We're Gonna Die Young

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Bryan P.O.V

Domingo

Levantei cedo, tomei um banho e coloquei qualquer roupa, não consegui dormir nada aquela noite, fui checar se Miguel estava acordado e aproveitei para falar que tinha que sair para resolver certas coisas, ele não se importou tanto, então fui até o local do encontro. Uma praça, estava pouco movimentada por conta do horário, me sentei em um dos bancos e esperei. Não demorou muito, uma pessoa senta ao meu lado.

- Oi.- A pessoa diz sem me olhar.

- Oi Amélia.- Suspiro me ajeitando no banco.

- Por que me chamou aqui?

- Aquele menino da festa... Quem é ele?- A olho.

- É o Scott, ele era o melhor amigo do Cook.

- Ele me deu um soco!- Suspiro.

- Você matou o melhor amigo dele.- A olhei nervoso.

- Era melhor ter deixado ele te matar?- Reviro os olhos.- Ele disse que ia ME matar.- Digo em ênfase.

- Ele não faria isso.- Ela diz sem muita certeza.- Ele não tem coragem. Bom, se for só isso eu preciso ir.- Ela se levanta, passa por mim colocando sua mão no meu ombro e some entre algumas árvores do Parque. Fico pensando por algum tempo, quando decido ir para a casa. Encontro Miguel chorando no sofá e vou até ele preocupado.

- Oque houve, Mi?- Sento ao seu lado.

- Não aconteceu nada.- Vejo ele limpando algumas lágrimas.

- Se não tivesse acontecido nada você não estaria chorando. Ei! Sou seu melhor amigo, pode contar comigo.- Tento dar um sorriso amistoso.

- E eu sou oque para você? Sou seu melhor amigo também? Se sou porque não me conta nada do que acontece com você? Não me peça para lhe contar sobre os meus problemas se você não compartilha os seus comigo.- Engulo a seco. Sério que isso ta acontecendo?

- É por isso que está chorando?

- Não te interessa, Bryan.- Ele se levanta com raiva e vai até seu quarto, batendo a porta. Eu queria contar oque estava acontecendo, mas também queria esquecer aquilo. Fui para meu quarto mas não consegui dormir, passei a noite em claro pensando e repensando naquele maldito dia.

Segunda

Estava acabado, levantei muito mais cedo do que deveria, só precisava sair de lá, tomei um banho. Estava frio então coloquei uma jaqueta preta e saí. Não esperei por Miguel, fui para o Colégio que estava vazio, por quê não era o horário de abrir-ló ainda, me encostei em umas das árvores esperando ele abrir. Apenas queria ficar sozinho com os meus pensamentos, tinha vezes que eles me matavam, mas, naquele momento, o melhor era isso.

Se passam algumas horas e finalmente o horário do colégio abrir chega, e as pessoas começam a aparecer, vejo Miguel e concordo que é hora de contar a ele oque estava acontecendo quando chegasse em casa.

***********

Miguel P.O.V

- Bryan! Oque foi que você fez!?- Começo a chorar apavorado.

- Eu tive problemas com drogas alguns dias antes.- Ele soluçava.- E quase matei um cara em uma boate. Eu estava um porre, meus pais estavam botando muita pressão sobre mim.- Ele chora igual um bebê, então eu o abraço forte, ele coloca seu queixo em meu ombro e me aperta contra seu corpo. Ele me abraça como se a única coisa que ele precisasse fosse aquele abraço, o som dos seus soluços vão aumentando. Choro junto a ele.

- Calma, Bryan. Eu to aqui. Eu to aqui. Eu vou sempre estar.- Deposito carinhos em suas costas e cabelo, tentando o acalma. Deito ele no sofá colocando sua cabeça em minha coxa e observo enquanto ele vai dormindo aos poucos. Suspiro quando ele finalmente dorme, estava muito cansado por aquele dia maluco, e durmo ali mesmo.

Ao acordar vejo que horas são: 5:38. Bryan ainda estava dormindo, não sabia se o acordava para ir ao colégio ou deixava ele dormir, preferi deixá-lo dormir mais um pouco, tiro sua cabeça da minha coxa com cuidado e subo para tomar banho, visto qualquer roupa e desço para acordar Bryan.

- Bryan. É hora de acordar!- O balanço um pouco. Ele abre os olhos com cuidado.

- Que horas são?- Ele se senta com dificuldade.

- São: 6:16 agora. Vá tomar seu banho que hoje eu faço o café.- Dou um sorriso amistoso, depois vou até a cozinha preparar o nosso café. Ele havia subido e alguns minutos depois ele já estava pronto, tomamos nosso café e fomos para a escola.

Na entrada do colégio vejo Amy, Fred e Sam. Fred me vê e acena me chamando, olho para Bryan, esperando que me dissesse que estava tudo bem eu ir.

- Pode ir, Mi.- Ele solta uma risada.- Mas olha, acho melhor não falar sobre aquele negócio com a Amélia, ok?- Bryan me olha serio, apenas assenti com a cabeça e vou em direção a eles. Não estava com vergonha de ficar perto de Amy depois daquele dia, afinal, ela não me viu chorar a noite inteira, apenas fingi que nada aconteceu.

Nossa professora de Filosofia havia faltado e tivemos que ir para o ginásio ficar lá com outra turma, que por coincidência era a turma da Amy, Sam e Fred.

- Eae novato!- Sam senta ao meu lado no chão e encosta na parede.- A gente vai no prédio, quer ir com a gente?

- Vão fazer oque?- Pergunto.

- Sei lá.- Ela da um sorriso.- Beber, fumar, conversar. Vai querer ir?

- Pode ser.- Digo me levantando. Seria o mesmo esquema de antes quando fugi com Amy, primeiro foi Sam, depois eu e em seguida Amy e Fred, corremos feito loucos na rua em direção ao prédio. Amy se senta rapidamente em uma das cadeiras e pega um maço de cigarros, ela estende a mão me oferecendo, não penso muito e pego.

Nunca havia fumado cigarro antes, o motivo de eu ter pego é por que queria. Não quero mais me prender a palavras como "Você não pode" e "Você não consegue" eu posso sim e vou. Somos jovens. Somos invencíveis. Me arrepender de coisas que eu nunca fiz é muito pior. Então vamos viver como se fossemos morrer jovens.

Um Passo Do AbismoOnde histórias criam vida. Descubra agora