecida e foi quando reparei que estava a cochear. Suspirei de novo. Era só mais um truque para ficar, tenho a certeza.
" como te aleijaste?!" - eu perguntei curiosa.
" Foi... O cão do meu irmão, o Dragon, ele é grande me derruba facilmente".
" Muito bem" - eu peguei ao colo - "nesse caso levo-te ao colo, para ele não te aleijar mais".
Os olhos dela pareciam que me iam matar, estava com raiva de eu me ter apercebido que era um truque.
Sai de casa apressadamente e bati na porta de casa dele. Bati várias vezes até ouvir alguém a abrir a porta. Ele era alto, bastante alto. O seu cabelo despenteado demonstrava que estava a meio de um sono.
" Ruby" - ele disse num suspiro. Arrepiei-me com a sua voz rouca e grossa.
" Ela entrou dentro de minha casa" - eu pus-a nos seus braços - " Resolvi trazê-la, ela é muito esperta" sorri para ela enquanto ela escondia o seu rosto no pescoço dele.
" Ruby, o que foi que eu te disse" - ele olhou para ela e depois olhou para mim e fechou a porta na minha cara.
Entrei em choque pela falta de respeito dele. Acho que fiquei uns 5 minutos de boca aberta à frente da porta da casa dele. Até me ir embora. Meu deus que falta de respeito, que falta de senso comum, que falta de sentido. Nem merecia mais que o ajudasse.