Aquele era mais um dia no hospital. Três semanas depois do "acidente", para ser mais exato. Haru e Larissa passam o dia e a noite comigo, já que só voltei para casa algumas vezes, somente para tomar banho e me manter limpo. Esse era o mínimo. Seungcheol e Hoshi também passaram a ficar mais tempo aqui e além da preocupação com a demora da recuperação de Yun, os dois têm se mostrado bastante interessados nas garotas. Pode se dizer que isso tem nos dado alguns momentos de descontração mas é só.
Houve uma confusão sobre o fato de quererem internar Yun numa clínica de reabilitação. Os médicos realmente acreditam que ela tentou suicídio, mas depois que mostramos as provas - nossa última conversa por telefone - eles pareceram convencidos.
...
- Yun não é esse tipo de pessoa.- Haru dizia, agora mais calma.- Ela é forte, não descontaria nenhum problema em sua propria vida.
- Ela estava deprimida, não tinha como não perceber.- seu pai rebateu e nós (eu, Seungcheol, Hoshi e Larissa) ficamos calados, apenas observando o rumo daquilo.
Por que é tão difícil de convencer esses caras? Será possível que as pessoas não conseguem enxergar a verdade que está mais do que clara?
- Você não tem moral nenhuma pra falar qualquer coisa, Lui.- Larissa finalmente se pronunciou. A força era visível em suas palavras, óbvio que passar por algo assim e ainda ter que enfrentar esse tipo de problema familiar não era fácil.- Estivemos longe por muito tempo e mesmo assim tivemos mais preocupação e cuidado com a Yun do que você teve depois que a mamãe morreu.
- Se tem alguém que ficou do lado dela o tempo inteiro foi esse..... pigmeu adorável aqui.- e foi quando Haru me introduziu na conversa que eu acordei.
Ela me chamou mesmo de pigmeu?
Os garotos estão mesmo rindo da minha cara agora?
- Olha aqui, eu tenho 1,64....- me defendi.- Sou maior que você.
- Baixinho do mesmo jeito.- deu de ombros e continuou.- O fato é que o Woozi foi o único que não saiu do lado dela nem por um segundo, ele é muito mais presente que esse daí.- ela fez um breve aceno com a cabeça, indicando o pai que rolava os olhos a cada palavra dita.- Lui não faz o papel que deveria fazer.
- Tudo bem, nós entendemos o que quer dizer.- o conselheiro tutelar era o único naquela sala que se mostrava interessado em ajudar.- O único problema é que não podemos ajudar se não tivermos algo concreto sobre o que realmente aconteceu. Sem provas ela vai acabar sendo internada.
- Eu tenho algo. Na noite do acidente, eu liguei pra ela. Yun disse que tinha acabado de estudar e estava indo dormir, por isso desceu para tomar os remédios. Acontece que ela não ligou as luzes e confundiu a medicação com a do pai, que é bem mais forte.- expliquei, lhes entregando o celular com a gravação.
- Depois que ela desmaiou o Woozi me ligou e nós corremos até a casa. A ambulância veio e ele foi junto, mas eu fiquei e encontrei algumas latinhas de energético no quarto dela.... junto aos livros da escola.- Seungcheol explicou.- Provavelmente isso causou a overdose, mas.... ela nunca faria nada contra a própria vida.
- Ele tem razão.- Hoshi concordou.- Além do mais, agora já tem sua prova. E são cinco contra um.
- Nós precisamos avaliar o caso por um tempo.- um dos médicos se pronunciou.- Alguém tem mais alguma coisa á dizer?
- Eu tenho.- Haru levantou o braço, então toda a atenção foi voltada á ela.- Lui não tem condições de cuidar da Yun. Larissa e eu conversamos, e como ela já tem dezoito anos e mantém um emprego fixo, acho justo que ela deve ficar sobre nossos cuidados.