Eu sou a terra fértil que vocês roubaram
Os povos nativos que vocês exterminaramEu sou o mar revolto que destrói suas naus
As cordilheiras imponentes e o mar de salEu sou as cores do por do sol caribenho
E o ar pesado do clima tropicalEu sou as mães da praça de maio
E todas as táticas guerrilheirasEu sou os carros antigos de Cuba
E as pirâmides astecas no México
Eu sou o carnaval no Brasil
E o tango na ArgentinaEu sou el niño e la niña
Eu sou a escravidão física, mas não mental
De todas as minha dores, não carrego mais a colonialEu sou os Hernandez e Gonzalez
Os Silvas e SoaresAs feitiçarias porto riquenhas
E as mandingas brasileirasEu sou a cura xamânica
De todas as tempestades eu sou a pior
E de todos os pesadelos colonizadores eu fui o melhorO bastardo rebelde
O prisioneiro revolucionário
Eu sou os indígenas erguendo-se contra os missionáriosEu sou um dos pilares do mundo europeu
E o terror dos vizinhos do norte
Eu sou vida quando sou Sol
Mas quando sou vermelho me chamo morteEu sou as cores dos barracos das favelas
Eu sou todas as paisagens belas
Eu sou o berço da força e persistência
Um dos meus sinônimos é resistênciaEu sou o minuano soprando nos pampas
O entardecer no interior colombiano
Eu sou chica, soy guapa, yo soy americanoEu sou as plantações de café
Eu sou Garrincha, Maradona e PeleYo soy su suerte o muerte
Plata o plomoPosso ser Bolívar ou Escobar
Mas sempre serei mãe a quem escolher me amarEu sou tudo o que te desatina
Eu sou mulher, preta e indígena
Eu sou a América latina