Missão Cumprida

No silêncio da noite

Já são 20h, e a hora do jantar é daqui a pouco.
Então eu desço e a Camila está na cozinha, ainda preparando a comida. Ofereço ajuda e ela pede pra eu picar os tomates. Obedeço, enquanto ela me faz algumas perguntas sobre minha família.

- Vocês costumavam fazer as refeições juntos?

- Sim. Eu sempre ajudava minha mãe.

Ainda estamos conversando quando Samuel chega.

- Boa noite Samuel - digo tentando ser o mais educada possível.

- Boa noite Serena - ele diz sorrindo - e, por favor me chame de pai.

- Então, boa noite pai - falo tentado ser engraçada e arranco algumas risadas

Quando termimamos Samuel nos ajuda a por a mesa junto com Arthur enquanto Alice continua a brincar. Quando terminamos, pego Alice no colo e a coloco em sua cadeirinha com cuidado. Todos se servem e comem enquanto jogamos conversa a fora.

São 22h quando termino de comer e peço para me retirar. Subo e tomo um banho quente antes de ir para o quarto. Sento na cama e começo a pensar na minha missão.

São quase 00h quando tenho certeza de que todos já foram dormir. E é agora que começo tudo de verdade. Procuro no guarda roupas o papel com o ponto de encontro que eu tinha combinado com os outros meio anjos. Acho o papel amassado e o leio. Precisávamos de um lugar isolado para poder-mos treinar sem sermos vistos, por isso escolhemos um depósito abandonado. Depois de procurar o lugar na internet, desço sendo o mais cuidadosa possível para não acordar ninguém. Abro a porta da sala e saio em silêncio. Pego meu celular e chamo um táxi, que chega rápido. Quando entro no táxi dou um endereço próximo, o velho motorista pergunta se tenho certeza que esse era o lugar.

- Foi o que me passaram... - falo, e em seguida sorrio tentando parecer educada para não levantar suspeitas.

- Tudo bem então. - Ele diz parecendo um pouco desconfiado.

Passamos o resto da curta viagem em silêncio e quando chegamos trocamos poucas palavras:

- Bom... Este é o lugar - ele diz é espera uma reação minha.

- Tudo bem, quanto deu? - falo tentando não parecer fria.

- Deu 37 reais. - Ele fala ainda parecendo um pouco assustado.

Entrego o dinheiro para ele, agradeço e desço do carro. A rua estava escura e silênciosa. Não havia mais ninguém além de mim.Espero o taxi se afastar um pouco, até que tenha certeza de que não consegue mais me ver.
Pego o papel no bolso e checo novamente o endereço. Eu poderia tentar ir andado até lá, mas não lembro o caminho. Então decido que pode ser melhor se eu for voando. Olho ao redor para ter certeza que estou sozinha e, como não vejo ninguém, decido mostrar as asas. Minhas asas não são muito grandes ainda, mas conseguem me aguentar. Vôo cerca de um metro para pegar o jeito de novo e depois de alguns segundos começo a subir mais. Quando chego a uma altura em que consigo ter uma boa visão do pacato local, com os olhos semicerrados procuro algum movimento, avisto uma luz me aproximo para ter certeza que são eles. Chego rápido no local, mas se me virem usando as asas, com certeza serei punida. Então paro na esquina, desço e vou andando até lá. Quando chego, toco a campainha e sou atendida por um meio anjo chamado Alexander, que é um amigo de muito tempo. Ele sempre foi mais baixo que eu, tinha cabelos e olhos pretos, usava óculos e roupas um pouco largas. Ele me atendeu com um sorriso de orelha a orelha.

- Que bom que está aqui. Não sabia que tinha vindo para São Paulo Também. - Fala ele ainda sorrindo.

- Alex! - Falo e dou um abraço apertado nele.

Entramos conversando sobre o novo irmão de Alex, David.

- Ele é alto e tem os cabelos coloridos. - dizia ele enquanto eu olhava ao redor. - Ontem ele disse que tínhamos que ir ao...

Ele continou falando, mas eu já não estava mais prestando atenção. Estava muito ocupada olhando para todos aqueles anjos e meio anjos treinando seus poderes.

- DÁ PRA ACREDITAR? - ele gritou voltando minha atenção pra ele.

- Nossa mas não dá mesmo... - disse sorrindo e tentando parecer interessada.

Ele ri, e continua falando algo sobre tortas de maçã.

- ALEX! - eu falo dando um pequeno susto nele - desculpa, só estou muito animada. - rio

- Tudo bem, calma - Ele diz rindo

- Olha aquela menina ali. - digo apontando para Sthefany, uma meio anjo mais velha com uma aparência seria com cabelos compridos e enrolados presos num rabo de cavalo - Você conhece ela?

- Eu deveria? - pergunta Alex, parecendo um pouco envergonhado.

- Dizem que ela é uma das 9. - digo de uma forma que só ele consegue ouvir

- Uma das 9? - ele pergunta ainda sem entender.

- Como você não conhece os 9? - digo um pouco indignada. - Dizem que 9 meio anjos foram marcados pelo mal, o que os força a ficar sendo meio anjos para o resto de suas vidas. - Explico.

- Ah sim! Já ouvi essa história, mas achava que era uma lenda... - ele diz, parecendo um pouco surpreso.

Ficamos encarando ela por algum tempo procurando alguma marca como uma tatuagem ou algo do tipo. Até que ouvimos uma voz que chama nossa atenção:

- Bem vindos ao treimamento,meio anjos. - a voz vinha de um anjo de meia idade, cabelos pardos e olhos cor de mel que estava em pé num tipo de púlpito.