Os prédios já eram miniaturas no retrovisor e a longa estrada desaparecia pelo horizonte. Alyson seguia para Filadélfia. Tudo que havia recebido de Theodore era a instrução que deveria seguir trinta quilômetros naquela rodovia e veria uma pequena entrada para o campo.
Ryan cochilava no banco do passageiro e a voz suave de Jess Rutherford embalada em Sweather Weather versão acústica parecia elevar os pensamentos da mulher para um universo paralelo longe de qualquer preocupação ou cobrança. Após Theodore insistir para que ela conferisse com os próprios olhos à cena do crime, a ansiedade causava pequenas pontadas no estômago fazendo as mãos suarem a cada quilômetro que se aproximava. Não demorou muito para a pequena entrada surgir e as reações da detetive Moore dobrarem a intensidade.
A estreita rua de barro era escurecida pelas copas das árvores que a beiravam, o céu já era um crepúsculo dividido entre o azul e o anoitecer. O chacoalhar do veículo fez com que Ryan acordasse e entrando em estado de alerta, seus olhos corriam atentos conforme ia adentrando a floresta.
— Eu deveria pedir um aumento por isso. —Exclamou suspirando fundo.
— Só minhas férias, é tudo que eu quero. — Aly ligou os faróis iluminando a buraqueira a frente.
— Por que o velho não deu um arquivo com as fotos e tudo resolvido? — Ryan bocejou relaxando o pescoço.
— Disse que precisávamos ver com nossos próprios olhos. Deve ser exagero dele sabe como ele é. — o carro parou ao lado de mais duas viaturas em uma porteira de madeira lacrada com uma fita grossa amarelada. — Fim da linha.
Uma pequena falha no mato os levou para uma trilha. Nos galhos das árvores um pano foi amarrado como um corrimão improvisado garantindo que iria levá-los na direção certa, e o chão estava limpo de folhas e galhos porém havia confete colorido e alguns pedaços de algodão doce rosa.
Por um momento Ryan e Alyson se encaram engolindo a seco, talvez Theodore não estivesse exagerando. Continuaram seguindo pelo corredor extenso quando uma melodia familiar que se misturava as vozes dos membros da perícia chegou aos tímpanos de ambos soando cada vez mais alto conforme se aproximavam.
Um enorme tecido branco havia sido amarrado no topo de duas árvores formando uma cortina fixada com estacas no chão e nela se seguinte mensagem com sangue escorrido: ''Bem vindo ao circo''.
— Não estou gostando disso. — Ryan disse lendo a mensagem. — O velho parece não estar exagerando.
— Vamos. — Alyson puxou um lado da cortina saindo em um campo aberto.
Luzes coloridas iluminaram seu rosto e a música se tornou insuportavelmente alta. O vento soprou forte contra seu corpo fazendo com que se encolhesse levemente, o ar parecia ter escapado dos pulmões e sua boca se abriu sem permissão.
Um carrossel.
Porém não um carrossel comum.
Partes humanas decepadas montavam os cavalos que subiam e desciam girando lentamente. Dois pares de braços estavam presos a dois cavalos, somando o número cinco nos dedos, cada perna presa a base de aço que ligava a miniatura de um elefante ao topo do brinquedo macabro e dois troncos masculinos trajados em roupas de mágicos apareciam e desapareciam a cada volta. Como isso era possível?
Suas bocas estavam costuradas em sorrisos forçados e seus olhos abertos transmitiam angústia. Theodore não havia contado, pois sabia que a detetive não acreditaria naquilo. Um tremor de horror e raiva atingiu as mãos de Alyson enquanto ela tentava processar o que seus olhos viam.
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7 de Copas
Mystery / ThrillerAlyson Moore, dizer que não a conhece em nova Iorque é como desprezar a existência da própria estatua da liberdade. A maior detetive da policial Nova Iorquina é venerada pelos grandes casos desvendados. Lógica, raciocino rápido e o olhar detalhista...