Be Extraordinary

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     Quarta

Amy havia me ligado — finalmente havia passado meu número a ela — pedindo que fosse com ela escolher um carro, pois não teríamos aula aquele dia, por conta de estar acontecendo uma reunião de professores. Fui até o prédio que seria nosso local de encontro e lá estava ela, fomos até uma venda de carros que, diz Amélia, que lá era um cemitério de carros de verdade, logo que chegamos percebi de qual tipo de carro ela gostava, pois só havia carros antigos.

- Nossa esses carros deveriam estar em um museu de tão velhos.- Dou risada da própria piada e olho para Amélia que estava séria.

- Continuam lindos.- Ela fala convencida. Sorrio.

- Então, que carro você está procurando?- Dou uma de vendedor.

- Bom, eu sou apaixonada por KOMBIS, mas aqui não deve ter, pois não sou a única. Então não sei.- Rio pela sua indecisão.- Quero algo que me lembre.- Ela pensa um pouco.- Aventura.- Amy morde os lábios e me olha.

- Compra um carrinho da Hot Wheels.- Zombo. Nos olhamos e rimos. Amy de repente fica parada em frente a uma picape da Ford. — apenas sei que era da Ford por que estava escrito isso bem na frente da picape — Ela me olha, e seus olhos brilham, eu não estava entendo o por que da sua empolgação.

- Por que essa belezura está aqui? Como ninguém a comprou ainda?- Ela exclama indignada.

- Mas oque tem de tão especial nessa picape?- Pergunto confuso.

- É uma F-100, PRETA!- Ela quase grita.- Esse carro foi feito para mim.- Seu sorriso vai de orelha a orelha. E eu ainda não conseguia entender por que dela estar tão feliz. Era tão óbvio assim?

- É ele é bonitinho.- Falei sem muita animação.

- Ele é maravilhoso!- Amy rebate.- Vai ser esse mesmo.- Amy vai até o vendedor e conversa com ele como se fossem conhecidos a muito tempo. O jeito como ela colocava sua mão na cintura indignada era muito engraçado. Depois de algum tempo — tendo uma ótima conversa com o vendedor aliás — ela volta com a chave balançando-a para mim.

- Já pagou?- Perguntei.

- Não. Roubei a chave.- Debocha da minha pergunta com um pouco de sarcasmo.- Vamos andar nessa maravilha.- Amy ansiosa assume o volante, me sento ao seu lado, ela liga o carro e da partida.

- Aonde estamos indo?

- Eu sei lá.

- Você é uma pessoa muito decidida da vida, não é mesmo?- Zombo rindo.

- Você não faz idéia.- Ela sorri.

- Você parece feliz hoje.- Seu sorriso some.

- Como assim? Eu não parecia feliz antes?- Diz sem me olhar.

- Não é isso. Eu quero dizer que você...- Ela me interrompe.

- Tudo bem, eu entendi.- Amy da um sorrisinho.- E você parece mais solto hoje.- Sorrio para ela e ela para mim.

Passei todo o meu dia andando de picape com Amy, até que a gasolina acabou e tivemos que o empurrar até o posto de gasolina mais próximo, tirando isso, o dia foi ótimo. Passar o meu tempo, não só com a Amy, mas com o Fred e Sam, estava me ajudando a esquecer a timidez e curtir mais o momento, adorava estar com eles.

No mesmo dia, Amy me liga novamente, dizendo que sua mãe iria sair da cidade por alguns dias e ela iria fazer uma festa e queria que eu fosse, aceitei seu convite, mas ela teria que vir me buscar por que não fazia idéia da onde ela morava. Bryan não queria ir, ficou o dia todo concentrado em um trabalho de física, lamentei por ele por alguns segundos. Logo subo para me aprontar, tomo um banho e coloco uma blusa do "NIRVANA",um moletom xadrez vermelho e preto, visto minha calça preta e calço meus all star preto. Em seguida, ouço buzinas e pessoas gritarem: "MIGUEL SAÍ PRA GENTE BRINCAR!", dou risada ao ouvir. Desço as escadas gritando que já estava indo, ao abrir a porta vejo Amy no volante, Sam e Fred na traseira da picape. Não fazia muito sentidos eles estarem lá, havia dois acentos disponíveis na frente.

