Maggie I

42 2 3
                                    

  Eu ainda estava deitada pensando no que faria esta noite, quando Nathan bate na porta e a abre, recostando-se no batente.
- Minha mãe mandou te chamar, disse que se você não levantar agora, vai se atrasar- ele arquei uma de suas sobrancelhas pra mim- E eu não vou me atrasar por sua causa.
  Nathan não é muito legal, ele é meio convencido, talvez seja porque aonde quer que ele vá as meninas ficam caídas por ele, não as culpo, porque ele é realmente bonito.Seus cabelos negros e olhos incrivelmente verdes em contraste com sua pele branca, com um leve tom dourado, somado ao seu jeito marrento é de arrancar suspiros. Tia Edith as vezes briga com Nathan por ele se vestir de preto a maior parte do tempo e por seu lado 'rebelde'. Há um mês atrás, ela quase teve um infarto quando Nathan chegou em casa com piercing na orelha, boca e sobrancelha; uma semana depois, quase teve outro quando viu por acidente o começo de uma tatuagem de dragão nas costas dele. Agora, parece estar acostumada com a situação. Nathan é um ano mais velho que eu, mas se disser que é mais que isso, dá para acreditar. Deve ser por causa dos piercings e tatuagens ou talvez pelo corpo bem definido em músculos magros, isso​ deve envelhecer a pessoa.
- Já estou indo-respondo.
  Nathan sopra uma mecha de seu cabelo que cai por cima de seu olho e sai fechando a porta atrás de si.
Me levanto, tomo banho e me visto com uma calça jeans escura e uma blusa branca, calço um tênis e prendo o cabelo, quase não uso maquiagem, exceto pelo lápis, delineador e, de vez enquando, batom, mais não muito forte.
  Pego minha mochila que descansava na cadeira de minha escrivaninha e com uma última olhada no espelho, saio do quarto. Desço as escadas e enquanto me aproximo dá cozinha já sou capaz de ouvir a voz de tia Edith falando com Nathan, que estava sentado em uma das cadeiras completamente desinteressado no assunto.
- Bom dia- cumprimento.
- Bom dia- tia Edith diz sorridente- Venha querida, sente-se aqui e enquanto como algo, conversamos, o que acha?
- Se ela fizer isso, vamos nos atrasar- Nathan diz me lançando um olhar significativo.
- Ora, dois minutos não fará tanta diferença- ela abana as mãos no ar.
- Mãe, é sério, temos que ir- Nathan levanta, pegando a mochila do chão.
- Nathan- tia Edith chama em advertência.
  Nathan me olha como se disse-se: ' Por Deus, não aceite'.
- Desculpe tia, temos mesmo que ir- digo desviando meu olhar de Nathan para tia Edith e sorrio- Podemos fazer isso quando chegarmos, ok?
  Tia Edith acena em concordância com um suspiro.
- Pegue uma fruta ao menos, não é bom ir sem comer nada.
  Sorrio, pego uma maçã e dou um beijo estalado em sua bochecha, logo sendo arrastada por Nathan até a porta principal.
- Até mais mãe- Nathan se despede saindo porta à fora.
- Até mais e cuidado crianças.
  Me viro, acenando um 'tchau' com a mão junto a um sorriso para ela. Assim que fecho a porta, me apresso em alcançar Nathan parado na calçada com as mãos no bolso da calça.
- Então...- me pronuncio depois de um tempo em silêncio, olhando para o nada- Não vai pegar seu carro?
- Está no conserto- responde indiferente- Estourei o carburador.
- O quê?- pergunto incrédula.
- Eu disse que...
- Eu sei o que você disse- interrompi exasperada e Nathan revira os olhos- Poderia ter me dito antes, não acha? E o que estamos fazendo parados aqui? Não deveríamos já estarmos andando?
- Lauren vai passar aqui pra me pegar- me olha- Pode vir junto, se quiser.
  Lauren é uma menina que se acha dona do mundo e é pura encrenca, acho que ela é Nathan estão juntos, mais não tenho certeza.
- Não, obrigada- digo sarcástica- Prefiro ir andando.
- Você não vai chegar a tempo- diz desdenhoso.
- Eu não vou com Lauren.
- É só uma carona, porque não?
- Você sabe!
  Eu e Lauren não nos damos muito bem e isso já havia gerado alguns, muitos, encontros nada agradáveis.
  Nathan me encara por alguns segundos e dá de ombros.
- Você que sabe.
  Respiro fundo, ajeitando a mochila nos ombros e começo minha longa caminhada até a escola.

  Chego na escola e consigo entrar na sala no exato momento em que o sinal de atraso soa irritantemente alto, ando o mais silenciosamente possível até meu lugar ao lado de Lynn e me sento. O sr.Stevens, meu professor de história, mexia em alguns papéis em cima de sua mesa e se eu tivesse sorte, ele não...
- Da próxima vez srta.Bannet- diz ainda mexendo em sua papelada- Te encaminho a sala do diretor- ele sobe seu olhar até mim- Entendeu?
"Droga"
- Desculpe- murmuro envergonhada.
  Sr.Stevens volta a olhar seus papéis, seleciona alguns e caminha para frente da turma, iniciando uma série de explicações e escritas.
- O que aconteceu?- Lynn pergunta baixinho, me cutucando com seu cotovelo.
- O carro de Nathan está no conserto- respondo no mesmo tom- Tive que vir andando.
- Mas ele chegou bem antes de você.
- Isso porque ele veio de carona com Lauren.
  Lynn abre a boca para dizer algo, mais é interrompida por Stevens que nos olhava com sua típica feição carrancuda.
- Srtas.- chama nossa atenção- Será que terei que separa-las?
   Lynn murmura desculpas e passamos a prestar atenção, assim que ele retoma suas explicações.

Amor SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora