Maggie II

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   Eu olhava ansiosamente o relógio a cada 5 segundos e Lynn me observava fazer isto já a algum tempo, iria conferir as horas mais uma vez se sua mão não fosse mas rápida tapando minha visão, levanto meu olhar encontrando com o seu irritadiço.
-Você pode parar com isso? Por favor?
-Tudo bem- concordo.
  Ela respira aliviada e retira sua mão devagar, quando percebo que está distante o bastante, não resisto e olho novamente, Lynn bufa irritada e joga sua mochila em cima da mesa, virando-se para mim.
-Então tá, me diz, o que foi?- pergunta depositando toda sua atenção em mim- O que está te deixando tão anciosa?
"E agora? O que eu digo?"
-Hum... Jantar com tia Edith?- digo a primeira coisa que vem em mente.
-Isso foi uma pergunta?- Lynn me olha desconfiada.
-Não- limpo a garganta para parecer firme.
-Sei- Lynn suspira, enquanto eu forço um sorriso-Olha senão quer me contar, tudo bem ok?! Só... Pare com isso.
  Concordo.
  Não esperava que Lynn fosse acreditar e sabia que ela estava magoada por saber que eu estava escondendo alguma coisa dela, nós nunca escondiamos nada uma da outra, mais o que eu poderia fazer? Como dizer a minha melhor amiga que eu estava planejando fazer um pacto naquela noite? Não, isto estava completamente fora de cogitação.
  Alguns minutos depois, o sinal bati. Era hora de ir embora.
-Vai querer carona?- Lynn pergunta já se levantando.
-Ahnn... Não, vou com Nate.
-O carro dele não está no  conserto?
-É, mais- coloco meus materiais na mochila-Vamos a pé mesmo.
  Eu ainda tinha que comprar algumas coisas que faltavam para o pacto e uma carona para casa, me tiraria da rota.
-Ok, então...- ela começa a se afastar-Até amanhã.
  Não gostava de esconder ou mentir para Lynn, mas nesse caso, era preciso. Esperei por mais alguns minutinhos na sala, antes de sair e me deparar com o corredor praticamente vazio.
"Ótimo, Nathan já deve ter ido!". Agradeço mentalmente.
  Do lado de fora, caminho decididamente na direção contrária a da minha casa e então sinto uma mão pesada tocar no meu ombro. Pulo com o susto e um grito agudo sai sem minha permissão.
-Que isso?- Nathan pergunta assustado com minha reação.
-Ah Nathan- Tento controlar minha respiração- Você me assustou.
-Percebi- Nathan acena, cruzando os braços em seguida- Aonde estava indo?
  Engulo em seco.
"Droga"
-Eu... É- Nathan espreme os olhos, "Pensa rápido"- Estava indo compra algumas coisas para um trabalho da escola.
-Trabalho?- pergunta e eu afirmo.
-É, de história- sorrio orgulhosa de mim mesma, por eu ter pensado numa coisa inteligente.
-Hum, legal, vou com você!
-O quê? Não- me atrapalho- Quero dizer, tem certeza?
- Sim, vamos.
  Nathan começa a andar e eu o sigo. "Maravilha, tudo que eu precisava", suspiro pesarosamente.

  Na loja, me dirijo a sessão de velas e pego as que preciso. Nathan olhava para todos os lados com a testa franzida e me encara assim que pego as velas.
- Velas pretas e vermelhas?- pergunta confuso- Cara que espécie de trabalho é esse?
- É sobre bruxaria antiga- murmuro, terminando de pegar o que eu julgava ser o suficiente.
- Esse professor é louco- resmunga- Já terminou?
  Afirmo.
- Ótimo- ele me puxa até o caixa e sinaliza em direção a porta- Pague e vamos dar o fora daqui.
  Nathan parecia incomodado desde que chegamos. Logo que paramos em frente a loja, ele me olhou como se pergunta-se se era o lugar certo e com muito custo consegui fazê-lo entrar comigo, agora parecia ancioso para deixar o ambiente e na verdade, eu também estava, o lugar era , sem dúvidas, no mínimo estranho.
  Assim que paguei, fui arrastada por Nathan para fora dali e fomos para casa. Não falamos nada o caminho todo, mais quando chegamos em frente de casa, segurei Nathan levemente pelo braço, fazendo com que ele parasse e me olha-se interrogativo.
- Não fala nada sobre o trabalho com tia Edith- peço.
  Nathan espreme os olhos, como sempre faz quando está desconfiado de algo.
- Por quê não?
- Ela não vai gostar de eu estar trazendo velas de feitiçaria para casa, vai?- me esforcei para ser convicente- Sendo por causa de trabalho escolar ou não.
  Nathan parece ponderar minha resposta e quanto a isso eu não menti, tia Edith é bem religiosa e não iria gostar mesmo disso.
- Tudo bem- concordo e eu sorrio agradecendo.
- Obrigada.
  Nathan não diz nada, apenas dá de ombros entrando em casa.

  Após o jantar, tia Edith me pede ajuda com a louça, já que Nathan correu para o quarto antes que ela pudesse citá-lo.
  Confiro em meu relógio e ainda são 20hs, daria tempo.
- Tudo bem- sorrio.
  Retiramos a mesa, levando a louça para a cozinha e guardando ou jogando fora o que havia sobrado, logo após tia Edith começou a lavar a louça, enquanto eu as secava e as empoleirava em seus respectivos lugares.
- Me ajude aqui, querida- tia Edith me oferece uma das pontas da toalha bordada enquanto segurava a outra, olho novamente o relógio "20:45hs"- Esperando alguém?
- Hum, não- respondo ajudando-a a ajeitar o pano bordado sobre a mesa.
- Não?- tia Edith me dá um sorriso esperto- Parece anciosa.
- Não é nada, só estou cansada.
  Ela me olha com carinho, suspirando em seguida.
- Nathan me contou o que houve hoje- comentou.
- Sobre o que?- desvio meu olhar para a mesa.
- Sobre aquela menina, como é mesmo o nome dela?- procura na memória- Lauren, isso! Sobre essa Lauren  ter implicado com você de novo, como você está?
- Estou bem, eu não ligo para isso- tento a tranquilizar.
- Tem certeza? Não quer conversar sobre isso?- tia Edith afaga minha mão carinhosamente e eu nego- Tudo bem, se mudar de idéia, estarei aqui tudo bem?- Assinto, ela sorri e me puxa para um abraço.
  Os abraços de tia Edith sempre foram incríveis, tão acolhedores que sempre me faziam sentir melhor não importava o que, sempre me acalmavam.
- Tudo bem, agora vá descansar- ela me afasta e deixa um beijo terno em minha testa- Boa noite, querida.
  Me despeço de tia Edith e me afasto.
- Maggie- ela chama quando alcanço a porta e eu me viro para olha-lá- Cuidado com suas escolhas, são elas que determinam nosso futuro, tudo na vida tem uma consequência, por isso pense e repense e pense de novo se necessário, porque depende só de nós mesmos saber se nossos resultados serão bons ou ruins no final.
  Meu corpo parecia petrificado no lugar, "Porque ela estava falando isso para mim? Será que descobrirá algo?"
- Eu não sei o porquê de está te falando isso, mas...- tia Edith dá um sorriso confuso com um leve balançar de cabeça e me olha- Bem, boa noite querida.
  Forço meu corpo a ter alguma reação e lhe ofereço um sorriso fingido, é tudo o que consigo fazer.
  Tomando de volta meu caminho, vou para o meu quarto. As palavras de tia Edith ficavam se repetindo em minha mente como um disco arranhado e eu não conseguia fazer parar. Entro em meu quarto fechando a porta atrás de mim, logo me encostando nela, fecho os olhos para conter a tontura e respiro fundo.
"O que foi aquilo? Um aviso, talvez?"
  De repente, não estava mas com tanta certeza do que queria, estava com medo, algo dentro de mim gritava para eu desistir e eu estava realmente tentada a isso, tia Edith conseguiu mexer comigo.
  Sinto um arrepio e tudo o que sinto depois disso é sono. Dou passos vacilantes em direção a cama e a cada passo tenho que forçar meus olhos a continuarem abertos, não me lembrava de estar tão cansada, mais agora eu só quero me deitar e...

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