Cada minuto que passa se torna sufocante como se sua alma estivesse sendo sugada
É esse sistema, sentença da desgraça, que corrompe e assola cada vontade engaioladaFazer porque tem que ser feito é o lema deles como se não fosse possível o reconhecimento
Você faz, faz e faz e não se repara em nada só segue seguindo engolindo o lamentoE cada hora que passa é uma tortura
Cada gole de vida que nos tiram
Sobra só o chão sem vida do pensamento e toda sua securaVocê olha ao redor, repara, analisa, grita e berra percebendo que não está certo
Mas o que fazer quando o que se é feito há séculos enxerga o humano como objeto?O que nos resta é a poesia e o sonho porque palavra não custa dinheiro e sonhar ainda nos traz alegria
E tira o fôlego
E nos faz ansiarSe me dessem mil palavras mil poemas eu iria criar
Mesmo que os mil poemas fizessem efeito algum
E cada feitiço das minhas rimas pintassem o papel como semente de urucumSe coubessem em mim todos os sonhos do mundo
E se junto a eles estivessem todos os verbos
Que fossem conjugados no gerúndio como versos pra sempre em abertoTodo o medo e rancor que habita os peitos alheios
Cada angústia enclausurada que alimenta nossos anseios
Cada gota de suor e moeda contada nas mãos surradas
Um dia hão de ser algo nem que se algo seja nadaTalvez o nada contenha tudo
Ou o tudo na verdade seja nada
Tanto faz como tanto fez na terra dos sabe-nadaO que importa é o valor da conta e o quanto a conta tem valor
Quantos sonhos serão esmagados não é de relevância pro tal senhorSenhor que no caso é o dinheiro
Dinheiro que no caso explora
Não que eu seja contra dinheiro só não quero ser viver só de esmolaA esmola que eles nos dão por ter destruído quem somos e quem poderíamos ser
É violento quando se para pra pensar e mais ainda quando se pode verUm dia hão de pagar
Com todos os juros
Todas as taxas
Todas as porcentagens
Sem nenhum desconto
Sem nada
Só o bruto
O líquido a gente evapora