" I'm Faded"

Novo Dia

Acordei com o barulho da chuva a bater na janela. Abri os olhos com alguma dificuldade e olhei para o relógio que marcava 04h00 da manhã.
Sentei-me na cama enquanto olhava para tudo à minha volta e espreguicei-me. O chão estava repleto de livros e papéis amassados. Lembrei-me da noite anterior quando acordei e como não conseguia mais dormir fui estudar algo.
Deitei-me de novo sobre a cama e peguei no meu telemóvel que vibrava por causa das notificações.
"Castiel Jackson mandou-te um pedido de amizade".
Por momentos arrepiei-me. Castiel desde o início foi sempre um rapaz muito discreto e de poucas palavras... Rapaz? HOMEM...Um livro fechado, para ser mais sincera.
No meio disso tudo, só sei que é meu vizinho e que vive sozinho. A únic irmã que tem, acho eu, vive com os tios se não me engano. Não me recordo muito bem.

Acabei por adormecer de novo e desta vez voltar só a acordar às 07:00h da manhã. Sai da cama e fui tomar um banho para acordar melhor. Vesti uma roupa confortável. Fiz cachos longos por todo o meu cabelo e um make-up simples para disfarçar as minhas " imperfeições" que não eram poucas.

Olhei de novo para o relógio que desta vez marcava 08:15h e sai do quarto a "correr", entrei na cozinha e estava deserta, por momentos fiquei supresa. Peguei numa maçã, na chaves do meu carro e fui para a garagem. Sim, eu sei conduzir. Associei a playlist do meu telemóvel ao rádio do carro e fiquei a viagem toda a ouvir "Superficial Love" da Ruth B.
Quando cheguei à escola, estacionei o carro no primeiro lugar que encontrei.
Olhei para todas as caras novas que passavam ao meu redor e suspirei.
Até que alguém me toca o que faz com que eu me assuste e grite muito baixinho.
" Bom dia" - Rosalya diz com uma voz muito severa enquanto sorri carinhosamente para mim.
" Bom dia Rosa" - eu sorri ofegante enquanto ponha a mão no peito.
" Vamos?" - ela me pergunta enquanto me arrasta para a aula de Filosofia.

A aula estava a ser a maior seca de sempre. Ninguém falava. O professor só falava sobre o Universo paralelo e a dimensão pentagonal. Seca...
Rosa está ao meu lado, entretida a fazer uns desenhos sobre os novos uniformes da equipa de Voleibol.
" Eii" - eu chamei baixinho enquanto lhe tocava na perna, o que fez ela olhar para mim curiosa - "Fala-me sobre o Jackson" - eu arrepiei-me de novo quando disse o nome dele a encará-lo no fundo da sala.
Ela olhou para mim com os olhos muito arregalados mas no entanto sorriu de uma maneira estranha.
" Castiel?" - ela sussurou o nome dele enquanto eu o encarava - " Por favor, não te metas na vida dele. Ele não é o rapaz mais perfeito para se conhecer. É violento, ninguém gosta dele... Só sabe machucar as pessoas, humilhá-las...".

Conforme ela me falava sobre ele, o meu coração palpitava cada vez mais rápido, a minha respiração por momentos prendia-se. Castiel... É um íman... Eu quero saber mais sobre ele.. Quero conhecê-lo melhor.

" Os pais dele abandonaram-no" - o meu coração disparou - "Ele é filho de um dos homens mais ricos deste país e foi abandonado" - o meu coração começou a pesar a cada segundo que passava - " A única salvação dele... É a pequena irmã, coitada... Nem sabes o quanto ele mudou quando soube que a pequena tinha uma doença rara que a pode levar à morte em qualquer instante".

Observei o ruivo, com todos os cuidados necessários... Ali estava ele, a encarar o nada enquanto ouvia música com os seus Phones. Com uma expressão fria mas ao mesmo tempo tão protetora. Corei quando os nossos olhares se cruzaram e deixei tudo o que tinha nas mãos cair. Todos na sala olharam para mim, limitei-me a baixar-me e a apanhar as coisas. Juro, que a minha salvação foi ter tocado para ir para a hora do intervalo.

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Entrei dentro da casa de banho e olhei-me ao espelho. Retuquei a maquilhagem que estava um bocado "suja" e entrei dentro de uma das cabinas. A porta de entrada se abriu e ouvi alguém a gemer de dor.
" Castiel estás-me a aleijar" - um voz irritante porém conhecida disse.
" Ouve agora tudo de uma vez por todas Ambre. Tu para mim és nada. Um completo nada" - ele parecia furioso e então ouviu-se a loira a choramingar.
" Mas quando ia para a cama contigo quando a Débora que humilhava e trocava, EU" - ela gritou a última parte - " Eu era a única que me preocupava contigo, porque eu sim amo-te de verdade".

O meu coração parou e suspendi a respiração para não notarem na minha presença.

" Eu não vou voltar a falar contigo desta forma. Se continuares com os teus contos de fada sobre nós os dois. Não vou ser eu a responder vai ser o meu punho, ouviste? Estou farto das tuas mentiras!"
" É a rapariga nova?" - ela temeu por momentos perguntar. - " Lin viu-a com a tua irmã à porta de tua casa e ontem no corredor ouviu a vossa conversa" - ela chorava enquanto gemia de dor.
" Não tens nada haver com a minha vida" - ele disse com um tom de voz mais grosso e calmo. Ouvi uma porta a abrir-se e a fechar com toda a força. A loira deixou-se cair no chão enquanto chorava e escondia o seu rosto entre as mãos. Abri a porta da cabine o que fez ela olhar para mim e ferver de raiva.
" Estás a olhar para onde?" - ela gritou
" Eu..." - eu tentei me desculpar mas fui interrompida.
" Tu nada! É tudo tua culpa" - ela gritou de novo e eu saí da casa de banho. Lágrimas ameaçaram cair pela minha cara. Saí o mais rápido possível da escola e tentei achar a chave do meu carro.
O meu corpo tremia por causa do nervosismo e então comecei a chorar. Tapei o meu rosto com as minhas mãos e puxei o cabelo para trás. Por fim achei as malditas chaves e entrei no carro. Liguei-o e quando ia para dar marcha atrás alguém bateu no vidro...