- Oque estão fazendo aí atrás?- Disse entrando no carro.

- Sam está se sentindo pequena hoje, então ela quis vir aqui atrás para se sentir um pouco maior.- Fred debochou se agachando para falar comigo.

- Não zombe da minha altura Fred, você é só alguns milímetros maior que eu.- Sam também se agachou convencida, se segurando em uma barra de ferro da picape. Amy da partida, vamos até a parte rica da cidade, havia casas que pareciam mansões. Paramos em frente à uma casa muito bonita, com o gramado bem cortado e verdinho.

- Chegamos!- Amy anunciou saindo do carro. Desço do carro admirado pela sua casa, a frente era linda e dentro ainda mais lindo, os móveis todos organizados e limpos, tudo combinava com tudo. Não demorou muito para os convidados forem chegando, logo a casa estava cheia.

- Oi.- Me sento ao lado de Amy que estava sozinha com um copo de bebida na mão.

- Oi.- Ela sorri para mim.

- Sua casa é muito bonita.- Dei um gole na minha bebida.

- Ah, obrigada. Minha mãe iria me matar se estivesse aqui.- Rimos e ela me olha.- E os seus pais, Miguel?- A olho.

- Bem, meus pais são separados, eu vivia com o meu pai. Faz tempo que não vejo minha mãe e nem falo com ela.- Olho para o chão.- E os seus?

- Eu vivo com a minha mãe, meu pai abandonou a gente quando eu era pequena.- Sua voz soava um pouco triste.

- Parece que temos algo em comum.- Sorrio.

- Tomara que não seja apenas isso que temos em comum.- Ela encara minha íris. Meu coração quase para. Apenas sorrio.- Ta gostando da festa?- Ela quebra o silêncio.

- Sim. Bom, eu não conheço 99% das pessoas aqui, mas to bem com o 1% que conheço.- Rimos.

- Miguel, você já fumou maconha?- Ela muda de assunto completamente.

- Nunca.- Respondo.

- E não tem vontade?- Ela me pergunta. Dou de ombros. A mesma me olha pensativa por alguns segundos.- Quer fumar agora?

- Pode ser.- Ela sobe as escadas e a sigo. Ela se senta em sua cama pegando a maconha já preparada. Ela acende e me entrega. Trago um pouco e seguro a fumaça, soltando em seguida. Fiz isso mais algumas vezes, enquanto Amy me olhava curiosa.

- Eae, como ta se sentindo?

- Eu sinto que se eu levantar meus órgãos vão se encher de ar e eu vou sair voando.- Amy gargalha. Me sentia tonto por ter dito aquilo, mas simplesmente saiu.

- Você ta ótimo. Vamos pra baixo.- Ela segura minha mão e me guia até a sala.

Estava com um pouco de tontura e vários pensamentos ruins vinham como ondas em minha cabeça. "Você usou maconha." , "Seu pai teria vergonha de você se estivesse aqui" , " "Você é fraco, você vai arruinar sua vida". Estava começando a me arrepender de ter usado, por quê eu faria isso? Qual o meu problema?

- E se eu me arrepender depois, Amy? Você nunca se arrependeu?- Começo a surtar.

- Miguel, se acalma.- Ria.- Nós não temos tempo pra se arrepender. Só relaxa, ok?- Assenti com a cabeça respirando fundo. Aquilo era o Proerd falando.

Todos naquela altura já estávam bêbados, quando alguém teve a brilhante idéia de começar uma "Guerra de Comida", já que estávamos ali mesmo, porque não? Ficamos cobertos por uma mistura de vários tipos de comida, farinha, macarrão, tomate, leite, entre outros. Nunca me senti tão vivo e feliz por jogar comida em um estranho. A brincadeira só acabou quando já estavamos sem forças e caímos de sono em qualquer canto. É incrível como estou tendo dias ótimos e fazendo coisas que nunca pensei em fazer e aprendendo com elas, deveriam ser assim todos os dias da minha vida. Qual a graça de estarmos vivos se não podemos fazer algo extraordinário?

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⏰ Última atualização: Feb 22, 2017 ⏰

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